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segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Visita de Tancredo Neves a Guarará

O ano de 1982 foi especial para a vida política de Guarará e região. Esta data ficou marcada pela presença de figuras notáveis da política mineira e nacional em Guarará. Isso ocorreu baseado nos movimentos democráticos que começavam a tomar conta e se espalhar pelos rincões do país.

Essa mudança de rumos e novas ideias deixaram marcas profundas na sociedade guararense, regional e no restante do país dali para frente. Em julho de 1982 a cidade recebeu a visita de notáveis políticos mineiros, entre eles, Itamar Franco, Tancredo Neves, Sebastião Helvécio, Silvio de Abreu, Jair Nascimento, dentre outros, que não conseguimos identificar até o momento. A presença ajudou na virada da política local nas eleições daquele ano.

Na ocasião todos eles abraçavam a bandeira do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) que estava em grande ascensão. Na cidade os políticos visitantes participaram de eventos políticos e sociais que atraíram atenção e curiosidade de muitos populares daqui e da região. O acontecimento único até o momento proporcionou ascensão de diversos cidadãos locais nas eleições daquela década.

A recepção ao ilustre grupo de políticos ocorreu na residência do Sr. Antônio Carlos da Rocha. No decorrer da visita aconteceu um comício improvisado em frente à casa do Sr. Gerson Elias, na Praça do Divino, com grande acompanhamento popular ao lado de lideranças da cidade e região.

Houve ainda a inauguração da sede da Escola de Samba Grêmio Recreativo Unidos da Praça, na Rua Joaquim Manoel Corrêa, no Bairro do Rosário. Na solenidade, discursou o presidente da agremiação, Francisco Antônio Guarnieri Moreira, alguns políticos locais, Tancredo Neves, além de outros visitantes. O local, com o tempo, passaria a ser conhecido por Rua da Quadra.  

***Abaixo apresentamos imagens da visita de Tancredo Neves e demais lideranças políticas. As fotos pertencem ao arquivo da Família de Antônio Carlos da Rocha (1946-2025).









terça-feira, 3 de junho de 2025

116 Anos Escola M. Ferreira Marques

Homenagem aos 116 anos de fundação da Escola Municipal Ferreira Marques, comemorados no último dia 30 de maio com agradáveis solenidades. A obra foi feita na semana do aniversário da instituição por um renomado artista guararense, que mais uma vez demonstrou seu talento para representar a joia arquitetônica que é o prédio secular da Escola Ferreira Marques.

Em 03/05/2025, o seu imóvel comemorou cem anos de construção, preservando os mesmos traços externos da época da inauguração, uma verdadeira joia que encanta as pessoas que passam pela cidade. No interior, recebeu diversas alterações e adaptações conforme as legislações pediam para tornar o local seguro e acessível nas últimas décadas.

Essas duas comemorações mostram a importância da Escola Municipal Ferreira Marques como berço de formação de nossas crianças e jovens ao longo destes 116 anos de excelentes serviços prestados em prol da educação local e regional.  O cenário atual é desafiador, mas a persistência em trilhar e buscar bons caminhos para uma educação bem alicerçada diminuirá as barreiras posteriores para nossos estudantes. O Ferreira Marques é um exemplo primordial para a região onde uma instituição escolar está enraizada, abraçada e fortemente apoiada pela comunidade e pelo poder público municipal.   


Imagem 01: Foto Rogério Belizario, em 30/05/2025.


sábado, 3 de maio de 2025

Livro Igreja Matriz do Divino Espírito Santo

Em 29/4/25, na Sede da Secretaria de Cultura de Guarará, foi lançado o livro “Igreja Matriz Do Divino Espírito Santo”, uma obra do pesquisador e historiador Rodrigo Machado Alves.

O trabalho foi iniciado em 2022 e se estendeu até meados de 2024. A obra foi financiada com recursos da Lei Aldir Blanc e reforçou o resgate da história e memória promovido na cidade Guarará.

Após quase dois séculos de carência de informações registradas numa só publicação, o livro veio para juntar aquilo que foi possível recuperar com o que se encontrava disperso em diferentes lugares. O livro traz o propósito de tornar a história da Matriz do Divino Espírito Santo de Guarará conhecida pela comunidade local e regional.

