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quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Paço Municipal de Guarará - Câmara

 

O terreno do imóvel sede da Câmara Municipal de Guarará foi adquirido de Paulo Roque e sua esposa Zumira Camões Roque (1889-1948), José Vieira Camões (1865-1935) e Maria de Mattos Camões, pela Câmara Municipal de Guarará, em 27/12/1917, por um conto de réis (1:000$000), conforme escritura pública de compra e venda feita em 27/12/1917, pelo tabelião Capitão Antero Soares de Almeida (1869-1959) e registrada no Cartório do 1º Ofício de Notas de Guarará.

A construção do atual imóvel se deu graças à verba destinada por Lei pelo Capitão José Vieira Camões, Presidente da Câmara e Agente Executivo entre 1923-1926.  A obra foi concluída em 1924 e foi solenemente inaugurada em 07/08/1925.

O imponente imóvel construído em área nobre na Praça do Divino possui uma arquitetura inovadora para a época e se destaca na paisagem pitoresca dos arredores da área central de Guarará. Desde a sua inauguração abrigou a sede do poder publico municipal. Com o passar do tempo tornou-se também sede em conjunto do poder executivo e legislativo.

Com o passar de décadas veio a apresentar uma série de problemas e danos estruturais que necessitavam de uma rápida intervenção por parte de seus responsáveis. Na metade da década de 1980, na gestão do Prefeito Antero Dias da Rocha, o imóvel teve de ser desocupado e as atividades transferidas para o prédio do antigo fórum Cel. Affonso Leite, na rua Capitão Gervásio. A partir daí o imóvel ficou fechado servindo de depósito, enquanto seus problemas pioravam com o passar do tempo.

As obras de restauração só iniciaram - se no ano 2000, na gestão do prefeito Antônio Carlos da Rocha, estendendo até 2003 quando o imóvel foi reinaugurado restaurado, em 07/09/2003. A partir daí passou a abrigar a sede do poder legislativo municipal. Posteriormente, passou por pequenas reformas em 2009, 2018 (pintura interna) e 2019 (pintura externa) sem perder as características originais.

O imóvel é um exemplar arquitetônico de uma fase da história do município, de maiores avanços políticos e econômicos. Além de fazer alusão à independência política de Guarará, por ter sediado o município pela primeira vez e por muitas décadas, o imóvel foi construído por grandes nomes da política local, entre eles, o Capitão José Vieira Camões e Affonso Leite.

O salão nobre do imóvel foi também importante centro cultural e social do município nas duas primeiras décadas, quando não contava o município com o Teatro Municipal construído entre 1939 e 1940, quando serviu também então de auditório e cinema. Alguns aspectos de sua história são bastante marcantes na memória da população antiga de nossa cidade.

O prédio do Paço Municipal foi reconhecido como um dos mais imponentes imóveis históricos de Guarará sendo tombado através do Decreto Municipal n° 1300/2003.


Fotografia da inauguração do Paço Municipal em 1925. O cidadão com o chapéu branco na mão no centro da multidão era o Cap. José Vieira Camões responsável pela execução da obra.


Na foto abaixo podemos observar o início das obras de restauração do Paço Municipal em 2000. Foto pertencente a Jânio Ferreira.


Imagem do Paço Municipal em 2019. Neste local funciona a sede do Poder Legislativo de Guarará


OBS: Texto adaptado do Livro Paço Municipal de Guarará organizado pelo Historiador e Pesquisador Rodrigo Machado Alves, em Janeiro de 2021.













quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

História de Maripá - III

                               

Com a terceira parte finalizamos o levantamento histórico sobre Maripá.

No dia 04/03/1893, foi criada a primeira escola do Distrito. Durante muitos anos funcionou em casas particulares, até que, em 1915, então sob a administração do Presidente da Câmara, Cel. Joaquim José de Souza, foi inaugurado o atual edifício escolar. Além de outras professoras que exercera a sublime profissão de educadora, encontra-se no registro escolar, as seguintes: D. Luíza Dias Fernandes, Maria Elysia Coelho, Natalina Mynssen de Mendonça, Maria Philomena da Conceição Vianna, sendo que, esta, ocupou a cadeira no período de 1911-1927, quando foi removida e pedido para Sant Ánna de José Pedro, hoje, Ipanema, em Manhuassu. Em seguida, foi a cadeira ocupada por D. Luiza de Carvalho Breyer. Em 1928, foi à escola desdobrada em duas cadeiras mistas, ocupando a primeira D. Luiza de Carvalho Breyer e a segunda, pela senhorita Esbelta Mattos, e com a remoção desta, para o Grupo de Guarará, foi substituída pela efetiva, senhorita Myrthes Ladeira. Atualmente, regem as duas escolas da sede, as professoras, D. Amélia Pereira da Silveira e senhorita, Laura Alvim Tostes.

