Desde um passado bastante longínquo, que os moinhos coloniais de milho são locais importantes para produção de farinhas de milho, fubá e inclusive a quebra de grãos voltados para alimentação humana e de animais. Os primeiros moinhos foram instalados no Brasil por colonizadores europeus, possivelmente entre 1614-16 em São Paulo, e posteriormente se expandiram para todas as regiões do país.
Em Minas Gerais as casas de farinhas ou popularmente moinhos ganharam grande importância na vida das pequenas comunidades conforme a colonização do solo mineiro ia se expandindo. Das grandes, passando pelas medias até chegar às pequenas Fazendas, todas elas tiravam sua alimentação e parte da renda a partir do uso dos moinhos ali existentes.
Desde o inicio formal da colonização das terras do Distrito do Espírito Santo (atual cidade de Guarará) a partir de 1828, a maioria das pequenas, médias e grandes propriedades, possuíam um moinho dedicado à produção de derivados de milho, de acordo com os relatos verbais passados de geração em geração. A importância destes locais era imensa na alimentação dos escravos, dos brancos, além de fornecer sobras para alimentar pequenos animais domésticos e o rebanho bovino. O excedente da produção era comercializado entre vizinhos e núcleos urbanos nas proximidades.
Conforme o tempo ia passando e a modernidade vinha trazendo novas formas de aperfeiçoar e acelerar a produção de alimentos, os velhos e tradicionais moinhos de nossa cidade foram perdendo espaço para as máquinas de moagem elétricas existentes na área urbana a partir das décadas de 1950 e 1960.
Com o forte avanço da mecanização tecnológica na indústria alimentícia que beneficia gêneros cada vez mais acessíveis, com qualidade e rapidez, o espaço destinado aos velhos moinhos foi ficando somente na memória histórica e nos relatos das pessoas mais velhas em nossa cidade. A maioria deles foi abandonada aos poucos e virou ruínas até desaparecer lentamente do espaço físico e imaginário das pessoas.
Em certas propriedades ainda se encontram alguns poucos moinhos de porte pequeno remanescentes do período áureo da 1ª metade do século XX funcionando. A maioria localizada próxima a cursos d´água. Estes escassos lugares preservam esta importante manifestação cultural de nossa terra e região, que propicia excelentes pratos na tradicional culinária mineira, como a famosa broa de fubá, o clássico angu mineiro e a farinha torrada de fubá usada no preparo de farofa, bolo e consumida junto ao café com leite da tarde dos antigos.
Esperamos que num futuro próximo estas velhas tradições de nossa terra, hoje quase esquecidas, como o moinho de milho e seus produtos derivados, amplamente usados na culinária da população antiga, venha a ser valorizada e quem sabe, volte aos poucos a fazer parte da vida pacata de nossos sítios e fazendas através das gerações vindouras. Assim, estaremos contribuindo para a preservação de uma importante prática cultural ligada a culinária mineira e brasileira num todo que vem de vários séculos atrás.
Texto editado pelo Setor de Patrimônio Histórico e Cultural de Guarará para o Ano da Mineiridade.
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