Apesar de o livro abranger diversos pontos até então desconhecidos por grande parte da população, ainda temos questões que não foram possíveis de serem respondidas, em especial o acesso à documentação original de formação da Igreja e do Curato do Espírito Santo, datada de 20/7/1828. Quanto a este tema emblemático e de suma importância para a história da Igreja e da cidade de Guarará em si, as pesquisas continuam, embora sem resultados, e todos são convidados a contribuir.

Com mais esta publicação, buscamos incentivar o resgate do passado e das raízes de Guarará e assim estimular outros cidadãos a colaborar com essa prazerosa tarefa de trazer a história antiga de nossa terra ao conhecimento amplo. Este livro não para por aqui e busca material e pessoas para fomentar uma nova edição em breve.

O livro impresso encontra-se disponível de forma gratuita na Secretaria de Cultura de Guarará. Para o leitor que desejar uma via em PDF, basta enviar sua solicitação no seguinte e-mail: esportecultura@guarara.mg.gov.br.

Um pouco do lançamento do livro pode ser conferido no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=SfJNI8Lo3VY



 


 

quinta-feira, 20 de março de 2025

Livro - Município de Guarará

 

Um dos mais importantes e significativos registros preservados sobre as cidades de Minas Gerais é o Livro Minas Gerais e seus Municípios, lançado em 1916, pelo jornalista de origem italiana Roberto Capri.

O livro é rico em imagens e traz dados estatísticos precisos daquela época nas cidades contempladas. O levantamento foi realizado junto às secretarias das Câmaras Municipais. No passado, as câmaras detinham o controle completo da vida municipal, pois era ela que arrecadava os impostos e fiscalizava de forma implacável a conduta de pessoas e as atividades agrícolas, comerciais e industriais a fim de evitar distorções e fraudes na cobrança dos encargos.

Cada município contemplado no álbum recebeu uma edição extra separada do contexto geral. Esta edição trazia a capa sobre o município e os fatos e levantamentos históricos pertinentes ao mesmo. Esta edição especial era idêntica ao livro geral, mas se diferenciava por ter apenas o município em questão, não abrangendo os demais.

A Câmara de Guarará em 1916 adquiriu junto ao editor cerca de 500 exemplares dessa edição extra, contendo somente as informações sobre seu município. Os exemplares “Município de Guarará” foram distribuídos nos distritos e na sede. Com o passar das décadas, este precioso material histórico foi se perdendo. Atualmente existem pouquíssimos exemplares disponíveis.

A perda quase total deste precioso livro ao longo de 107 anos reflete a falta de conhecimento na preservação dos objetos históricos em Guarará e região. Muitos vestígios da história local e regional se perderam por completo sem chegar ao conhecimento das gerações atuais por falta de conscientização em preservar aquilo que foi produzido e deixado como herança pelos antigos habitantes. Precisamos reverter essa situação com urgência a fim de deixar um legado histórico para as gerações vindouras sobre nossas cidades.

Quem desejar uma cópia completa deste livro basta solicitar através do e-mail esportecultura@guarara.mg.gov.br.








quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Hino de Guarará

 

A criação do Hino de Guarará se deve ao maestro e compositor Sebastião Lima, que nasceu na cidade mineira de Miraí, em 1918. Ele foi um conceituado criador de hinos municipais em diversas cidades do Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. Seu talento era fantástico e isso proporcionou muitos contatos nesses estados que lhe renderam bons frutos.

A apresentação do hino à comunidade e às autoridades foi em março de 1985, na gestão do Prefeito Antero Dias da Rocha, sendo um dos mais belos da região.  A partir do mês de abril, ele passou a fazer parte dos eventos cívicos e festivos da cidade, recebendo grande aceitação por parte da população. A letra do hino levou em conta vários aspectos históricos da localidade.

A presença do conceituado maestro em Guarará foi por intermédio do Cel. José Luiz de Mello Campos, após eles se conhecerem em eventos do círculo militar no Rio de Janeiro, já que Sebastião Lima era tenente e maestro da Aeronáutica.

Sua memória entre os antigos moradores de Guarará permanece viva por ocasião de suas visitas à cidade entre 1984 e 1986. O maestro Sebastião Lima faleceu em 1996 na cidade de Curitiba, no Paraná, deixando um fabuloso legado nas cidades por onde passou.


