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quinta-feira, 20 de março de 2025

Livro - Município de Guarará

 

Um dos mais importantes e significativos registros preservados sobre as cidades de Minas Gerais é o Livro Minas Gerais e seus Municípios, lançado em 1916, pelo jornalista de origem italiana Roberto Capri.

O livro é rico em imagens e traz dados estatísticos precisos daquela época nas cidades contempladas. O levantamento foi realizado junto às secretarias das Câmaras Municipais. No passado, as câmaras detinham o controle completo da vida municipal, pois era ela que arrecadava os impostos e fiscalizava de forma implacável a conduta de pessoas e as atividades agrícolas, comerciais e industriais a fim de evitar distorções e fraudes na cobrança dos encargos.

Cada município contemplado no álbum recebeu uma edição extra separada do contexto geral. Esta edição trazia a capa sobre o município e os fatos e levantamentos históricos pertinentes ao mesmo. Esta edição especial era idêntica ao livro geral, mas se diferenciava por ter apenas o município em questão, não abrangendo os demais.

A Câmara de Guarará em 1916 adquiriu junto ao editor cerca de 500 exemplares dessa edição extra, contendo somente as informações sobre seu município. Os exemplares “Município de Guarará” foram distribuídos nos distritos e na sede. Com o passar das décadas, este precioso material histórico foi se perdendo. Atualmente existem pouquíssimos exemplares disponíveis.

A perda quase total deste precioso livro ao longo de 107 anos reflete a falta de conhecimento na preservação dos objetos históricos em Guarará e região. Muitos vestígios da história local e regional se perderam por completo sem chegar ao conhecimento das gerações atuais por falta de conscientização em preservar aquilo que foi produzido e deixado como herança pelos antigos habitantes. Precisamos reverter essa situação com urgência a fim de deixar um legado histórico para as gerações vindouras sobre nossas cidades.

Quem desejar uma cópia completa deste livro basta solicitar através do e-mail esportecultura@guarara.mg.gov.br.








quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Hino de Guarará

 

A criação do Hino de Guarará se deve ao maestro e compositor Sebastião Lima, que nasceu na cidade mineira de Miraí, em 1918. Ele foi um conceituado criador de hinos municipais em diversas cidades do Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais. Seu talento era fantástico e isso proporcionou muitos contatos nesses estados que lhe renderam bons frutos.

A apresentação do hino à comunidade e às autoridades foi em março de 1985, na gestão do Prefeito Antero Dias da Rocha, sendo um dos mais belos da região.  A partir do mês de abril, ele passou a fazer parte dos eventos cívicos e festivos da cidade, recebendo grande aceitação por parte da população. A letra do hino levou em conta vários aspectos históricos da localidade.

A presença do conceituado maestro em Guarará foi por intermédio do Cel. José Luiz de Mello Campos, após eles se conhecerem em eventos do círculo militar no Rio de Janeiro, já que Sebastião Lima era tenente e maestro da Aeronáutica.

Sua memória entre os antigos moradores de Guarará permanece viva por ocasião de suas visitas à cidade entre 1984 e 1986. O maestro Sebastião Lima faleceu em 1996 na cidade de Curitiba, no Paraná, deixando um fabuloso legado nas cidades por onde passou.


***Hino de Guarará, letra e música do Maestro Sebastião Lima.


Quando em festa o futuro chegou

Com seu manto de Luz sobre a mata

Toda a agreste beleza acordou

Qual semente que em flor se desata

Na paisagem do mais puro encanto

A Capela se fez construir

Surge a Vila do Espírito Santo

Antevendo brilhante porvir

 

Quanto adoro, este torrão

E este céu de puro anil

Moras em, meu coração

Jóia rara de imenso Brasil

Guarará és minha vida

Com orgulho hei de sempre dizer

Guarará terra querida

Sou teu filho e por ti vou viver

 

