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terça-feira, 26 de julho de 2022

Teatro Municipal - Parte 01

 

O Teatro Municipal de Guarará começou a ser construído em 1939 e foi inaugurado em 23/06/1940. Arquitetonicamente a construção se enquadra no estilo Art déco, e apresentam muitas das características próprias do estilo que são as estruturas austeras, onde se destaca o geometrismo mediante a combinação ou inserção de superfícies planas cortadas mecanicamente e sustentadas por suportes finos. Como historicamente também é próprio do estilo, grande é o contraste decorativo interior-exterior, apresentando o interior rico detalhamento e tratamento estético na decoração de superfície, com utilização de materiais exóticos e texturas naturais. Até o ano de 1945, na gestão de Bertholdo Garcia Machado e Coronel Affonso Leite, a edificação sediou grandes apresentações de companhias teatrais importantes e abrigou grande número de eventos sociais diversos, essa época, foi segundo os antigos moradores do município, o período em que a entidade mais atuou na área cultural.

Entre os depoimentos levantados o que mais fornece informações relevantes é o da professora aposentada Neuza de Oliveira que viveu em Guarará. As suas pinturas artísticas foram feitas por três pintores da Escola de Belas Artes de Juiz de Fora e que mais tarde ganharam prêmio na França. O pano de boca foi pintado por Arnaud Gribel, pintor local além de ser um excelente músico O Teatro era considerado o cartão de visita da cidade, pois todos que aqui vinham faziam questão de visitá-lo. Nele trabalharam companhias teatrais como a Procópio Ferreira que apresentou as peças Deus lhe pague e Não me contes esse pedaço, além de trazer diversas vedetes. As irmãs Iracema e Norma Garcia colaboraram muito conseguindo trazer elencos teatrais e conferencistas famosos para nele atuar. Uma das concertistas famosas foi Magdalena Tagliaferro que mais tarde mudou se para a França recebendo lá muitos prêmios pelo seu trabalho. Esteve nele, para cantar, Orlando Silva do Rio de Janeiro e um grande jornalista, escritor e poeta, Agripino Grieco, de Bicas, atuou um elenco teatral. Além das peças teatrais foram apresentados nele mágicos e palhaços de circos famosos como o Serrazane do Rio de Janeiro.

Aos poucos, a juventude de Guarará conseguiu apresentar algumas peças. Mais tarde serviu para ser apresentado, no prédio, o cinema exibindo ótimos filmes. O Grupo Escolar “Ferreira Marques” também contribuiu para a cultura trazendo, nas datas cívicas conferencistas que vinham de outras cidades. A decadência do teatro começou quando sua porta foi aberta para bailes carnavalescos e festas que não incluía “cultura”. (Depoimento da Neuza de Oliveira registrado em Abril de 2003, transcrito e arquivado por André Colombo, pesquisador da Fundação Cultural Chico Boticário – Rio Novo-MG).

Fonte de informações: Arquivo da Prefeitura de Guarará, Jornal O Guarará na ocasião da inauguração do Teatro Municipal e blog o Guararense de Francisco Tânio de Oliveira.

Convite de Inauguração do Teatro Municipal em 23/06/1940

Planta original do Teatro Municipal elaborada em 14/02/1939 pela construtora Pantaleoni Arcuri

Planta original do Teatro Municipal elaborada em 14/02/1939 pela construtora Pantaleoni Arcuri

Jornal O Guarará de 01/06/1940

Jornal O Guarará de 30/06/1940 - Inauguração do Teatro

Jornal O Guarará com reportagens sobre a inauguração do Teatro

Jornal O Município de Bicas de 30/06/1940

Jornal O Guarará de 23/07/1940 com programação do Teatro

Anúncio de recital no Teatro Municipal em 05/12/1940

Programação no Teatro em data desconhecida

Programação no Teatro em data desconhecida


Concerto sinfônico no Teatro em 1943

terça-feira, 12 de julho de 2022

Jornal O Guarará

 

Durante quase 50 anos foi o principal periódico editado na Vila do Guarará. Sua 1ª edição ocorreu no ano de 1892 através dos jornalistas Ladislau Rabello de Vasconcelos, José Octaviano Padilha e Theodolindo de Assis. Entre 1892 até sua extinção por volta de 1941/42 houve alguns períodos que o impresso deixou de circular por motivos ainda desconhecidos em cada ocasião.

A 1ª interrupção foi no final da década de 1900. Antes de ser paralisado ele pertencia a J. da Cruz & C. e seu reator era Joaquim Froes Vieira Pisco. A data de sua retomada não conseguimos identificar. Posteriormente o jornal paralisou suas atividades novamente em 11/04/1916, retornando alguns anos depois em 14/07/1919. Esta data de sua volta marca curiosamente o aniversário da imprensa no município, conforme pode ser observado em várias edições do jornal anualmente neste período supracitado.