***Hino de Guarará, letra e música do Maestro Sebastião Lima.


Quando em festa o futuro chegou

Com seu manto de Luz sobre a mata

Toda a agreste beleza acordou

Qual semente que em flor se desata

Na paisagem do mais puro encanto

A Capela se fez construir

Surge a Vila do Espírito Santo

Antevendo brilhante porvir

 

Quanto adoro, este torrão

E este céu de puro anil

Moras em, meu coração

Jóia rara de imenso Brasil

Guarará és minha vida

Com orgulho hei de sempre dizer

Guarará terra querida

Sou teu filho e por ti vou viver

 

O Divino Espírito Santo

Abençoa e protege este chão

Onde tudo é riqueza e encanto

Berço amigo de paz e união

Rios e a cascata borbulhante

As fostes de águas minerais

Te tornaram tão bela e pujante

Filha altiva de Minas Gerais


Foto 01: Maestro Sebastião Lima e o Prefeito Antero Dias da Rocha, em Agosto de 1984, na Sede da Prefeitura. Crédito da Imagem: Antônio Carlos da Rocha.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Emancipação de Maripá

 

O resgate da historiografia de nossa região vem ganhando novos materiais de divulgação a cada ano. Agora chegou a vez de conhecermos um pouco da história que levou à Emancipação do Distrito de Maripá em 1962, uma emocionante volta ao tempo marcada por depoimentos e imagens que buscam enriquecer a história daquela comunidade e seus primeiros anos de cidade autônoma após 1962.

Um documentário riquíssimo em detalhes que deixará eternizado na história a fala de vários cidadãos e cidadãs que fazem parte do cotidiano daquela localidade. Iniciativas iguais precisam ganhar espaço e adeptos em toda a região, pois essa é uma importante forma de preservar e tornar acessível ao público a história de formação das cidades ao redor. Por meio de ações neste sentido ocorridas em Bicas, Guarará e agora em Maripá de Minas, temos a possibilidade real de conectar nossa história e torná-la acessível através das diversas plataformas digitais.


LINK DE ACESSO AO DOCUMENTÁRIO:


https://www.youtube.com/watch?v=PMPcnbGSiQ0






segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Descaminhos do Ouro e Ciclo Rota

 

Os descaminhos do ouro tinham como rota de passagem no final do século XVIII e início do século XIX a área que corresponde hoje à cidade de Guarará-MG.

Naqueles tempos remotos, todo esse território era cercado por densas áreas de matas com seus ribeirões e córregos envoltos entre montanhas e vales que dificultavam a locomoção de pessoas e cargas, entre as províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mais difícil e complicado para a Coroa Portuguesa era estabelecer uma logística para definir pontos de fiscalização nesta extensa região, quase inabitada pelo homem branco.

A presença de índios nativos hostis ao homem branco e animais ferozes era outro fator inibidor para a povoação desta vasta região denominada de área proibida dos sertões do leste. Foi neste misto de dificuldades e barreiras, aliado a falta de pessoal para promover a fiscalização e até mesmo quem pudesse conhecer o território desse espaço geográfico fechado por parte da Coroa Portuguesa, é que se criou um ambiente propício para as rotas de contrabando do outro produzido nas regiões em torno de Vila Rica e Mariana principalmente.

As rotas do descaminho do ouro se popularizaram nas décadas finais do século XVIII, trazendo evasão de divisas para a Capitania de Minas Gerais e constantes cobranças por fiscalização por parte da Coroa Portuguesa que via sua arrecadação cair drasticamente. Com essas rotas, iniciou-se aos poucos o povoamento da região.

Alguns dos contrabandistas, com o tempo, fixaram pequenas moradas provisórias em certos pontos para uma melhor logística de suas viagens, visando fugir da fiscalização do quinto. Foi assim que, aos poucos, essa região acabou sendo desbravada, mesmo que lentamente. Diante de tal fato, o Governo de Minas Gerais viu-se obrigado a dar fim a tal situação e não teve alternativa se não permitir a colonização desta enorme área, já que a própria extração do outro estava em esgotamento.