O Divino Espírito Santo

Abençoa e protege este chão

Onde tudo é riqueza e encanto

Berço amigo de paz e união

Rios e a cascata borbulhante

As fostes de águas minerais

Te tornaram tão bela e pujante

Filha altiva de Minas Gerais


Foto 01: Maestro Sebastião Lima e o Prefeito Antero Dias da Rocha, em Agosto de 1984, na Sede da Prefeitura. Crédito da Imagem: Antônio Carlos da Rocha.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

Emancipação de Maripá

 

O resgate da historiografia de nossa região vem ganhando novos materiais de divulgação a cada ano. Agora chegou a vez de conhecermos um pouco da história que levou à Emancipação do Distrito de Maripá em 1962, uma emocionante volta ao tempo marcada por depoimentos e imagens que buscam enriquecer a história daquela comunidade e seus primeiros anos de cidade autônoma após 1962.

Um documentário riquíssimo em detalhes que deixará eternizado na história a fala de vários cidadãos e cidadãs que fazem parte do cotidiano daquela localidade. Iniciativas iguais precisam ganhar espaço e adeptos em toda a região, pois essa é uma importante forma de preservar e tornar acessível ao público a história de formação das cidades ao redor. Por meio de ações neste sentido ocorridas em Bicas, Guarará e agora em Maripá de Minas, temos a possibilidade real de conectar nossa história e torná-la acessível através das diversas plataformas digitais.


LINK DE ACESSO AO DOCUMENTÁRIO:


https://www.youtube.com/watch?v=PMPcnbGSiQ0






segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Descaminhos do Ouro e Ciclo Rota

 

Os descaminhos do ouro tinham como rota de passagem no final do século XVIII e início do século XIX a área que corresponde hoje à cidade de Guarará-MG.

Naqueles tempos remotos, todo esse território era cercado por densas áreas de matas com seus ribeirões e córregos envoltos entre montanhas e vales que dificultavam a locomoção de pessoas e cargas, entre as províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Mais difícil e complicado para a Coroa Portuguesa era estabelecer uma logística para definir pontos de fiscalização nesta extensa região, quase inabitada pelo homem branco.

A presença de índios nativos hostis ao homem branco e animais ferozes era outro fator inibidor para a povoação desta vasta região denominada de área proibida dos sertões do leste. Foi neste misto de dificuldades e barreiras, aliado a falta de pessoal para promover a fiscalização e até mesmo quem pudesse conhecer o território desse espaço geográfico fechado por parte da Coroa Portuguesa, é que se criou um ambiente propício para as rotas de contrabando do outro produzido nas regiões em torno de Vila Rica e Mariana principalmente.

As rotas do descaminho do ouro se popularizaram nas décadas finais do século XVIII, trazendo evasão de divisas para a Capitania de Minas Gerais e constantes cobranças por fiscalização por parte da Coroa Portuguesa que via sua arrecadação cair drasticamente. Com essas rotas, iniciou-se aos poucos o povoamento da região.

Alguns dos contrabandistas, com o tempo, fixaram pequenas moradas provisórias em certos pontos para uma melhor logística de suas viagens, visando fugir da fiscalização do quinto. Foi assim que, aos poucos, essa região acabou sendo desbravada, mesmo que lentamente. Diante de tal fato, o Governo de Minas Gerais viu-se obrigado a dar fim a tal situação e não teve alternativa se não permitir a colonização desta enorme área, já que a própria extração do outro estava em esgotamento.

A forma encontrada para oficializar a povoação da área proibida dos sertões do leste, onde estavam as rotas do descaminho do ouro, de forma ordeira e controlada pelas autoridades, foi através da concessão de cartas de sesmarias aos interessados que faziam a solicitação à Capitania de Minas Gerais. O procedimento poderia levar bastante tempo ou não, dependendo da influência política e social do solicitante. Mesmo quem já estava morando na região de forma irregular poderia solicitar sua sesmaria e assim regularizar sua situação perante o governo. A concessão funcionou de forma limitada e frágil, atendendo a interesses em muitas ocasiões até 1822, quando foram interrompidas.

