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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Linha de Bondes – Ferro Carril Guararense


A nostálgica linha de bondes movida por tração animal, que ligou as localidades de Guarará a Bicas entre 1899 até 1923 foi à sucessora da extinta Estrada de Ferro Guararense, que paralisou suas atividades em 1897. Esta foi à alternativa encontrada pelas autoridades municipais na ocasião para reaproveitar parte da infraestrutura existente e amenizar os custos com um novo meio de transporte eficiente e de baixo custo entre os dois locais naqueles tempos.

Os primeiros testes com o bonde de tração animal ocorreram no final de 1898 e foram conduzidos pela Câmara Municipal, com boa aceitação de acordo com publicações de periódicos da época, como a Gazeta de Guarará. Os bons resultados deram fôlego à ideia da instalação da linha de bondes pouco tempo depois. A via recebeu algumas modificações para adaptar os trilhos e a estrutura de tráfego anterior para receber os bondes. A inauguração realizou-se em 15/01/1899 com o 1º bonde saindo da Praça do Divino em direção a Estação de Bicas as 12:00 h.

A Câmara Municipal promoveu uma licitação que daria o direito de exploração do trecho para quem oferecesse o maior lance pela prestação dos serviços de bonde. O vencedor do primeiro contrato de exploração dos serviços da linha de bonde foi o Sr. Pascoal Lamoglia, que possuía uma oficina de caldeiraria e permaneceu por alguns anos a frente da função vencendo diversos certames públicos para a continuação da exploração da linha. Seu 1º contrato de cessão foi oficializado em 30/09/1898 através da Lei nº 05 com a chancela do Agente Executivo Cel. Álvaro Fernandes Dias. O curioso é que este contrato foi firmado antes do início dos testes de funcionalidade da linha.

A partir de 1904 outros cidadãos assumem a concessão da linha de bondes, dentre os quais destacamos: Antônio José da Costa Júnior, Manoel Portes da Silva e José Donato. A manutenção dos bondes e trilhos ficava a cargo da Câmara Municipal na maioria dos editais. Já a conservação dos bondes era por parte do vencedor da licitação, embora nem todos respeitassem essa questão.

A Resolução n° 207 de 18/05/1922 abriu caminho para os estudos de remodelação da Ferro Carril Guararense o que levaria ao fim do tráfego de bondes. A adaptação do seu leito para o trânsito de automóveis e congêneres seria concedida por hasta pública por um período não inferior a 10 anos e nem superior a 20 anos conforme acertado na comissão de Legislação e Redação da Câmara Municipal da Vila do Espírito Santo do Guarará.

O último contrato de concessão da Ferro Carril Guararense foi firmado nos termos do Edital de 28 de Setembro do ano corrente, sendo a proposta única feita em 25/11/1922 por Pedro Orlando. O responsável pela administração dos serviços de bondes anteriormente era o sr. Domingos Orlando desde 1917. Pouco tempo depois no segundo semestre de 1923, o tráfego da linha de bondes era oficialmente extinto pelo Agente Executivo Cap. José Vieira Camões. A intenção era para dar espaço à implantação de uma linha de ônibus ligando a Vila do Guarará a de Bicas a partir de 1924.

A linha de bondes se tornou defasada devido a vários fatores como a expansão e acessibilidade aos veículos automotores que passavam a circular em maior número na nossa região. Outro motivo foi à abertura de novas estradas de rodagem que visavam interligar e facilitar o tráfego de veículos automotores entre cidades e distritos em detrimento aos meios de transporte considerados menos ágeis. 

A ligação permanente entre os vários pontos de estradas abertos a partir de 1912 que existiam isolados entre Leopoldina e Juiz de Fora, no decorrer da década de 1920 foi mais um impulso ao crescente transporte rodoviário. Décadas depois a expansão da mobilidade rodoviária extinguiria os poucos trechos nostálgicos de ferrovia que existiam ativos na região.



Ponto final da Linha de Bondes na década de 1910. Ao fundo é possível ver a Estação de Bicas. No local onde está o bonde funciona atualmente a Prefeitura de Bicas. No passado o imóvel da fotografia pertenceu à família Farhat.


Ponto final da Linha de Bondes na parte inferior da Praça do Divino em Guarará na década de 1910. Neste registro é possível ver os trilhos com nitidez. Na imagem o bonde estava posicionado no sentido para Bicas.


