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quarta-feira, 10 de julho de 2024

Luz Elétrica em Guarará - Bicas e Maripá

 

Com ênfase ao crescimento e progresso, a Câmara Municipal, através de seu Agente Executivo, o Cel. Joaquim José de Souza, com base na Lei Municipal nº 110 de 08/06/1911, inicia contatos visando contratar o fornecimento de luz e força elétrica para atender inicialmente a Vila do Guarará e o Distrito de Bicas. O responsável por intermediar as conversas foi o Dr. Estevão Leite Magalhães Pinto, um grande advogado e jurista que residia em Belo Horizonte e que tinha fortes vínculos com a região, por ser natural de Mar de Espanha.

De início, as dificuldades foram imensas. Mesmo com contatos na capital e em outras partes, não foi possível encontrar interessados em trazer o fornecimento de energia elétrica até Guarará. Os equipamentos para tal finalidade eram caros e precisavam vir de muito longe. Os valores disponíveis para o investimento se tornavam defasados devido às adversidades de logística. As poucas estradas de rodagem eram precárias para deslocar os maquinários de instalação pelos morros irregulares, sem contar as pontes frágeis que não aguentariam o trânsito pesado e constante de operários e seus equipamentos.

Vencidas as primeiras dificuldades, o serviço é iniciado pelo Dr Estevão, que delegou os trabalhos ao engenheiro Ângelo Baratta, que por sua vez iniciou a empreitada em 09/03/1912. Inicialmente, a ideia era construir uma usina nas proximidades, para que a mesma pudesse fornecer eletricidade a Mar de Espanha e Guarará. Os trabalhos chegaram a ser iniciados, mas devido a obstáculos naturais e de infraestrutura, tal iniciativa não pode ser levada adiante e isso ocasionou atrasos nas demais etapas da obra.

Em comunicado de 19/05/1913 feito pelo Dr. Estevão à Câmara, ele informa que, devido às constantes chuvas que interromperam os serviços e dificultaram a chegada do material necessário ao andamento do empreendimento, o prazo vigente no contrato não será cumprido. Com base nessa e em outras dificuldades naturais e de logística, o contrato precisou ser renovado junto à Câmara Municipal nos anos seguintes por diversas vezes. Os valores iniciais sofreram reajustes em várias ocasiões para atender às constantes despesas.

Com as barreiras cada vez mais constantes em diversos pontos da empreitada para levar a luz elétrica a Guarará e Mar de Espanha, o Dr. Estevão através do advogado Dr. José Maria de Miranda Manso, entra em contato com a Companhia Mineira de Eletricidade, sediada na cidade de Juiz de Fora para que a mesma absolvesse o contrato em andamento e pudesse entregar o serviço de forma ágil as 2 localidades.

A resolução nº 154 de 27/05/1915 aprovou a prorrogação do contrato em vigor e a transferência do mesmo da responsabilidade do Dr. Estevão Leite de Magalhães Pinto para a Cia Mineira de Eletricidade, a partir daquele momento. Mesmo assim, algumas barreiras persistiram durante os anos seguintes e atrasaram mais uma vez a chegada da luz elétrica.

Em correspondência de 12/01/1917, a Cia. Mineira de Eletricidade, através de seu presidente Dr. Henrique Burnier, informa que haverá mais atrasos, desta vez decorrentes da Guerra Mundial em andamento que demandou maior uso de matéria- prima por parte dos EUA para fabricação de armamentos e isso levou a escassez de itens usados na distribuição da energia elétrica em diversas partes do mundo. Inclusive, os fornecedores não conseguiam atender aos pedidos a tempo devido à guerra, que inclusive afetou transporte marítimo.

Em carta de 20/09/1917, o advogado Dr. José Maria de Miranda Manso reclama as autoridades as barreiras encontradas a partir de Sarandy, onde alguns proprietários não deixavam a colocação dos postes e linhas de transmissão em suas terras alegando que as mesmas poderiam incendiar seus pastos e matas.  Visando evitar estes problemas em Guarará, o agente executivo Joaquim José de Souza promulga a lei nº 138 de 15/010/1917, autorizando desapropriações amigáveis ou judiciais no caminho que passarem os postes e linhas de transmissão. Tudo isso visava evitar mais transtornos que pudessem levar a mais atrasos na chegada da luz.

Nos primeiros meses de 1918, os postes e linhas de transmissão chegam finalmente a nossas terras. Vários testes são feitos em Guarará e Bicas para corrigir possíveis falhas. A inauguração solene da chegada da luz elétrica ocorre 08/07/1918. A partir daí, foram necessários alguns ajustes no decorrer do ano para sanar eventuais problemas na distribuição da força elétrica. A 1ª conta paga pela Câmara Municipal relativa ao fornecimento da iluminação foi em 09/10/1918. As faturas eram trimestrais.

Após a inauguração da tão sonhada luz elétrica para Guarará e Bicas, que levou muito tempo além do esperado, a Câmara Municipal voltou seus esforços para levar a mesma benfeitoria ao próspero Distrito de Maripá. Esse seria um grande benefício visando trazer progresso e crescimento para aquele Distrito. Foi através da Resolução nº 184 de 28/01/1919 que o sonho tornava-se realidade ao autorizar os procedimentos para viabilizar a instalação da luz elétrica e outros assuntos pertinentes ao tema junto à Cia. Mineira de Eletricidade. Os trâmites eram muito lentos, aliados a uma logística restrita naquela época. Por essa e outras circunstâncias técnicas, a luz chegou de fato à localidade somente em 1924.

Imagem 01: Lei nº 110 de 8/06/1911 a respeito da contratação do serviço de eletricidade para Guarará e Bicas.

Imagem 02: Continuação da Lei nº 110 de 8/06/1911 a respeito da contratação do serviço de eletricidade para Guarará e Bicas.

Imagem 03: Primeira fatura do serviço de eletricidade cobrado da Câmara.

Imagem 04: Inteiro teor da Resolução n°184 de 28/01/1919 sobre a instalação da luz elétrica em Maripá.
Imagem 05: Na letra h é mencionada a instalação da luz elétrica no Distrito de Maripá.