Em 1914, O Cel. Affonso Leite adquire o Jornal O Guarará e passa a editar o mesmo até seu encerramento entre 1941/42.  O Cel. Affonso Leite era auxiliado por prestigiados redatores e colaboradores como Áureo de Assis, Serzedelo Louro, Ten. Pedro Ferreira Leite, Plínio de Freitas, Elcenor Leite, Antenor de Paula, Marcílio de Andrade e Lymirio de Oliveira, dentre outros ajudantes.

A escrita contida nas entrelinhas do jornal chamava atenção pelo trato fino com as palavras e frases bem elaboradas, numa época em que a fala e a escrita eram tidos como carro chefe na comunicação eficaz entre as pessoas. No jornal é nítida a variação ortográfica que nossa língua foi adquirindo ao longo dos anos. As expressões usadas nos textos, que hoje são estranhas a nossos padrões, eram tidas como elementos fundamentais na maioria dos jornais daqueles tempos remotos.

Boa parte de fatos relacionados à história de Guarará e sua gente passa pelas linhas deste jornal entre 1892 até 1941/42. Os registros contidos em suas páginas ajudam a compreender um pouco de como foi à vida passada neste rincão da mata mineira. Suas edições contêm muitas informações que são consideradas relevantes e históricas quando observadas com atenção no momento atual.

Seu fim inesperado e inexplicado até os dias atuais foi um duro golpe na imprensa escrita da Vila de Guarará.  Um ofício interno da Prefeitura em agosto de 1942 ainda apontava a existência do Jornal O Guarará. A circunstância que levou a seu encerramento ainda é um mistério. Esperamos um dia encontrar tal informação, seja numa edição do próprio jornal, ou em outros documentos.

Após o Jornal O Guarará parar de circular, não há notícias da existência de outro periódico de grande longevidade nos anos seguintes editado em nossas terras. Até hoje existem vários exemplares em mãos de colecionadores. Muitos jornais estão disponíveis para leitura em espaços culturais de Guarará e da região. Eles guardam um pouco da nossa história e muitas curiosidades.

O legado presente no Jornal O Guarará para a história e memória de nossa terra é imenso conforme os anos avançam. Esperamos um dia reunir o máximo possível de exemplares num só local para perpetuar a cultura e as tradições de Guarará e da região que foram divulgadas em suas páginas. È de suas linhas amareladas que estamos extraindo muitos dados históricos e às vezes curiosos da história e dos costumes vivenciados naqueles tempos de sua edição.

Jornal o Guarará em 23/08/1893


Jornal o Guarará em 19/06/1904


Jornal o Guarará em 13/02/1916


Jornal o Guarará em 14/07/1919


Jornal o Guarará em 27/05/1928


Jornal o Guarará em 14/07/1930


Jornal o Guarará em 14/04/1935


Jornal o Guarará em 23/07/1936


Jornal o Guarará em 05/12/1940


Uma das últimas edições do Jornal O Guarará em 25/05/1941. A existência de outras publicações após esta data são desconhecidas por nós.

terça-feira, 5 de julho de 2022

Fonte da Rua Tiradentes

 

Esta fonte de água é tão antiga quanto à existência do Distrito do Espírito Santo. Na época distrital já havia relatos da pureza de sua água, entre as outras fontes existentes no entorno da região central do Largo do Divino.

Seu uso intensificou-se após a emancipação com o aumento da população na área urbana central. Naqueles tempos remotos não havia rede de abastecimento domiciliar na cidade. Á água obtida era através de captações direto em minas e nascentes, para onde as pessoas se dirigiam em busca de água para saciar a sede e as suas necessidades diárias em suas residências.

A sua remodelação ocorreu somente na década de 1940. Neste período o local de captura da água passou por mudanças e readequações no seu entorno, visando melhorar a estrutura de acesso ao local. Algumas obras de limpeza e estabilização do terreno foram promovidas ao longo do tempo pela gestão municipal.

A mudança principal foi somente em 1949 quando o local recebeu uma estrutura de concreto armado com laje, muros de contenção lateral e a colocação de ladrilhos no chão e nas paredes laterais. A chegada ao recinto recebeu uma calçada larga e nas laterais houve a construção de canteiros para alocar pequenas plantas ornamentais. Partes dos serviços foram executados pelos seguintes operários: Benjamim Amâncio, José Bessa e Francisco Manoel. O pedreiro foi José Ferreira Campos auxiliado pelo servente Manoel Jorge.

O prefeito responsável pela realização da nova infraestrutura foi Marcos de Souza Rezende, que havia assumido interinamente a Prefeitura por alguns meses no lugar do Cel. Affonso Leite. Alguns anos depois um pouco acima foi erguida a Biblioteca Municipal Rui Barbosa, inaugurada em 03/05/1952.

Atualmente esta mininha mais que centenária ainda possui uma água límpida e apropriada para consumo humano. Mesmo com o advento da água encanada acessível a todos os lares do município, ela continua prestando valorosa contribuição a nossa comunidade em pleno século XXI.


Imagem da Mininha na década de 1950 com a Biblioteca Municipal ao fundo.

Folha de pagamento de cidadãos que trabalharam na extração de areia e no encanamento da Mininha.

Documento contábil relativo a materiais usados na construção da mininha.