Baseado neste contexto histórico, a região do descaminho do ouro, que hoje compreende a cidade de Guarará e seus distritos, Bicas até 1923 e Maripá até 1962, começou a ser povoada a partir da década de 1780, mesmo que de forma ilegal e esparsa. A primeira moradora de que se tem notícia foi Maria Luiza do Carmo, a “Velha Araújo”, uma senhora que faleceu na Vila do Guarará, em 1892, aos 110 anos, e que dizia ter visto o desbravamento dessas terras, antes cobertas de matas. Fonte: Jornal O Guarará, 28/08/1892.

As estradas, na verdade, eram trilhos abertos de forma rudimentar em regiões mais favoráveis no interior das densas florestas úmidas, onde se derrubavam árvores e as aproveitavam para a construção de pontes improvisadas a fim de fazer a passagem de um trecho para o outro em trechos de encostas, córregos e brejos. E esses trilhos conhecidos como picadas, aos poucos foi dando espaço às rotas do descaminho e depois a passagem dos tropeiros entre a região dos Três Rios, sentido a Mar de Espanha, deslocando pelas terras que seriam o curato do Espírito Santo (Guarará) seguindo através do Desengano para a Saracura, hoje Bicas (passando abaixo da Serra das Bicas) até se conectar com o caminho que levaria a São João Nepomuceno, após o fim do ciclo de ouro.

Com o fim da produção aurífera, as rotas do descaminho cessaram a sua finalidade, mas continuaram a ser usadas para o comércio e a povoação desta imensa região. E, assim, foram surgindo os arraiais, curatos e distritos que posteriormente levaram a formação das cidades que conhecemos hoje em dia.  

Parte dos vestígios desse descaminho do ouro passa por Guarará, assim como outras cidades na região. Em nosso município, a Ciclo Rota está inserida no Caminho para o Louriçal, que passa na área urbana e segue pelas Comunidades Rurais de São Joaquim e Volta Grande, sentido ao Distrito de Engenho Novo (Mar de Espanha). A rota entre o centro de Guarará e a área central do Distrito de Engenho Novo gira em torno de 16 km. O trecho apresenta paisagens exuberantes entre morros e vales cortados por ribeirões e pontes.

Numa ação inovadora voltada ao passado histórico, foi pensada a implantação da Ciclo Rota dos Descaminhos do Ouro. Esta parceria entre o Circuito Turístico Caminhos Verdes de Minas, Governo de Minas e Prefeituras de 15 cidades visa incentivar o Turismo, através da contemplação da arquitetura antiga, da culinária e das tradições, aliada à exuberante natureza cercada por matas, riachos, morros e vales, com seus contornos. Assim, levamos uma parte preciosa de nossa História desconhecida ao conhecimento público.


Foto 01: Acima a esquerda, caminho da Ciclo Rota para a Comunidade São Joaquim, sentido Engenho Novo (Mar de Espanha).


Foto 02: A direita da estrada quem vai da Comunidade São Joaquim com destino a localidade de Volta Grande, temos o contorno do Ribeirão Espírito Santo, ladeado por montanhas e vales verdes.

Foto 03: Comunidade da Volta Grande, já nas proximidades do limite com o Distrito de Engenho Novo. Podemos ver belas paisagens cercadas por morros no caminho da Ciclo Rota.


Foto 04: Totén dos Descaminhos do Ouro e da Ciclo Rota instalado na entrada da Praça do Divino, em Guarará.


Foto 05: Descrição da Rota Estrada para Louriçal, o qual Guarará faz parte junto com outras cidades como Bicas e Mar de Espanha.


Foto 06: Sinalização da Ciclo Rota em Guarará na Rua Bias Fortes, nas proximidades da saída para Engenho Novo.


Foto 07: Mapa dos Descaminhos do Ouro e todo percurso da Ciclo Rota partindo de Rio Pomba até chegar em Chiador. Fonte: Circuito Caminhos Verdes de Minas.

