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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

História de Maripá - I

 

Apresentamos a transcrição da cronologia histórica de Maripá publicada no Jornal O Guarará, em 1929. A matéria figurava como homenagem ao local pelo que é possível identificar na reportagem. Um exemplar do periódico se encontra no Arquivo do Espaço Cultural José Vieira Camões, em Guarará.

O então distrito de Maripá denominava-se antigamente Córrego do Meio. O primitivo povoado teve como seu iniciador principal, o Sr Domingos Antônio de Oliveira, proprietário da Fazenda Córrego do Meio, que fez a doação de um e meio alqueire de terra ao patrimônio, para a ereção de uma capela, que foi construída sobe a influência dos srs Anselmo José Machado, Sebastião Castório de Almeida (construtor), Dona Joana Ferreira e outros.

A referida capela teve o patrocínio de São Sebastião, e conservou-se até 1912, quando foi demolida para a construção da atual igreja. Por deliberação de uma comissão composta dos senhores Cel. Francisco Retto Júnior, Cap. Avelino Ferreira da Fonseca, Cap. Antônio Ferreira Martins, Cap. José Ricardo Sobrinho, Ricardo José Coelho e José Temponi. Em 1914, com a retirada do Cel. Retto Júnior assumiu a presidência da comissão o então tesoureiro Cap. Avelino Ferreira da Fonseca, que foi substituído na tesouraria pelo Cel. Bertholdo Garcia Machado. Em 1918, foi o suntuoso templo, que embeleza o largo de São Sebastião, inaugurado com a benção solene ministrada pelo saudoso D Silvério Gomes Pimenta. Exemplares mais antigos do mesmo periódico informam que a data da benção foi 30/07/1919. Acredita-se que a data de 1918 tenha sido impressa por equívoco.

Os representantes primitivos eram: o Cap. Silvestre Henriques Furtado, proprietário da Fazenda Pedra Branca, hoje, de propriedade do Cap. Virgílio Machado da Silva, João Furtado de Souza e Antonio Ferreira Martins, proprietários das Fazendas Bom Sucesso e da Serra, respectivamente, hoje, pertencentes ao Cap. Quintino da Costa Mattos; Cel. Antônio Francisco de Souza e o farmacêutico Martinho Guimarães, que muito contribuíram para o progresso do distrito.

Um dos primeiros comerciantes era Ambrósio Bianco, estabelecido em uma pequena casa de varejo, à rua Cap. Avelino, na casa onde reside atualmente, Dona Maria Luzia, e o mais forte negociante de então, era o português Manoel José de Oliveira, vulgo Manoel Pesado.

Também residiram no primitivo distrito, os padres Chaim, que faleceu e foi inhumado no interior da capela antiga; padres Rizzote e Francisco Del Gáudio. A população era servida pelos médicos, Higino e Matheus, e em 1927, residiu por alguns meses, o Dr. Francisco Rocha.

Em 1890, pelo governo do Dr. Bias Fortes, foi criado o Distrito de Maripá, instalado no dia primeiro de fevereiro de 1891. Ao seguir a instalação foi criado o Conselho Distrital, e foi eleito presidente do mesmo, o Sr. Antônio Rodrigues Maia, que em seu mandato obsequiou a população com o grande melhoramento da água potável. Tendo falecido em 1896, foi substituído pelo Cap. Avelino Ferreira da Fonseca, um dos maiores benfeitores do Distrito, pelos relevantes serviços prestados durante sua gestão.

Quando depois foi cassado o direito dos conselhos distritais, ficou a administração a cargo do Presidente da Câmara de Guarará, o Cel. Francisco de Paula Retto Júnior, que também prestou muitos benefícios ao distrito, notadamente no referente às estradas de rodagem. O Cel. Retto Júnior, como chefe local, residiu na sede do distrito até 1914, quando foi eleito deputado estadual e passou a residir em Bicas, onde faleceu em 1925.