A forma encontrada para oficializar a povoação da área proibida dos sertões do leste, onde estavam as rotas do descaminho do ouro, de forma ordeira e controlada pelas autoridades, foi através da concessão de cartas de sesmarias aos interessados que faziam a solicitação à Capitania de Minas Gerais. O procedimento poderia levar bastante tempo ou não, dependendo da influência política e social do solicitante. Mesmo quem já estava morando na região de forma irregular poderia solicitar sua sesmaria e assim regularizar sua situação perante o governo. A concessão funcionou de forma limitada e frágil, atendendo a interesses em muitas ocasiões até 1822, quando foram interrompidas.

Baseado neste contexto histórico, a região do descaminho do ouro, que hoje compreende a cidade de Guarará e seus distritos, Bicas até 1923 e Maripá até 1962, começou a ser povoada a partir da década de 1780, mesmo que de forma ilegal e esparsa. A primeira moradora de que se tem notícia foi Maria Luiza do Carmo, a “Velha Araújo”, uma senhora que faleceu na Vila do Guarará, em 1892, aos 110 anos, e que dizia ter visto o desbravamento dessas terras, antes cobertas de matas. Fonte: Jornal O Guarará, 28/08/1892.

As estradas, na verdade, eram trilhos abertos de forma rudimentar em regiões mais favoráveis no interior das densas florestas úmidas, onde se derrubavam árvores e as aproveitavam para a construção de pontes improvisadas a fim de fazer a passagem de um trecho para o outro em trechos de encostas, córregos e brejos. E esses trilhos conhecidos como picadas, aos poucos foi dando espaço às rotas do descaminho e depois a passagem dos tropeiros entre a região dos Três Rios, sentido a Mar de Espanha, deslocando pelas terras que seriam o curato do Espírito Santo (Guarará) seguindo através do Desengano para a Saracura, hoje Bicas (passando abaixo da Serra das Bicas) até se conectar com o caminho que levaria a São João Nepomuceno, após o fim do ciclo de ouro.

Com o fim da produção aurífera, as rotas do descaminho cessaram a sua finalidade, mas continuaram a ser usadas para o comércio e a povoação desta imensa região. E, assim, foram surgindo os arraiais, curatos e distritos que posteriormente levaram a formação das cidades que conhecemos hoje em dia.  

Parte dos vestígios desse descaminho do ouro passa por Guarará, assim como outras cidades na região. Em nosso município, a Ciclo Rota está inserida no Caminho para o Louriçal, que passa na área urbana e segue pelas Comunidades Rurais de São Joaquim e Volta Grande, sentido ao Distrito de Engenho Novo (Mar de Espanha). A rota entre o centro de Guarará e a área central do Distrito de Engenho Novo gira em torno de 16 km. O trecho apresenta paisagens exuberantes entre morros e vales cortados por ribeirões e pontes.

Numa ação inovadora voltada ao passado histórico, foi pensada a implantação da Ciclo Rota dos Descaminhos do Ouro. Esta parceria entre o Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas, Governo de Minas e Prefeituras de 15 cidades visa incentivar o Turismo, através da contemplação da arquitetura antiga, da culinária e das tradições, aliada à exuberante natureza cercada por matas, riachos, morros e vales, com seus contornos. Assim, levamos uma parte preciosa de nossa História desconhecida ao conhecimento público.


Foto 01: Acima a esquerda, caminho da Ciclo Rota para a Comunidade São Joaquim, sentido Engenho Novo (Mar de Espanha).


Foto 02: A direita da estrada quem vai da Comunidade São Joaquim com destino a localidade de Volta Grande, temos o contorno do Ribeirão Espírito Santo, ladeado por montanhas e vales verdes.

Foto 03: Comunidade da Volta Grande, já nas proximidades do limite com o Distrito de Engenho Novo. Podemos ver belas paisagens cercadas por morros no caminho da Ciclo Rota.


Foto 04: Totén dos Descaminhos do Ouro e da Ciclo Rota instalado na entrada da Praça do Divino, em Guarará.


Foto 05: Descrição da Rota Estrada para Louriçal, o qual Guarará faz parte junto com outras cidades como Bicas e Mar de Espanha.


Foto 06: Sinalização da Ciclo Rota em Guarará na Rua Bias Fortes, nas proximidades da saída para Engenho Novo.


Foto 07: Mapa dos Descaminhos do Ouro e todo percurso da Ciclo Rota partindo de Rio Pomba até chegar em Chiador. Fonte: Circuito Caminhos Verdes de Minas.