A
nostálgica linha de bondes movida por tração animal, que ligou as localidades
de Guarará a Bicas entre 1899 até 1923 foi à sucessora da extinta Estrada de
Ferro Guararense, que paralisou suas atividades em 1897. Esta foi à alternativa
encontrada pelas autoridades municipais na ocasião para reaproveitar parte da
infraestrutura existente e amenizar os custos com um novo meio de transporte
eficiente e de baixo custo entre os dois locais naqueles tempos.
Os
primeiros testes com o bonde de tração animal ocorreram no final de 1898 e
foram conduzidos pela Câmara Municipal, com boa aceitação de acordo com
publicações de periódicos da época, como a Gazeta de Guarará. Os bons
resultados deram fôlego à ideia da instalação da linha de bondes pouco tempo
depois. A via recebeu algumas modificações para adaptar os trilhos e a
estrutura de tráfego anterior para receber os bondes. A inauguração realizou-se
em 15/01/1899 com o 1º bonde saindo da Praça do Divino em direção a Estação de
Bicas as 12:00 h.
A
Câmara Municipal promoveu uma licitação que daria o direito de exploração do
trecho para quem oferecesse o maior lance pela prestação dos serviços de bonde.
O vencedor do primeiro contrato de exploração dos serviços da linha de bonde
foi o Sr. Pascoal Lamoglia, que possuía uma oficina de caldeiraria e permaneceu
por alguns anos a frente da função vencendo diversos certames públicos para a continuação
da exploração da linha. Seu 1º contrato de cessão foi oficializado em
30/09/1898 através da Lei nº 05 com a chancela do Agente Executivo Cel. Álvaro
Fernandes Dias. O curioso é que este contrato foi firmado antes do início dos
testes de funcionalidade da linha.
A
partir de 1904 outros cidadãos assumem a concessão da linha de bondes, dentre
os quais destacamos: Antônio José da Costa Júnior, Manoel Portes da Silva e José
Donato. A manutenção dos bondes e trilhos ficava a cargo da Câmara Municipal na
maioria dos editais. Já a conservação dos bondes era por parte do vencedor da
licitação, embora nem todos respeitassem essa questão.
A
Resolução n° 207 de 18/05/1922 abriu caminho para os estudos de remodelação da
Ferro Carril Guararense o que levaria ao fim do tráfego de bondes. A adaptação
do seu leito para o trânsito de automóveis e congêneres seria concedida por
hasta pública por um período não inferior a 10 anos e nem superior a 20 anos
conforme acertado na comissão de Legislação e Redação da Câmara Municipal da
Vila do Espírito Santo do Guarará.
O
último contrato de concessão da Ferro Carril Guararense foi firmado nos termos
do Edital de 28 de Setembro do ano corrente, sendo a proposta única feita em
25/11/1922 por Pedro Orlando. O responsável pela administração dos serviços de
bondes anteriormente era o sr. Domingos Orlando desde 1917. Pouco tempo depois
no segundo semestre de 1923, o tráfego da linha de bondes era oficialmente
extinto pelo Agente Executivo Cap. José Vieira Camões. A intenção era para dar
espaço à implantação de uma linha de ônibus ligando a Vila do Guarará a de
Bicas a partir de 1924.
A linha de bondes se tornou defasada devido a vários fatores como a expansão e acessibilidade aos veículos automotores que passavam a circular em maior número na nossa região. Outro motivo foi à abertura de novas estradas de rodagem que visavam interligar e facilitar o tráfego de veículos automotores entre cidades e distritos em detrimento aos meios de transporte considerados menos ágeis.
A ligação permanente entre os vários pontos de estradas abertos a partir de 1912 que existiam isolados entre Leopoldina e Juiz de Fora, no decorrer da década de 1920 foi mais um impulso ao crescente transporte rodoviário. Décadas depois a expansão da mobilidade rodoviária extinguiria os poucos trechos nostálgicos de ferrovia que existiam ativos na região.
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