Com
ênfase ao crescimento e progresso, a Câmara Municipal, através de seu Agente
Executivo, o Cel. Joaquim José de Souza, com base na Lei Municipal nº 110 de
08/06/1911, inicia contatos visando contratar o fornecimento de luz e força
elétrica para atender inicialmente a Vila do Guarará e o Distrito de Bicas. O
responsável por intermediar as conversas foi o Dr. Estevão Leite Magalhães
Pinto, um grande advogado e jurista que residia em Belo Horizonte e que tinha
fortes vínculos com a região, por ser natural de Mar de Espanha.
De
início, as dificuldades foram imensas. Mesmo com contatos na capital e em
outras partes, não foi possível encontrar interessados em trazer o fornecimento
de energia elétrica até Guarará. Os equipamentos para tal finalidade eram caros
e precisavam vir de muito longe. Os valores disponíveis para o investimento se
tornavam defasados devido às adversidades de logística. As poucas estradas de
rodagem eram precárias para deslocar os maquinários de instalação pelos morros
irregulares, sem contar as pontes frágeis que não aguentariam o trânsito pesado
e constante de operários e seus equipamentos.
Vencidas
as primeiras dificuldades, o serviço é iniciado pelo Dr Estevão, que delegou os
trabalhos ao engenheiro Ângelo Baratta, que por sua vez iniciou a empreitada em
09/03/1912. Inicialmente, a ideia era construir uma usina nas proximidades,
para que a mesma pudesse fornecer eletricidade a Mar de Espanha e Guarará. Os
trabalhos chegaram a ser iniciados, mas devido a obstáculos naturais e de
infraestrutura, tal iniciativa não pode ser levada adiante e isso ocasionou atrasos
nas demais etapas da obra.
Em
comunicado de 19/05/1913 feito pelo Dr. Estevão à Câmara, ele informa que,
devido às constantes chuvas que interromperam os serviços e dificultaram a chegada
do material necessário ao andamento do empreendimento, o prazo vigente no
contrato não será cumprido. Com base nessa e em outras dificuldades naturais e
de logística, o contrato precisou ser renovado junto à Câmara Municipal nos
anos seguintes por diversas vezes. Os valores iniciais sofreram reajustes em
várias ocasiões para atender às constantes despesas.
Com
as barreiras cada vez mais constantes em diversos pontos da empreitada para
levar a luz elétrica a Guarará e Mar de Espanha, o Dr. Estevão através do
advogado Dr. José Maria de Miranda Manso, entra em contato com a Companhia
Mineira de Eletricidade, sediada na cidade de Juiz de Fora para que a mesma
absolvesse o contrato em andamento e pudesse entregar o serviço de forma ágil
as 2 localidades.
A
resolução nº 154 de 27/05/1915 aprovou a prorrogação do contrato em vigor e a
transferência do mesmo da responsabilidade do Dr. Estevão Leite de Magalhães
Pinto para a Cia Mineira de Eletricidade, a partir daquele momento. Mesmo assim,
algumas barreiras persistiram durante os anos seguintes e atrasaram mais uma
vez a chegada da luz elétrica.
Em
correspondência de 12/01/1917, a Cia. Mineira de Eletricidade, através de seu
presidente Dr. Henrique Burnier, informa que haverá mais atrasos, desta vez
decorrentes da Guerra Mundial em andamento que demandou maior uso de matéria-
prima por parte dos EUA para fabricação de armamentos e isso levou a escassez
de itens usados na distribuição da energia elétrica em diversas partes do
mundo. Inclusive, os fornecedores não conseguiam atender aos pedidos a tempo
devido à guerra, que inclusive afetou transporte marítimo.
Em
carta de 20/09/1917, o advogado Dr. José Maria de Miranda Manso reclama as
autoridades as barreiras encontradas a partir de Sarandy, onde alguns
proprietários não deixavam a colocação dos postes e linhas de transmissão em
suas terras alegando que as mesmas poderiam incendiar seus pastos e matas. Visando evitar estes problemas em Guarará, o
agente executivo Joaquim José de Souza promulga a lei nº 138 de 15/010/1917,
autorizando desapropriações amigáveis ou judiciais no caminho que passarem os
postes e linhas de transmissão. Tudo isso visava evitar mais transtornos que
pudessem levar a mais atrasos na chegada da luz.
Nos
primeiros meses de 1918, os postes e linhas de transmissão chegam finalmente a
nossas terras. Vários testes são feitos em Guarará e Bicas para corrigir
possíveis falhas. A inauguração solene da chegada da luz elétrica ocorre
08/07/1918. A partir daí, foram necessários alguns ajustes no decorrer do ano
para sanar eventuais problemas na distribuição da força elétrica. A 1ª conta
paga pela Câmara Municipal relativa ao fornecimento da iluminação foi em
09/10/1918. As faturas eram trimestrais.
Após
a inauguração da tão sonhada luz elétrica para Guarará e Bicas, que levou muito
tempo além do esperado, a Câmara Municipal voltou seus esforços para levar a
mesma benfeitoria ao próspero Distrito de Maripá. Esse seria um grande
benefício visando trazer progresso e crescimento para aquele Distrito. Foi
através da Resolução nº 184 de 28/01/1919 que o sonho tornava-se realidade ao
autorizar os procedimentos para viabilizar a instalação da luz elétrica e
outros assuntos pertinentes ao tema junto à Cia. Mineira de Eletricidade. Os
trâmites eram muito lentos, aliados a uma logística restrita naquela época. Por
essa e outras circunstâncias técnicas, a luz chegou de fato à localidade
somente em 1924.
Imagem 05: Na letra h é mencionada a instalação da luz elétrica no Distrito de Maripá.
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