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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Biografia do 2º Barão de Catas Altas

 

Neste mês celebramos o 1º centenário de falecimento do 2º Barão de Catas Altas (Antônio José Gomes Bastos). Ele, ao lado de outros correligionários, foi o responsável por conduzir a emancipação do antigo Distrito do Espírito Santo, em 05/12/1890.  Ele se destacou como uma das grandes personalidades de nossa terra a partir da década de 1860 até seu falecimento em 03/11/1924. Em homenagem ao seu legado e à sua memória, transcrevemos a seguir um resumo de sua rica biografia.

Nasceu na fazenda do Campestre, no Arraial do Espírito Santo (atual Guarará), Minas Gerais, em 29 de junho de 1840. Foi um tropeiro, agricultor, militar, político e nobre brasileiro. Recebeu o título de 2º Barão de Catas Altas, em 23 de dezembro de 1887. Foi o primeiro Presidente da Intendência da Vila do Guarará e um dos maiores idealizadores de sua criação. Era proprietário de uma grande fazenda de café no distrito de Bicas. Foi uma das principais figuras, senão a maior em relevância histórica, no período que vai de 1890 a 1920, em Guarará e Bicas, na Zona da Mata Mineira.

Antônio José Gomes Bastos era filho de José Joaquim Gomes (1810-1849) e de Maria Silveria Bastos (1815-1905). Seus pais transferiram-se, em 1833, de Queluz para o então Arraial do Espírito Santo, onde abriram e fundaram, no futuro Arraial das Bicas, a "Fazenda do Campestre" e foi aí que ele nasceu em 29 de junho de 1840. Em 1849, aos 9 anos, morre-lhe o pai e ele, órfão, foi morar com o tio e padrinho, Antônio Alves Barbosa, casado com Ana Joaquina de Jesus, irmã de sua mãe,  que o criou e cuidou de seus estudos até a maioridade.

Os primeiros estudos foram realizados na escola primária que funcionava na Rua Santa Rita, no Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha (hoje Guarará), depois, em 1855, seu tio o matriculou em um internato em Barbacena onde ele se tornaria aluno do padre José Joaquim Corrêa de Almeida, grande poeta e exímio latinista, além de um apreciado músico de sua época.

Ao término dos estudos, Antônio José abandona a vida acadêmica e dedica-se à lavoura e, em pouco, à atividade que mais prosperava na época, o comércio das tropas (mascate), comércio este que crescia e oferecia as melhores possibilidades para o crescimento econômico. Tornou-se assim um grande e respeitado tropeiro, adquiriu animais (algo em torno de 100 muares) e, entre os anos 1860 e 1865 aproximadamente, percorreu as províncias de Minas Gerais ao Rio de Janeiro. Além destas viagens pelo sertão, tinha ele, como o maior centro de suas atividades, a corte, como era então chamada à cidade do Rio de Janeiro. Aos poucos, devido a esta classe específica de negócios, ele estreitou relacionamentos com as mais importantes firmas daquela praça, justamente as que mais careciam dos serviços de tropeiro prestados por ele.

Em 8 de novembro de 1866, aos 26 anos, ele se casa com Clara Rosalina Gomes Baião e o casal passa a residir nas terras que ele possuía no Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha, o assim chamado "Sítio da Experiência", onde ele se fixa definitivamente, abandonando a vida de tropeiro e, em pouco, ele se torna um próspero lavrador.

Em 1867, no início do ano, ele é remanejado e promovido de 3º para 1º suplente do subdelegado do Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha.

Dado o seu temperamento e por força das necessidades do meio e da época, dedicou parte de suas atividades à política. Filiou-se ao Partido Liberal e, quase que de imediato, dada a morte do chefe do partido, tornou-se ele o chefe do mesmo, no distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha.

Alguns anos depois, em 15 de junho de 1881, ele recebe duas comendas: é agraciado com o título honorífico de Cavaleiro da Ordem da Rosa e com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo. Dois anos depois, em 1883, é eleito vereador para representar o Distrito do Espírito Santo na Câmara de Mar de Espanha, com legislatura até 1886. Pouco depois, em 23 de dezembro de 1887, ele é agraciado com o título de 2º Barão de Catas Altas, conforme diz o Annuário Genealógico Brasileiro.

Em 1 de junho de 1884, ele participa da criação, da instalação e torna-se conselheiro do Centro Agrícola do Município do Mar de Espanha. Em 1886, ele participa da criação de uma associação para promover os produtos e os produtores locais nas feiras e exposições Agrícola-industriais, nacionais e regionais.

Em 1889, figura com destaque dentre os grandes fazendeiros e produtores rurais da região. Fora também ele um dos fundadores do Clube Republicano de Mar de Espanha, um dos primeiros da Província, do qual se tornou presidente. Pouco depois, fundou o Partido Republicano no Espírito Santo do Mar de Espanha, algo que viria facilitar os caminhos em prol da emancipação.