Foram também em 1928, criadas as escolas das Fazendas da Cachoeira, propriedade do Sr. Manoel Raposo Teixeira, e da Serra, de propriedade do Cap. Quintino da Costa Mattos, e estão a cargo das professoras, DD. Maria Rosa Gotelipe e Liberalina Barbosa. O ensino no Distrito de Maripá vem sendo ministrado com muita competência, zelo e dedicação pelas atuais educadoras e tem nos últimos anos apresentando largo desenvolvimento, graças aos novos métodos adotados pelos nossos dirigentes.  Depois de várias transformações políticas na vida do distrito e conseqüentes sucessões dos diretores do P.R.M. de Guarará acham-se confiado os seus destinos políticos aos ilustres senhores: Cel. Affonso Leite, respeitável Chefe de onde irradiam todas as ilustrações precisas para o desenvolvimento progressista coletivo, e o Cel. Bertholdo Garcia Machado, atual Presidente da Câmara, que ao lado de seus companheiros camaristas, Cap. Quintino da Costa Mattos e José Ferreira de Souza, vereadores geral e especial pelo distrito respectivamente, vem pugnando com real proveito e destemido patriotismo pelo progresso visível e sempre crescente do florescente Distrito de Maripá.

Dentre os vários melhoramentos que se tem verificado nos últimos tempos, um se destaca entre eles, que é a instalação de Força e Luz, inaugurada em 03/05/1924, no mandato do então Presidente da Câmara, Cap. José Vieira Camões. Além deste, também digno de nota temos a citar a remodelação da drenagem de água potável que abastece a população da sede distrital de um modo satisfatório. Ainda como útil e indispensável benfeitoria, encontra-se o Cemitério Público, que vem sendo convenientemente zelado pela municipalidade. O Cemitério já existe desde a época pré-distrital, e foi remodelado na gestão Retto Júnior em 1907.

A população do Distrito é calculada, conforme o último recenseamento, em 4.271 habitantes. A religião é Católica Apostólica Romana; é sede de um curato pertencente ao Bispado de Juiz de Fora. Está colocado a 579 metros acima do nível do mar. A produção principal é o café, que constitui a sua principal fonte de rendas.

O solo é geralmente montanhoso, encontrando se nele algumas planícies e vales fertíssimos. A parte montanhosa é ocupada na sua quase totalidade pela lavoura cafeeira, existindo, porém, uma grande parte em matas, capoeiras e algum mato virgem. Existe algum trecho incultivável, que se encontra na parte culminante das montanhas limítrofes e centrais. Em resumo: o solo é bem acidentado, e o clima é excessivamente frio e úmido no inverno, quente na estação chuvosa, temperado e agradável no verão.

Abaixo temos a fotografia da antiga Escola Estadual de Maripá e na continuidade algumas imagens da Fazenda Monte Cristo, ambas publicadas no livro O Município de Guarará, de Roberto Capri em 1916. 






quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

História de Maripá - II


 Na sequência apresentamos a segunda parte acerca dos relatos históricos de Maripá.

O Cartório de Paz de Maripá foi iniciado em 04/09/1890. Os livros primeiros dos registros de nascimento, casamentos e óbitos, tem os seus termos de aberturas, lavrados na mesma data, pelo Juiz de Paz, Cel. Antônio Francisco de Souza e nessa mesma data, foi aberto o primeiro registro de nascimento de uma criança de nome Manoel do Nascimento, filho legítimo de José Alves Ribeiro e D. Idalina Ribeiro Guimarães, sendo escrivão interino, Antônio Theodoro de Mendonça Neto. Por uma fatalidade, o primeiro registro de óbito foi aberto ainda na mesma data e é referente ao mesmo Manoel do Nascimento que faleceu uma hora depois de registrado o seu nascimento.

No dia 11/12/1890, á uma hora da tarde, celebrou o primeiro ato de casamento civil, sob a presidência do Juiz de Paz Cel. Antônio Francisco de Souza e o Escrivão Mendonça; eram nubentes, o Sr Antônio Pacheco Calháu e a Senhorita Adelaide Hermenegildo (esta residente em São João Nepomuceno). Assinaram como testemunhas, os Srs Manoel João Giestal, negociante naquela época, e que hoje exerce a profissão de pedreiro, e Braz Cassela, falecido em 1924. Seguiram-se as assinaturas dos homens em evidência: Martinho de Campos Guimarães, João Furtado de Souza, João Carmo Teixeira, Delphino da Costa carvalho, Lucas Abílio de Souza, Rodolpho Furtado, Archangelo Baesso, (ferreiro), e o padre Antônio de Paula Dias. O livro numero um de notas foi aberto pelo Presidente da Intendência de Mar de Espanha, Pedro R. de Magalhães.

No dia 06/09/1890, foi passada a primeira escritura, que constou do arrendamento de um sítio denominado Cachoeirinha, feito por Antônio Bento Fernandes a João Bolimão, pelo prazo de 6 anos e o valor de Réis 8:400$000. Os talões foram extraídos na Coletoria e São João Nepomuceno, em 20/08/1890. Era coletor A. Bastos e Escrivão Rabello. Na mesma data, foi passada a primeira procuração.