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Biografia do 2º Barão de Catas Altas

 

Neste mês celebramos o 1º centenário de falecimento do 2º Barão de Catas Altas (Antônio José Gomes Bastos). Ele, ao lado de outros correligionários, foi o responsável por conduzir a emancipação do antigo Distrito do Espírito Santo, em 05/12/1890.  Ele se destacou como uma das grandes personalidades de nossa terra a partir da década de 1860 até seu falecimento em 03/11/1924. Em homenagem ao seu legado e à sua memória, transcrevemos a seguir um resumo de sua rica biografia.

Nasceu na fazenda do Campestre, no Arraial do Espírito Santo (atual Guarará), Minas Gerais, em 29 de junho de 1840. Foi um tropeiro, agricultor, militar, político e nobre brasileiro. Recebeu o título de 2º Barão de Catas Altas, em 23 de dezembro de 1887. Foi o primeiro Presidente da Intendência da Vila do Guarará e um dos maiores idealizadores de sua criação. Era proprietário de uma grande fazenda de café no distrito de Bicas. Foi uma das principais figuras, senão a maior em relevância histórica, no período que vai de 1890 a 1920, em Guarará e Bicas, na Zona da Mata Mineira.

Antônio José Gomes Bastos era filho de José Joaquim Gomes (1810-1849) e de Maria Silveria Bastos (1815-1905). Seus pais transferiram-se, em 1833, de Queluz para o então Arraial do Espírito Santo, onde abriram e fundaram, no futuro Arraial das Bicas, a "Fazenda do Campestre" e foi aí que ele nasceu em 29 de junho de 1840. Em 1849, aos 9 anos, morre-lhe o pai e ele, órfão, foi morar com o tio e padrinho, Antônio Alves Barbosa, casado com Ana Joaquina de Jesus, irmã de sua mãe,  que o criou e cuidou de seus estudos até a maioridade.

Os primeiros estudos foram realizados na escola primária que funcionava na Rua Santa Rita, no Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha (hoje Guarará), depois, em 1855, seu tio o matriculou em um internato em Barbacena onde ele se tornaria aluno do padre José Joaquim Corrêa de Almeida, grande poeta e exímio latinista, além de um apreciado músico de sua época.

Ao término dos estudos, Antônio José abandona a vida acadêmica e dedica-se à lavoura e, em pouco, à atividade que mais prosperava na época, o comércio das tropas (mascate), comércio este que crescia e oferecia as melhores possibilidades para o crescimento econômico. Tornou-se assim um grande e respeitado tropeiro, adquiriu animais (algo em torno de 100 muares) e, entre os anos 1860 e 1865 aproximadamente, percorreu as províncias de Minas Gerais ao Rio de Janeiro. Além destas viagens pelo sertão, tinha ele, como o maior centro de suas atividades, a corte, como era então chamada à cidade do Rio de Janeiro. Aos poucos, devido a esta classe específica de negócios, ele estreitou relacionamentos com as mais importantes firmas daquela praça, justamente as que mais careciam dos serviços de tropeiro prestados por ele.

Em 8 de novembro de 1866, aos 26 anos, ele se casa com Clara Rosalina Gomes Baião e o casal passa a residir nas terras que ele possuía no Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha, o assim chamado "Sítio da Experiência", onde ele se fixa definitivamente, abandonando a vida de tropeiro e, em pouco, ele se torna um próspero lavrador.

Em 1867, no início do ano, ele é remanejado e promovido de 3º para 1º suplente do subdelegado do Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha.

Dado o seu temperamento e por força das necessidades do meio e da época, dedicou parte de suas atividades à política. Filiou-se ao Partido Liberal e, quase que de imediato, dada a morte do chefe do partido, tornou-se ele o chefe do mesmo, no distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha.

Alguns anos depois, em 15 de junho de 1881, ele recebe duas comendas: é agraciado com o título honorífico de Cavaleiro da Ordem da Rosa e com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo. Dois anos depois, em 1883, é eleito vereador para representar o Distrito do Espírito Santo na Câmara de Mar de Espanha, com legislatura até 1886. Pouco depois, em 23 de dezembro de 1887, ele é agraciado com o título de 2º Barão de Catas Altas, conforme diz o Annuário Genealógico Brasileiro.

