No decorrer de quase dois séculos de devoção ao Divino Espírito Santo nesta abençoada terra, diversas casas no arraial, passando por distrito e finalmente cidade, vieram abrigar o lar dos padres que serviram nossa Igreja.
Entre
1840, até por volta do final da década de 1890, os sacerdotes que atendiam
nossa comunidade alugava ou comprava um imóvel para residir enquanto
permanecessem a serviço do Curato e depois Paróquia do Divino Espírito Santo, a
partir de 1868. Quando eles eram transferidos para outros lugares, colocava o
imóvel a venda e com esse dinheiro adquiriam bens na nova localidade de destino.
Tal fato pode parecer estranho, mas foram encontradas algumas transações
registradas nos livros de notas do cartório do Distrito do Espírito Santo (fonte
digital) entre as décadas de 1860 a 1880 cujas datas eram próximas à chegada e
partida de alguns sacerdotes.
A
maioria dos sacerdotes fixava residência nos arredores da Igreja ou em alguns
sítios nas proximidades da área urbana. O Cura (Padre Guerra), termo usado para
designar os padres naqueles tempos, morou por certo tempo na região da Extrema,
onde possuía algumas pequenas propriedades rurais a partir de 1849. Há indícios
que o Cura Manoel Antônio da Câmara Barreto tenha morado nas imediações da
matriz com familiares durante boa parte de sua permanência na Paróquia. O Cura José Violin de
origem francesa tinha residência na Rua do Pito (atual Getúlio Vargas), sendo
essa adquirida em 10/06/1879 e outra em 1882. Alguns anos depois de sair da Paróquia
ele vende o imóvel para Francisco Carneiro em 19/02/1886.
O Cura Antônio Rodrigues de Almeida comprou um
sítio em 05/11/1871 na localidade conhecida como Cachoeira, no caminho para a
Forquilha. Nos anos seguintes vem a adquirir a Fazenda do Desengano, que ficará
em herança para sua irmã, Dona Maria Rodrigues de Almeida Monteiro, após seu
falecimento em 1881. Na década seguinte em 02/11/1885 o Cura Manoel José Corrêa
adquiriu uma propriedade nessas proximidades. No decorrer de 1892 ele passa a
ocupar o cargo de Cura na Paróquia do Divino Espírito Santo e a partir daí vem
a residir na cidade até seu falecimento em 1898.
É
somente no início do século XX que a Paróquia passa a ser dotada de uma Casa Paroquial
localizada na famosa Rua Direita (Capitão Gervásio) destinada à morada de seus
sacerdotes. Na época distrital o local era conhecido como Rua do Vaza. Com a
chegada do Padre Oscar de Oliveira em 1936, começa-se a discussão para
construção de uma nova Casa Paroquial. O local escolhido foi na mesma rua onde
existia um grande casarão de dois andares em estado precário de conservação, sendo
adquirido e demolido para abrigar o novo imóvel a partir de 1938.
Com
a transferência do Padre Oscar de Oliveira em 1942, a recém-construída Casa Paroquial
passar abrigar os sacerdotes que viriam para a Paróquia dali em diante. No
final da década de 1980, o imóvel passa apresentar diversos problemas
estruturais nos dois pavimentos que ameaçavam a sobrevivência do imóvel. Com o
agravamento dos problemas, a parte superior que funcionava como Casa Paroquial
ficou desativa por alguns anos. A parte inferior era composta por duas moradias
que funcionaram até iniciar a reforma em 1998.
Em
1996 com a posse do Padre Gil Condé da Silva, foi iniciado o pontapé inicial
uma série de obras nas igrejas do município e posteriormente na Casa Paroquial,
sendo reformada em 1998, mas preservando seus traços arquitetônicos externos
originais. A maior mudança foi à supressão das duas moradias no pavimento
inferior para alocar outras funcionalidades relativas à Paróquia.
Atualmente
o casarão histórico que presenciou muitos fatos da história local permanece
como Casa Paroquial no século XXI acolhendo os sacerdotes, visitantes e
seminaristas que servem a Paróquia do Divino Espírito Santo. A parte inferior
funciona como escritório paroquial e arquivo.