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segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Escadaria do Cemitério

Sua construção ocorreu no mandato do Prefeito Mário Ferreira da Fonseca em 1957, sendo inaugurado oficialmente em janeiro de 1958, juntamente com a remodelação da Praça Raul Soares que, recebeu a construção de um mirante e calçamento de paralelepípedos no entorno para facilitar o acesso ao Cemitério Municipal. Na época das fortes chuvas formavam-se enormes valas em toda extensão da atual escadaria que era de terra batida e assim, inviabilizava o trânsito de pessoas e animais.

O pedreiro contratado pela Prefeitura Municipal para a construção da escadaria e do mirante em frente à Capela de São Sebastião foi o Sr. Antônio Massucato. Mesmo se tratando de uma obra mais recente não foram encontradas fotografias e outros registros visuais que contemplassem o andamento e a inauguração da obra.

De acordo com os Sr Alpheu José Machado, que foi prefeito de Guarará entre 1993-1996, a planta da escadaria foi projetada pelo engenheiro Gumercindo Barroso Machado. Possui 127 (cento e vinte e sete) degraus e 07 (sete) pavimentos (vãos sem degraus) totalizando 87,50 metros de extensão.

Quase no meio da escadaria, temos o imóvel sede da Banda de Música Guarará. Acima temos um vão aberto por onde passa uma rua que dá acesso ao Instituto Dona Selva e a uma das entradas do Estádio Municipal Prefeito Antero Rocha. O entorno é caracterizado por poucas edificações, sendo uma região de morros.

No final da escadaria temos um mirante onde se pode avistar toda área central da cidade e as montanhas que recortam a paisagem geográfica do centro de Guarará. Neste local temos a imponente capela em honra a São Sebastião cuja obra foi concluída em 1889 e aos fundos e na lateral dessa está localizado o Cemitério Municipal de Guarará que recebe sepultamentos desde os primórdios do surgimento de nossa cidade a partir de 1828.


A Escadaria retratada na obra do artista guararense Fernando Cazarim.

A Escadaria ao fundo a partir da Rua Capitão Gervásio em 1983.







segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Capela Nª Sª do Rosário

  

Assim como a Capela de São Sebastião, o templo dedicado a Nª Sª do Rosário foi construído no final da década de 1880 no alto de um morro quase inacessível naqueles tempos. No entorno só havia uma vegetação rasteira e algumas árvores. O local era desprovido de moradias. As poucas casas existentes estavam localizadas ao pé da colina e na margem da rua que se estendia a partir da Praça do Divino sentido ao arraial de São José de Bicas, aonde veio a passar os trilhos da Estrada de Ferro Guararense e depois a linha de bondes.

Uma semelhança muito rara que chama atenção é que parte das obras da Capela de Nª Sª do Rosário, assim como a de São Sebastião, ter sido beneficiada com recursos públicos vindos do governo provincial de Minas Gerais através da Lei n° 3490 de 04/12/1887. Na ocasião ainda não havia a separação entre Igreja e Estado no Brasil, algo que veio a ocorrer a partir de 07/01/1890 através do Decreto n° 119-A.

Num passado remoto chegou a ser conhecida como Capela de Nª Sª do Rosário dos Pretos. Segundo a tradição na sua construção atuaram negros libertos, seus descendentes e escravos que viviam no Distrito do Espírito Santo e arredor. Relatos não confirmados apontam que eles forram liderados no decorrer da obra pelo Padre Manoel José Corrêa, que possuía um sítio na área rural do arraial. Na ocasião ele ainda não era o pároco, função que veio assumir somente em 1892.

A área abaixo onde a capela foi erguida era constituída por poucas moradias e um comércio bem simples. O entorno só começou a ser povoado com mais intensidade a partir da segunda metade da década de 1890. De acordo com o Livro de Posses Concedidas (1895-1923) pertencente ao Acervo Histórico da Câmara Municipal de Guarará, o Padre Manoel José Corrêa vigário da Paróquia do Divino Espírito Santo fez o requerimento para a concessão de uma área de pasto em volta da Capela do Rosário em 15/01/1897. Ele foi atendido pelo Agente Executivo Cel. José Ribeiro de Oliveira e Silva através da chancela de seu secretario interino, o sr. Rodolpho Padilha.