Em 1 de junho de 1884, ele participa da criação, da instalação e torna-se conselheiro do Centro Agrícola do Município do Mar de Espanha. Em 1886, ele participa da criação de uma associação para promover os produtos e os produtores locais nas feiras e exposições Agrícola-industriais, nacionais e regionais.

Em 1889, figura com destaque dentre os grandes fazendeiros e produtores rurais da região. Fora também ele um dos fundadores do Clube Republicano de Mar de Espanha, um dos primeiros da Província, do qual se tornou presidente. Pouco depois, fundou o Partido Republicano no Espírito Santo do Mar de Espanha, algo que viria facilitar os caminhos em prol da emancipação.

Em 1890, com a criação da Villa do Guarará, o 2º Barão de Catas Altas foi nomeado Presidente da Intendência, pelo governo provisório. Neste mesmo ano, ele figura entre as lideranças que apoiam a mudança da capital mineira para um ponto mais conveniente dentro do estado, visto que Ouro Preto já não oferecia estrutura urbana que atendesse à expansão em curso.

Pouco depois, em 22 de janeiro de 1891, com o advento do Decreto 343, o Espírito "Santo do Mar do Espanha" passa a denominar-se “Villa do Guarará” e o 2º Barão de Catas Altas assume a Presidência da Intendência Municipal até as eleições de 1892. Com as eleições de 1892, em 7 de março, toma posse a sua 1ª Câmara Municipal e, com isso, o 2º Barão vitorioso no pleito é empossado Agente Executivo e ocupa ao mesmo tempo, a Presidência da Câmara, até o final de 1892. O topônimo "Guarará" surgiu para a definição do município sem qualquer referência aborígene e sim para propor uma homenagem do Barão à esposa Clara Rosalina, que nascera em Santana dos Montes, numa fazenda com esse nome, onde passa o ribeirão Guarará.

Em 13 de maio de 1897, por sua iniciativa, é criado e instalado o Centro Agrícola de Guarará. Esta organização ou associação tinha como princípio promover o progresso e o desenvolvimento da lavoura. O Barão, além de ser o principal idealizador, foi o presidente da associação recém-criada.

Em 1898, ele, além de delegado de Guarará, era também inspetor de ensino municipal. E ainda neste mesmo ano, por sua iniciativa, reorganiza-se do Partido Constitucional do Município de Guarará. Este partido tinha em sua composição as grandes figuras da política guararense. No ano seguinte, nas eleições municipais de novembro de 1900, ele é derrotado pela chapa de oposição liderada pelo Dr. Emílio Luiz Rodrigues Horta.

Ainda chegou a ocupar o cargo de vereador e juiz de paz, além de outros títulos beneméritos, ainda no período distrital, como Tenente Coronel da Guarda Nacional, Suplente do Juiz Municipal e de Órfãos, Secretário do Colégio Eleitoral de Mar de Espanha. Em 1907, recebe do papa Pio X uma benção especial para si e sua família, até a terceira geração.

Em 27 de julho de 1920, morre sua esposa Clara Rosalina Gomes Baião, a baronesa de Catas Altas, aos 76 anos (12 de agosto de 1844 - 27 de julho de 1920). Fora ela sua única e inseparável companheira. Antônio e Clara casaram-se na Fazenda Guarará, em Itaverava, Queluz, em 08 de novembro de 1866.  Como diria de próprio punho o filho de ambos, Sebastião Gomes Baião: “... Tinha ele ainda diretas ligações de parentesco com os da casa e, enamorando-se de uma das primas, com ela se consorciou em 1866.” Clara era filha do Alferes José Francisco Baião e Rosa Angélica Barbosa.