A primeira escritura de Compra e Venda, foi passada, em 13/09/1890; vendedores, o Sr João Furtado de Souza e sua mulher D. Thereza Furtado de Souza, e comprador, o Comendador Domiciano Monteiro de Resende, a venda constava da Fazenda denominada Bom Sucesso, com a área de 103 alqueires de terras, grande quantidade de móveis, semoventes e diversas benfeitorias, pelo preço de Dezenove Contos de Réis (19:000$000), os talões foram extraídos da Coletoria de Mar de Espanha, sendo Coletor Carlos Benício de Mattos e o Escrivão J. P. de Figueiredo. Em 07/12/1890, assumiu interinamente o cargo de Escrivão, o Sr Lino Ribeiro de Magalhães e exerceu até o dia 03/07/1897, data em que, reassumiu o efetivo Cap. Antônio Theodoro de Mendonça Neto, que manteve-se no respectivo cargo até  o dia 07/08/1923, quando foi substituído pelo atual efetivo, José Caetano de Oliveira.



 Apresentamos a fotografia acima da região central de Maripá que foi publicada no livro, O Município de Guarará, de Roberto Capri em 1916.


A imagem acima ilustra parte do centro de Maripá no início da década de 1940.

 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

131 Anos de Emancipação


Em 05/12/2021, Guarará comemora seus 131 anos de Emancipação Política. Deixamos aqui os PARABÉNS a esta terra que sempre foi e é hospitaleira, desde os primórdios acolhendo a todos que aqui se instalaram em busca de uma vida melhor e assim, com o passar do tempo, contribuíram para o crescimento e desenvolvimento de nossa cidade, consagrada ao Divino Espírito Santo. Como homenagem, apresentamos um breve histórico de nossas origens.

 

Domingos Ferreira Marques e sua esposa eram titulares de sesmarias as quais receberam por concessão em 16/10/1818. Os requerimentos de ambas as sesmarias foram feitos em 23/05/1814 e aprovados pelo Governo da Capitania de Minas Gerais em 27/01/1816.

O sesmeiro Domingos Ferreira Marques, inspirado pela esposa Feliciana Francisca Dias, devota ao Divino Espírito Santo, doou 40 alqueires de terra para o Patrimônio de uma Capela de Aplicação, conforme escritura lavrada em 20/07/1828. Formou-se um curato e a construção de uma capela-mor foi iniciada pouco depois. A primeira Capela surgiu por volta de 1830. Posteriormente, essa Capela deu lugar a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, construída a partir de 1842 e finalizada em 1857.

Muitos ranchos para tropas foram levantados na pequena povoação e nas suas imediações. O primeiro rancho que deu abrigo a milhares de tropeiros e viajantes que vinham do campo para o Rio de Janeiro foi o de José Antônio, no lugar onde se denomina Extrema. O segundo foi construído no Largo da Igreja, hoje Praça do Divino. O arraial servia de parada para os deslocamentos entre o Rio e Minas. O local foi denominado Curato do Espírito Santo, que décadas depois receberia o nome de Guarará.

Em 01/01/1868, através da Lei nº 1.466, o Curato do Espírito Santo do Mar de Espanha é elevado à categoria de Paróquia, observando as mesmas divisas. Mais adiante pela Lei nº 2034 de 01/12/1873 é criada a Freguesia do Espírito Santo do Mar de Espanha. O café constituía a principal fonte de riqueza de nossas terras e tempos depois, cedeu espaço a pecuária e cana-de-açúcar.

O Distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha foi emancipado através do Decreto nº 278 em 05/12/1890. Sua instalação administrativa ocorreu somente no ano seguinte em 01/02/1891 na casa do 2º Barão de Catas Altas (Antônio José Bastos Gomes) na Praça do Divino. Neste local atualmente funciona a Escola Municipal Ferreira Marques. Em 22/01/1891, pelo Decreto Estadual nº 343, a Vila do Espírito Santo passou a denominar-se, simplesmente, Vila do Guarará. Segundo a Lei nº 84 de 06/06/1894 a Vila do Guarará passou a denominação de Vila do Espírito Santo do Guarará, acatada pelo Estado de Minas por sugestão do Vereador Padre Manoel José Corrêa. Essa denominação permaneceu até o final da década de 1920. A partir daí, passou a adotar novamente o termo Vila do Guarará, até meados da década de 1940, quando usou somente o vocábulo Guarará.

Conta à tradição que, o 2º Barão de Catas Altas, logo após o decreto de emancipação tinha que escolher um nome para a nova Vila. Sem tempo hábil para consultar os moradores e correligionários, veio à ideia de homenagear onde sua esposa nascera na região da Vila de Queluz (atual Conselheiro Lafaiete), porque, em sua terra de origem, havia um riacho com o nome de 'Guarará', na Fazenda Guarará, talvez por saudosismo, resolveu denominar o local recém-emancipado de 'Vila do Guarará', em substituição à Espírito Santo do Mar de Espanha.

 


 Largo do Divino no início da década de 1940

                               

Região Central em 1995