Em 1890, com a criação da Villa do Guarará, o 2º Barão de Catas Altas foi nomeado Presidente da Intendência, pelo governo provisório. Neste mesmo ano, ele figura entre as lideranças que apoiam a mudança da capital mineira para um ponto mais conveniente dentro do estado, visto que Ouro Preto já não oferecia estrutura urbana que atendesse à expansão em curso.

Pouco depois, em 22 de janeiro de 1891, com o advento do Decreto 343, o Espírito "Santo do Mar do Espanha" passa a denominar-se “Villa do Guarará” e o 2º Barão de Catas Altas assume a Presidência da Intendência Municipal até as eleições de 1892. Com as eleições de 1892, em 7 de março, toma posse a sua 1ª Câmara Municipal e, com isso, o 2º Barão vitorioso no pleito é empossado Agente Executivo e ocupa ao mesmo tempo, a Presidência da Câmara, até o final de 1892. O topônimo "Guarará" surgiu para a definição do município sem qualquer referência aborígene e sim para propor uma homenagem do Barão à esposa Clara Rosalina, que nascera em Santana dos Montes, numa fazenda com esse nome, onde passa o ribeirão Guarará.

Em 13 de maio de 1897, por sua iniciativa, é criado e instalado o Centro Agrícola de Guarará. Esta organização ou associação tinha como princípio promover o progresso e o desenvolvimento da lavoura. O Barão, além de ser o principal idealizador, foi o presidente da associação recém-criada.

Em 1898, ele, além de delegado de Guarará, era também inspetor de ensino municipal. E ainda neste mesmo ano, por sua iniciativa, reorganiza-se do Partido Constitucional do Município de Guarará. Este partido tinha em sua composição as grandes figuras da política guararense. No ano seguinte, nas eleições municipais de novembro de 1900, ele é derrotado pela chapa de oposição liderada pelo Dr. Emílio Luiz Rodrigues Horta.

Ainda chegou a ocupar o cargo de vereador e juiz de paz, além de outros títulos beneméritos, ainda no período distrital, como Tenente Coronel da Guarda Nacional, Suplente do Juiz Municipal e de Órfãos, Secretário do Colégio Eleitoral de Mar de Espanha. Em 1907, recebe do papa Pio X uma benção especial para si e sua família, até a terceira geração.

Em 27 de julho de 1920, morre sua esposa Clara Rosalina Gomes Baião, a baronesa de Catas Altas, aos 76 anos (12 de agosto de 1844 - 27 de julho de 1920). Fora ela sua única e inseparável companheira. Antônio e Clara casaram-se na Fazenda Guarará, em Itaverava, Queluz, em 08 de novembro de 1866.  Como diria de próprio punho o filho de ambos, Sebastião Gomes Baião: “... Tinha ele ainda diretas ligações de parentesco com os da casa e, enamorando-se de uma das primas, com ela se consorciou em 1866.” Clara era filha do Alferes José Francisco Baião e Rosa Angélica Barbosa.

Participou da primeira diretoria do Clube Biquense, que foi eleita em 1924, como membro honorário. Quando ocorreu a visita do Governador Mello Vianna em Bicas, no início de novembro de1924 não houve fogos e nem música, em respeito ao seu frágil estado de saúde.

O 2º Barão faleceu 4 anos após a morte da esposa, no dia 3 de novembro de 1924, em seu palacete no município de Bicas, sendo sepultado no dia seguinte. A sua morte levou consigo o último dos seis barões, que tiveram seus nomes gravados na história da região.

Deixou grande legado na política e na história da Vila do Guarará por suas ações em prol da localidade, desde a época distrital. No seu período à frente da cidade, deu o pontapé para várias obras de infraestrutura na sede e nos distritos, numa época de grandes dificuldades e carências que nossa terra vivenciava.

Foram oito os filhos do casamento entre Antônio José e Clara Rosalina, cuja boa parte viveu em Bicas, além de inúmeros netos. Os filhos foram:

1-         Antônio Alberto Gomes Baião, casado com Ana Guilhermina Monteiro Bastos;

2-         Antônio Carlos Gomes Baião, casado com Nizia Gomes;

3-         Sebastião Gomes Baião, casado com Maria Cândida de Campos Bastos;

4-         Eduardo Gomes Baião, casado com Paulina Barroso Gomes;

5-         Antônio Júlio Gomes Baião, falecido criança;

6-         Maria Gomes Baião, solteira;

7-         Teresa Baião Gomes Marques, casada com Joaquim José Marques;

8-         Deomar Baião Gomes Campos, casada com o Cap. Antônio Cassimiro de Campos.


OBS.: Texto adaptado pelo Pesquisador e Historiador Rodrigo Machado Alves.