Participou da primeira diretoria do Clube Biquense, que foi eleita em 1924, como membro honorário. Quando ocorreu a visita do Governador Mello Vianna em Bicas, no início de novembro de1924 não houve fogos e nem música, em respeito ao seu frágil estado de saúde.

O 2º Barão faleceu 4 anos após a morte da esposa, no dia 3 de novembro de 1924, em seu palacete no município de Bicas, sendo sepultado no dia seguinte. A sua morte levou consigo o último dos seis barões, que tiveram seus nomes gravados na história da região.

Deixou grande legado na política e na história da Vila do Guarará por suas ações em prol da localidade, desde a época distrital. No seu período à frente da cidade, deu o pontapé para várias obras de infraestrutura na sede e nos distritos, numa época de grandes dificuldades e carências que nossa terra vivenciava.

Foram oito os filhos do casamento entre Antônio José e Clara Rosalina, cuja boa parte viveu em Bicas, além de inúmeros netos. Os filhos foram:

1-         Antônio Alberto Gomes Baião, casado com Ana Guilhermina Monteiro Bastos;

2-         Antônio Carlos Gomes Baião, casado com Nizia Gomes;

3-         Sebastião Gomes Baião, casado com Maria Cândida de Campos Bastos;

4-         Eduardo Gomes Baião, casado com Paulina Barroso Gomes;

5-         Antônio Júlio Gomes Baião, falecido criança;

6-         Maria Gomes Baião, solteira;

7-         Teresa Baião Gomes Marques, casada com Joaquim José Marques;

8-         Deomar Baião Gomes Campos, casada com o Cap. Antônio Cassimiro de Campos.


OBS.: Texto adaptado pelo Pesquisador e Historiador Rodrigo Machado Alves.




terça-feira, 1 de outubro de 2024

Padre Guerra

        

Conforme os escassos documentos consultados, ao que tudo indica, ele foi o primeiro Cura (Padre) residente no Curato do Espírito Santo. Ele aportou nessas terras por volta de 1840 e permaneceu ministrando o sacerdócio até seu falecimento devido a uma grave enfermidade em 1862. Mas nada impede que no futuro possam surgir novos registros acerca de outros sacerdotes que residissem no curato antes do período em questão. O levantamento de dados permanece complexo e cheio de lacunas.

O Cura Manoel Bonifácio de Souza Guerra era natural do Arraial da Glaura, localizado na cidade de Ouro Preto-MG. Ele foi batizado em 14/05/1809 na Paróquia de Santo Antônio da Casa Grande. Seus pais eram Manoel Francisco de Souza Guerra e Maria Leite de Menezes.  Seus irmãos eram Francisca Marciana de Assis e Castro, Manoel de Souza Guerra Filho, Teodora Graciana Leite de Menezes, Violante Sabina Leite de Menezes Guerra (morou no entorno do Distrito de Santo Antônio do Aventureiro) e Joaquim Hilário de Souza Guerra, que foi seu testamenteiro em 1862.

Informação de sua ordenação e nomeação é desconhecida até o momento. Ao que tudo indica, o Cura Guerra, como era conhecido em suas assinaturas, vivenciou momentos importantes na vida social e espiritual do Curato do Espírito Santo. Em 1841, são encontradas passagens como testemunha no inventário de Domingos Ferreira Marques, patrono de nossa terra. Foi durante sua permanência que a Igreja Matriz teve suas obras iniciadas em 1842 e finalizadas, anos depois, em 1852. O altar-mor, sacristia e capela do santíssimo, concluídas em 1857, foram sobre sua regência espiritual.

Segundo as informações acessadas, ele teve uma longa permanência no Curato do Espírito Santo, o mais longevo na função até hoje. Mas não sabemos se, no período compreendido entre 1840 e 1862, ele precisou se ausentar por algum tempo, substituído por outro sacerdote, ou se foi nomeado para outra localidade, tendo retornado depois, em razão de nenhuma documentação disponível.