Convite da Secretaria da Câmara da Villa do Espírito Santo do Guarará convidando para a solenidade de inauguração da Linha de Bondes em 15/01/1899.


Proposta feita pelo Sr. Pascoal Lamoglia para assumir a Linha de Bondes em 13/09/1898 que acabou sendo a vencedora.


O outro interessado em explorar os serviços da Linha de Bondes foi o Sr. Ladislau Rabello de Vasconcellos em 14/09/1898. 


sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Estrada de Ferro Guararense


Abaixo transcrevemos um pouco da interessante História da Estrada de Ferro Guararense, que o tempo lentamente vai se encarregando de apagar da memória dos antigos e dos registros históricos…

A idéia de construção da Estrada de Ferro Guararense surgiu na gestão do Agente Executivo Dr. Antero Dutra de Moraes em 1893. Seu objetivo inicial era ligar a Vila do Espírito Santo do Guarará a Estação Ferroviária de Bicas. Os projetos e trâmites para sua execução iniciaram no 2º semestre de 1893. Em alguns pontos por onde ia passar (Chácara, Areal e Rua do Bonde) foi necessário fazer desapropriações, algo que não agradou a todos na ocasião e que gerou paralisações nas obras. Atrasos nas indenizações e ações judiciais decorrentes do percurso da linha ferroviária contribuíram para o desgaste e prejuízo no caixa da obra. A falta de conhecimento técnico apropriado por parte de seus gestores e idealizadores também veio a retardar a finalização da pequena ferrovia de 5 km com bitola de 0,60.

A empresa que forneceu o maquinário e outros itens de tráfego foi a empresa Lidgerwood Manufacturing Co., Limited sediada nos EUA. As aquisições de materiais rodantes e peças iniciaram no final de 1894 vindas de sua unidade em Londres. Coube ao Agente Executivo Cel. Antônio Ribeiro de Oliveira e Silva finalizar as obras da Estrada de Ferro Guararense, que sofreu vários atrasos técnicos até sua inauguração em 23/07/1896.

Devido a diversos problemas entre eles a locomotiva não apropriada para o tipo de operação/trajeto, a Estrada de Ferro foi acumulando sérios problemas estruturais e prejuízos ao longo de 1896 até culminar na extinção do tráfego em 1897. Entre 1897 e 1898 foram feitas variadas tentativas de retomar a linha, mas essas ações terminaram sem sucesso e tornaram-se muito dispendiosas para os cofres da municipalidade aumentando as dívidas. Assim, encerrava-se de vez o curto período de funcionamento da Estrada de Ferro Guararense. O ideal teria sido a aquisição de uma locomotiva de maior capacidade de carga, já que o percurso era constituído de ladeiras e poucos trechos em linha reta, algo inviável de ser realizado por equipamentos menores na época.

Os trilhos foram reaproveitados para a abertura da futura linha de Bondes o qual veio ligar Guarará a Bicas entre 1899 a 1923. O material rodante da extinta Estrada de Ferro Guararense (locomotiva, vagão, girador e outras peças) foram leiloados após aprovação do Projeto de Lei nº 29 de 26/09/1900 ocorrido na gestão do Agente Executivo Cel. Álvaro Fernandes Dias. Atualmente, existem em torno de 200 documentos no Arquivo Municipal de Guarará que conta um pouco da curta história dessa pequena ferrovia. Num dos documentos vindos da sede da empresa que forneceu as peças e o maquinário é informado que foi enviado no final de 1894 um álbum contendo fotos da locomotiva, vagões e outros itens. Seu paradelo permanece um mistério. Infelizmente não sabemos se esse álbum chegou ao destino ou que fim veio a ter...

Com essa publicação buscamos resgatar um pouco do nosso passado com suas particularidades e assim, manter ativa nossa memória histórico-cultural na atualidade. Os fatos históricos precisam ser divulgados para que a maior quantidade possível de pessoas possa ter o conhecimento de sua existência. Um pouco mais sobre o tema pode ser pesquisado nos seguintes blogs do nosso amigo e colaborador Amarildo J. Mayrink:

http://guararahistoria.blogspot.com/2017/06/a-historia-da-estrada-de-ferro.html




A seguir listamos alguns documentos referentes a Estrada de Ferro Guararense:


Envelope padronizado datado de 1896.


Pedido de trilhos e locomotiva em 1893.


Orçamento para construção da Estação de Guarará em1894.


