Uma
das festas mais tradicionais e populares em todos os rincões de nosso país e que
remonta o período colonial era marcada pelo glamour das fantasias, marchinhas e
desfiles teve seu período nostálgico na 1ª metade do século XX em Guarará. O
carnaval unia as pessoas de todos os níveis sociais nos dias de folia e
transformava a cidade numa grande e única família em prol das festividades
carnavalescas que eram muito disciplinadas e organizadas.
O
carnaval guararense era tradicional na região e bem visto na capital federal de
onde vinham inúmeras pessoas que tinham laços familiares com a cidade, além de
muitos turistas. Os dias de folia criavam um clima de euforia e entusiasmo
pelas ruas e praças da cidade envolvendo crianças e adultos. Neste período a
cidade parecia estar em transe se desligando dos problemas cotidianos.
A
preparação para o carnaval começava no inicio ou no final do mês de janeiro
dependendo do período de ocorrência da festa popular. O jornal O Guarará
noticiava em suas páginas o começo das reuniões visando o planejamento e
organização da folia carnavalesca. A eleição para a rainha do carnaval era
bastante disputada entre as moças da cidade. A votação ocorria por envelopes a
serem depositados em locais pré-definidos pela comissão organizadora. O
resultado era divulgado no Jornal O Guarará. A Prefeitura Municipal, diversas
pessoas e comerciantes ajudavam os organizadores dos blocos e dos bailes
carnavalescos quanto captação de recursos para as despesas do evento.
No
passado o ápice dos carnavais eram os desfiles de blocos e os bailes em salões
e casas de famílias. Todos eles eram regados ao som de marchinhas tocadas por
uma Banda de Música (Banda da Fazenda do Desengano na década de 1920, Lira
Espírito-santense ou 10 de Novembro nas décadas seguintes) ou por grupo de
pessoas que se reuniam para a finalidade carnavalesca. Havia concentrações
públicas da folia na Praça do Divino e na Praça Cel. Afonso Leite. Geralmente
as bandinhas percorriam o trecho entre as duas praças agitando os moradores e
levando consigo vários foliões. As ruas eram de terra e o sacode da poeira não
desanimava os participantes mesmo com chuva ou outros imprevistos temporais.
Havia
intensa participação de blocos de Bicas e Maripá nos dias de desfiles pelas
ruas e praças. Eles se revezavam com os grupos locais na condução da folia
sempre acompanhados de autoridades destes lugares. O destaque ficava por conta
da participação animada do Sport Clube Biquense com grande comitiva que o
acompanhava nas apresentações em Guarará.
Os
blocos carnavalescos locais mais antigos e tradicionais que despertavam as
atenções eram a Embaixada do Prazer e a Vila Radiante nas décadas de 1930 e
1940. A data de criação de ambos permanece desconhecida. O Bloco mais antigo
que temos notícias é o das Borboletas que desfilou em 1922. Na sequência temos
o Bloco Infantil Estrela Dalva, Última Hora, Violetas, Caninha Verde, União da
Elite, A Tentação e Ou Vai ou Racha que também animavam os dias de carnaval em
Guarará com muito requinte e carisma. Neste período pode ter existido algum
bloco que não tenha sido manchete nas páginas do Jornal O Guarará, ou que tenha
desfilado de modo independente nos carnavais no período pesquisado.
Certamente
que os carnavais antigos de Guarará deixaram sua marca na vida e na história de
nossa cidade. Ainda hoje as pessoas mais antigas lembram com nostalgia dos dias
de folia que contagiavam todos os cantões da cidade numa demonstração de
alegria e entusiasmo. Muitas histórias transmitidas de geração em geração
mantém acesa as recordações da beleza e do glamour de nossos carnavais de
outrora que aos poucos foi perdendo seu brilho. Esperamos
com esta publicação resgatar um pouco do glamour de nosso carnaval e obter novas
imagens da folia no período pesquisado.
Abaixo apresentamos algumas fotos e reportagens sobre o carnaval nas terras guararenses nas décadas de 1920 a 1940.
Foliões em cima de um carro em 1934 na Praça do Divino. Ao fundo temos o Bar Modesto, onde hoje é a prefeitura. Na foto é possível notar a inscrição Embaixada do Prazer.
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