Em 1849, foram encontradas no Cartório de Notas do Curato do Espírito Santo transações envolvendo aquisição de sítios pelo Cura Guerra. A primeira escritura era a respeito da compra de um sítio na localidade da Extrema. Pouco depois adquiriu outra propriedade no lugar conhecido como Cachoeira, que hoje fica um pouco antes da Ponte do Salomão, sentido Forquilha. Mesmo passando quase dois séculos de grandes transformações no meio rural de Guarará, algumas documentações de terras próximas aos locais citados ainda mencionam “Fazenda do Padre Guerra”.

Na ocasião de seu falecimento, conforme citado no testamento e nos autos do processo de inventário que ocorreu na Comarca de Mar de Espanha, ele residia numa propriedade denominada Sítio do Meio, no Curato do Espírito Santo. O sítio da Cachoeira foi mencionado no seu inventário, mas o da Extrema não foi citado, o que leva a supor que este imóvel tenha sido vendido anteriormente. Boa parte de seus bens foi usada para pagar grandes dívidas no decorrer do inventário.

Um fato curioso é que o Cura Guerra possuía 6 (seis) filhos naturais, vivendo com ele numa casa de sobrado no Sítio do Meio, até a sua morte em 07/05/1862, conforme consta no seu inventário. Eram eles: Samuel Paulino de Souza Guerra, com 22 anos, Benjamim Bonifácio de Souza Guerra, de 20 anos, Gertrudes de Menezes Guerra, com 18 anos, que posteriormente se casou com Francisco de Paula Guerra, Violante de Menezes Guerra, com 16 anos. Maria, de 13 anos, e a caçula Anna, com 8 anos. Um fato que chamou a atenção é que todos os seus filhos e filhas sabiam escrever com elegância, numa época em que a escrita era restrita a alguns homens.

O nome da mãe de seus filhos não está mencionado em momento algum nos documentos. No decorrer do inventário, foi identificada a presença de familiares seus e da sua suposta esposa vivendo no Curato do Espírito Santo e adjacências. O acompanhamento médico nos momentos finais ficou a cargo do Dr. Romualdo César Monteiro de Miranda Ribeiro, que residia em Paraybuna (Juiz de Fora).

Tanto o testamento quanto o inventário não mencionam onde foi o sepultamento do Padre Manoel Bonifácio de Souza Guerra. O testamento faz menção somente aos ritos fúnebres e missas por sua alma. O inventário não complementa nada a respeito do assunto. A assistência espiritual no decorrer de sua enfermidade ficou a cargo do vigário de Mar de Espanha, Joaquim dos Reis Menezes. Após o fim do inventário em 1867, o destino de seus filhos torna-se desconhecido daí em diante, mas a lembrança do Padre Guerra na memória popular permanece até os dias atuais em nossa cidade.


Imagem 01: Assinatura do Cura Guerra numa procuração no Curato do Espírito Santo em 1858.


Imagem 02: Nomes dos 6 filhos legítimos do Cura Guerra em 1862.

 

Imagem 03: Trecho do Inventário do Cura Guerra datado de 03/04/1862 no Curato do Espírito Santo. 

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Projeto Cartas de Memórias

 Buscando formas e meios para se preservar a História e a Memória de nossa terra, foi concebido o Projeto Cartas de Memórias. O objetivo é que as pessoas escrevam suas lembranças e recordações acerca de Guarará ao longo do tempo.

Todo tipo de conteúdo será bem-vindo. Uma oportunidade para eternizarmos parte das lembranças que não se apagaram da mente por meio de uma carta que ficará arquivada para consultas no presente e no futuro.

Convidamos a todos (as) para participarem e deixarem seu legado na preservação da memória de nossa terra guararense ao longo dos tempos.  Quem tiver dificuldades em redigir a carta, peça a colaboração de um conhecido ou familiar, e acima de tudo, não deixe de ajudar.


Meios de envio da carta:


*e-mail cartasdememoria@gmail.com

*fotografadas e enviadas no privado através do Facebook Guarará Patrimônio Histórico

*Aos cuidados de Eloíza no WhatsApp (32) 9843-3687