Balancete das obras  em 1895.


Recibo da prestação de serviços.


Edital de venda da  Estrada de Ferro 1896.


Publicação sobre Estradas de Ferro com Bitola 0,60 de 1892.


Comunicado de venda do material rodante da Estrada de Ferro em 1900.


quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

Documentos Históricos

 

Apresentamos um breve levantamento cronológico acerca dos fatos históricos mais relevantes ao longo da evolução e desenvolvimento do Distrito do Espírito Santo até chegar à Vila do Guarará.

Essas informações contemplam leis e decretos que passaram a reger os destinos desta terra e de seus habitantes ao longo dos tempos. É através da criação de leis, decretos e portarias por parte dos legisladores e autoridades constituídas, que a administração de uma cidade é formalizada, obtendo legitimidade perante a sociedade local e regional, além do governo estadual, federal e dos municípios circunvizinhos.

Este levantamento contempla os documentos abaixo que estão disponíveis no Arquivo Público Mineiro e Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que tem sido valiosas plataformas na difusão de material histórico a respeito das localidades mineiras. Infelizmente algumas leis não foram localizadas e permanecemos a sua procura.


A Lei nº 1466 citada acima elevou o Curato do Espírito Santo a categoria de Paróquia em 01/01/1868. Fonte: Arquivo Público Mineiro.


A Lei nº 2034 de 01/12/1873 formaliza a criação do Distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha. Fonte: Arquivo Público Mineiro.


Decreto nº 42 de 16/04/1890 elevando  o povoado de Córrego do Meio a categoria de Distrito de Paz com o nome de Maripá. Fonte: ALMG. 


Decreto n° 190 de 19/09/1890 elevando o Arraial das Taboas a Categoria de Distrito de Paz com a denominação de Bicas. Fonte: Câmara Municipal de Guarará.


Decreto nº 278 de 5/12/1890 elevando o Distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha a categoria de Vila. Fonte: Arquivo Público Mineiro.


Decreto n° 343 de 22/01/1891 mudando a denominação da recém criada Vila do Espírito Santo para Vila Guarará. Fonte: Arquivo Público Mineiro.


Lei nº 84 de 06/06/1894 alterado a denominação da Vila do Guarará para Vila do Espírito Santo do Guarará. Fonte: Arquivo Público Mineiro.


Decreto n° 4.748 de 17/04/1917 instalando o Termo Judiciário da Vila do Espírito Santo do Guarará. Fonte: Arquivo Público Mineiro.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Obelisco


No início de 1922 surgiu à ideia por parte da Câmara Municipal da Vila do Guarará, da construção de um Monumento ao Centenário de Independência do Brasil a ser comemorado em 07/09/1922. O local escolhido foi à entrada próxima a Praça do Divino Espírito Santo, bem em frente ao Grupo Escolar Ferreira Marques, que ainda funcionava num sobrado antigo. As obras foram iniciadas no final do 1º semestre, sendo concluídas em período próximo a data comemorativa do 1º Centenário de independência do Brasil.

Em 2022 o popular “Obelisco” irá comemorar seus 100 anos na Praça do Divino como um dos mais belos cartões postais da cidade. Ao longo de todo esse tempo o monumento presenciou diversos acontecimentos marcantes em nosso município e é peça fundamental na História e Memória de nossa terra.

Nas linhas seguintes apresentamos o relato da solenidade que levou a inauguração do Monumento ao 1º Centenário da Independência do Brasil em 07/09/1922. O texto pertence ao Jornal O Guarará – Ano VI, nº 164, com data de 10/09/1922, editado na Vila do Guarará. O mesmo foi transcrito pelo Sr Francisco Tânio de Oliveira que edita o Blog O Guararense.

 

Iº CENTENÁRIO DA REPÚBLICA EM GUARARÁ

A GRANDIOSA DATA DO 1º SÉCULO DE NOSSA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

 Iniciaram se, aqui, no dia 7, os festejos com uma salva de 21 tiros, á 1 hora, no alto de uma das colunas que circundam a nossa pitoresca Vila, anunciando a alvorada da tradicional e gloriosa data.

Às 5 horas, alvorada pela banda musical “Espiritosantense”, que percorreu a nossa “urbst”, ao estrugir de fogos, etc.

Às 11 horas, na Matriz, foi celebrada missa solene pelo Revdmo. Cônego Ângelo Rezende, em homenagem ao grande acontecimento.