Com o falecimento do Padre Manoel José Correa ocorrido em 1898, pode ser que este local cedido tenha ficado para seus herdeiros, e daí com o passar do tempo possa ter começado lentamente o povoamento do entorno da Capela do Rosário, embora a documentação a respeito do tema ainda seja escassa.

Inicialmente a Capela possuía uma imagem em madeira policromada proveniente da fazenda do Padre Manoel José Corrêa. Segundo seus descendentes a imagem de cedro foi roubada ainda no inicio do século XX. Pouco depois foi adquirida a atual que veio de Portugal e foi alocada no templo em 08 de dezembro de 1923.

Em 1895 o periódico Católico O Apóstolo nº 105 editado na cidade do Rio de Janeiro numa reportagem intitulada “Terra a Dentro” esteve na Vila do Guarará para cobrir os festejos em honra a Nª Sª do Rosário ocorrida em 15/09. A seguir transcrevemos o pequeno texto editado após a visita dos redatores do jornal O Apostolo.

“No alto de uma elegante colina alveja, solitária e poética, a elegante capelinha de Nossa Senhora do Rosário, cuja festividade teve lugar ali no último domingo dia 15 de setembro, com o maior brilho possível. O dia estava esplendido, e tudo concorreu para abrilhantar aquela festa, um dos muitos atos do culto que nunca sofre a mínima quebra no religioso espirito dos mineiros. O elemento da humilde classe dos trabalhadores do campo, os numerosíssimos cidadãos libertos, tomam nessa festa parte vivíssima, juntando aos festejos externos do templo, aqueles tradicionais divertimentos mistos de religião e simples poesia dos antigos costumes do povo de origem. A Congada é uma espécie de melodrama acompanhada de danças, e instrumentos das danças africanas, das quais ainda se acham esses vestígios vivos e talvez imorredouros nos trabalhadores de cor, descendentes daquele gênero da primitiva colonização. Foi assim, em plena república três majestades genuinamente brasileiras compareceram á festa: o imperador e a imperatriz do Divino, e um respeitável rei do Congo, com seus ministros, generais e corte, que deram audiência e receberam embaixadas na frente do templo, depois de finda a cerimônia religiosa. Ao cair da tarde teve lugar a procissão, lindo e elegante espetáculo de uma fila de fiéis que seguiam os andores, ocupando em seu desfilar nada menos de meio quilômetro literalmente cheio de povo. Ao recolher da procissão teve lugar o Te-Deum, havendo sermões ao evangelho e a noite”.  

No decorrer do século XX a capela de Nª Sª do Rosário recebeu várias alterações internas. Sua fachada permaneceu sem grandes mudanças até o momento atual. Entre 2013 sofreu transformações profundas que a descaracterizaram na parte interior devido ao fato de suas paredes laterais estarem em vias de desabar, assim como todo o telhado que estava totalmente condenado a ruir. As novas paredes laterais que foram erguidas desfiguraram a feição interna do altar do templo religioso.

As obras iniciadas em 2013 mantiveram um ritmo lento e ficaram paralisadas nos anos seguintes devido à falta de recursos financeiros. No ano de 2017 a reforma foi retomada por um grupo de voluntários que finalizou a restauração na ocasião da festa de Nª Sª do Rosário, em outubro daquele ano. Infelizmente no decorrer da primeira intervenção emergencial alguns cuidados com as partes removidas do altar não foram tomados e este fator veio a comprometer seriamente a reconstrução dos detalhes anteriores a 2012.


Imagem da década de 1930.

Imagem de 1933.

Reforma na parte externa em 2013. Foto de Antero Souza Rocha.

Detalhes da fachada no início das obras de 2017.

Obras no interior da Capela em 2017.

Pintura externa em 2017.

Detalhes do interior do Templo em 2017.

Pintura da parte frontal em 2017.

Conclusão da pintura frontal em 2017.

Interior da Capela de Nª Sª do Rosário e São Benedito após a reforma de 2017.

Uma bela imagem da Capela de Nª Sª do Rosário e São Benedito com o Cruzeiro a frente em 2020.