Às 13 horas, a Câmara Municipal deu início a sessão comemorativa com o hasteamento da Bandeira, ouvindo se o Hino Nacional, falando eloquentemente o sr. cap. Aristides Leite, na qualidade de paraninfo do ato de Juramento á Bandeira, que fizeram os alunos do grupo escolar “Ferreira Marques”, formados em frente ao edifício municipal. O juramento proferiu-o, com garbo, a inteligente quartanista Serafina Rabelo. Os alunos entoaram, após, o Hino à Bandeira, no que foram auxiliados por diversas senhoritas da nossa sociedade.

Seguiu-se a sessão especial da nossa edilidade, no salão nobre das reuniões, que foi hábil e distintamente ornamentado, em cores nacionais pelo inteligente jovem Newton Gribel.

Repleto o recinto do que de mais seleto tem a sociedade guararense, assumiu a presidência da sessão no caráter de presidente da Câmara, em exercício, o coronel Francisco de Paula Retto Júnior, a quem devemos a iniciativa das festividades a que se procediam, proferindo s. s. substancioso discurso sobre as solenidades e convidando para tomarem assento á mesa os senhores vereadores capitães Emídio Braz dos Santos, Luís Fabris, Cônego Ângelo Resende, cel. Vitor Belfort de Arantes e cap. José Vieira Camões.

Reunida assim a Câmara, o sr. Presidente declarou aberta a sessão especial, em comemoração à nossa Independência e transformou-a após em sessão cívica. Convidou para tomarem parte na mesa os seguintes senhores: o nosso redator-chefe, cap. Afonso Leite, na qualidade de chefe político deste município, de real e incontestável prestigio; cap. Antônio José da Costa Júnior, como juiz municipal, em exercício, do Termo; Dr. Carlos de Ouro Preto Pereira e professor Luís de Freitas Santos, como oradores oficiais das festividades: tte. Pedro Leite, como diretor desta folha; cap. Antero Soares e Afonso Bressane de Araújo, como tabeliães deste Termo: cap. Laudelino Rabelo de Vasconcelos, como tesoureiro da Câmara: Hermann Gribel, como secretário da Câmara; dr. Vicente Bianco, como inspetor Escolar Municipal; cap. Gustavo André Marcelino de Paula, como representante das industrias: cap. Apolinário Camões, como representante do comercio; cap. José Alfredo Garcia, Juiz de Paz, em exercício; major José Álvares de Oliveira Júnior, na qualidade de escrivão de Paz, da Vila; tte. Luís Maroco, como representante da agricultura; José Domingos Ferreira, como representante do operariado, cap. Josino Ribeiro da Silva, adjunto do Promotor; cel. Arlindo Ribeiro, coletor federal, cap. Aristides Leite, como delegado de Polícia: Felix Neira, como representante da “Gazeta Municipal”, e as exmas sras. d. d. Maria de Matos Camões, como representante da mulher brasileira, e Gabriela Alves Prado, como diretora do grupo escolar “Ferreira Marques”.

Organizada a mesa, o sr. cel. Retto Júnior convidou para dirigir os trabalhos ao prestigiosíssimo e querido chefe do P. R. M. de Guarará, cap. Afonso Leite, que, ao assumir a presidência, foi saudado por demoradas vibrantes e acaloradas palmas da grande assistência, a cuja fidalguia o homenageado agradeceu sensibilizado concedendo a palavra ao orador oficial, dr. Carlos de Ouro Preto. O discurso deste brilhante intelectual, que é incontestavelmente um dos mais belos talentos da atual geração de professores mineiros, foi uma página eloquente, onde, através de um estilo elevado, ao alcance de bem poucos, se (...) um histórico completo de todos os acontecimentos políticos do Brasil desde o seu descobrimento até aos nossos dias. Carlos de Ouro Preto, com uma fecundidade inexcedível de imaginação e vocabulário, de idéias e civismo, soube manter-se numa altura, digna da admiração e do apreço de que goza no meio intelectual de Minas o seu nome de escritor emérito e orador vibrante.

Depois de 50 minutos, entrou o orador na peroração, erguendo um hino de fé e amor á grandeza do Brasil.

Uma demorada salva de palmas o aplaudiu entusiasticamente.

Em seguida, pediu a palavra o sr. presidente da Câmara em exercício cel. Retto Júnior, que pediu fosse consignado em ata um voto de louvor e agradecimento à comissão dos festejos, composta dos srs. caps. Afonso Leite, José Vieira Camões e Pedro Leite, pelo modo galhardo com que deu desempenho à sua missão. Falou, depois, o nosso talentoso diretor, cap. Pedro Leite, que solicitou fosse também consignado um voto de agradecimentos ao jovem Newton Gribel, que muito auxiliou à comissão.

Fala, novamente, o sr. cel. Retto Júnior, que pediu escusas pela omissão involuntária que cometera corrigindo esse lapso com grande satisfação. E continuando com a palavra propôs se estendesse também um voto de aplausos a um grupo de cavalheiros de Bicas que promoviam naquele distrito, tocantes festividades em comemoração à data. O sr. presidente da sessão, cap. Afonso Leite, submeteu á apreciação da assembléia esse pedido, que foi aprovado com uma salva de palmas. Falou, após, o sr. dr. Vicente Bianco que, alegando-se membro da comissão promotora dos festejos cívicos de Bicas, convidava os membros da mesa e as pessoas presentes para assistirem às solenidades, e pedia à Câmara, ali reunida, desse, na ocasião oportuna, á praça, onde ia ser erguido o obelisco, o nome de praça do “Centenário, ou 7 de Setembro”, ou da “Independência”.

O sr. presidente, da mesa agradeceu a gentileza do convite do dr. Bianco.

Falaram, a seguir, o Revmo. Cônego Resende e a menina Eunice de Oliveira, que pronunciaram mimosas palavras em saudação à nossa independência, sendo muito aplaudidos.

Ninguém mais usando da palavra, Afonso Leite encerrou aquela sessão solene com formoso discurso alusivo ao grande acontecimento do dia. A sua palavra, que é ouvida sempre com emoção e aplausos, arrebatou a assistência, empolgando-a mesmo por sua eloquência, entusiasmo, gesticulação sóbria e perfeita, dicção clara e correta. Não constituiu nenhuma surpresa o seu discurso incisivo, mas brilhante, porque Afonso já é conhecido em nossa roda intelectual como orador vibrante e jornalista emérito, possuidor de um estilo corrente e breve, duma linguagem fluente, emotiva e ao alcance de todas as inteligências, Terminou o orador a sua alocução, fazendo o elogio da educação popular, nesta hora em que o século de nação livre, e que se torna necessária a campanha pela cultura do povo.

Terminou propondo um voto de louvor ao exmo. sr. cel. Retto Júnior, a quem se devia a iniciativa das festividades, e convidando a todos para assistirem, no jardim publico, á inauguração oficial do “Obelisco do Centenário”, que iria ali se levantar, graças ao ilustrado presidente da Câmara em exercício. As suas palavras foram delirante e longamente festejadas com palmas estrepitosas.

Tocou no salão a banda musical “Espiritosantense, que deu um cunho de extraordinário esplendor ás solenidades.

Terminada esta parte do programa oficial, seguiu-se á inauguração do OBELISCO.

Reunido o povo no jardim, o sr. presidente da Câmara, ladeado dos srs. vereadores e autoridades do município, procedeu á solenidade da inauguração, entre palmas da assistência. A seguir foram depositadas, pelas pessoas presentes, objetos e preciosidades na urna do obelisco. Para falar sobre o ato, o cap. Afonso Leite, presidente da sessão, concedeu a palavra ao orador oficial, nosso companheiro professor Luiz de Freitas Santos, que discorreu cerca de 45 minutos sobre aquela homenagem histórica e secular. O orador foi muito felicitado, cantando, após, um grupo: de senhoritas da nossa sociedade o “Hino da Independência”.

Pelos alunos do grupo escolar foram plantadas duas “Arvores da Independência”: no jardim e no pátio do grupo escolar sendo, por essa ocasião, entoado “Hino da Árvore”.

E, assim foi condignamente comemorado nesta Vila o primeiro centenário da Independência do Brasil. Também em Bicas e Maripá houve imponentes festejos, que oportunamente noticiaremos”.

Abaixo apresentamos algumas imagens referentes ao Monumento da Independência, o popular Obelisco: 

Registro do Obelisco na década de 1940


Vista do Obelisco após reforma da Praça do Divino em 1990


Documento de construção do Obelisco em 1922


Imagem do Obelisco em 2021