Abaixo apresentamos uma fotografia da construção da Igreja Matriz de São Sebastião, que foi publicada no livro, O Município de Guarará, de Roberto Capri em 1916.



sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Biblioteca Rui Barbosa


O Município de Guarará teve sua 1ª Biblioteca Municipal através da Lei nº 03 de 20/05/1898 e essa funcionava nas dependências da Câmara Municipal. Posteriormente, outras bibliotecas vinculadas às escolas existentes na área urbana e rural vieram a possuir suas bibliotecas, mas estas eram reservadas somente ao uso de alunos e poucas pessoas da sociedade. Outra Biblioteca importante foi a que existiu no prédio da Maçonaria por longos anos e era aberta ao público externo. Como podemos identificar a relação existente entre o município e um espaço público destinado a propagação da cultura e do saber através da leitura de bons livros vem de tempos remotos em nossas terras históricas.

A importância de um espaço, mesmo que ele fosse pequeno, era uma preocupação de quase todos os governantes municipais que passaram pela Câmara e Prefeitura. Com a desativação da Biblioteca da Maçonaria e uma demanda que aumentava, a administração municipal viu ser necessária a construção de um imóvel que pudesse alocar uma Biblioteca Pública Municipal que atendesse não só os estudantes, mas toda comunidade também. Nesse sentido na gestão do Prefeito Cel. Affonso Leite e Vice-Prefeito Marcos de Souza Resende iniciaram-se as obras em prol de uma pequena Biblioteca Municipal em 1951, sendo finalizada e inaugurada no ano seguinte em 03/05/1952. O terreno foi doado pelo Sr. Elcenor Leite que era o oficial do Cartório de Registro de Imóveis na ocasião e residia na esquina ao lado da futura Biblioteca.

A denominação da Biblioteca é uma homenagem ao ilustre cidadão brasileiro Rui Barbosa, que foi um grande jurista, diplomata e um defensor da cultura e educação, sendo responsável por diversas publicações de expressão nacional. Até o momento não foram encontradas informações a respeito de quem sugeriu tal homenagem.

Seu projeto arquitetônico foi uma novidade para todos ao trazer para suas fachadas, colunas arredondadas representando os templos do saber da Grécia e Roma antiga. Não foram encontrados registros e nem rascunhos nos arquivos da Prefeitura Municipal acerca da elaboração de seu projeto e do engenheiro responsável.

O cargo de Bibliotecária foi criado através da Lei Municipal nº 50 de 04/11/1952 assinado pelo Prefeito Marcus de Souza Resende para entrar em vigor a partir de 01/01/1953.

 

****Texto extraído do Dossiê de Tombamento da Biblioteca Municipal Rui Barbosa.







quinta-feira, 11 de novembro de 2021

1ª Sede do Paço Municipal


Assim que a Vila do Espírito Santo foi instalada oficialmente em 01 de fevereiro de 1891, ela passou a funcionar de forma provisória na Casa do 2º Barão de Catas Altas, localizada na Praça do Divino, onde posteriormente funcionou a partir de 30/05/1909 o Grupo Escolar de Guarará, que tempos depois receberia o nome de Ferreira Marques. Inicialmente, a Administração Municipal funcionou como Intendência Provisória de 1891 até a eleição geral para o cargo de Agente Executivo e Vereadores, ocorrida em 1892.

Os registros encontrados acerca do local que abrigaria em definitivo o Paço Municipal da Vila do Guarará constam no 1º Livro de Contratos e Obras Públicas, aberto em 11/04/1891 sobre a chancela do Barão de Catas Altas, seu 1º Intendente (Administrador). As informações sobre os detalhes e características da construção/reforma constam na ata do dia 16/04/1891 escrita nas páginas 01 e 02 lavradas pelo Secretário da Intendência Municipal, Sr. Luiz Pinto. Nela assinam o construtor José Vieira Camões, o contratante Barão de Catas Altas, o fiador José Duarte de Souza Marques e as testemunhas, Marcelino José Dias de Castro e João Luís Alves Vianna.

Segundo informações presentes na referida ata, a localização da sede do Paço Municipal da Vila do Guarará seria na Rua Visconde do Rio Branco (atual Rua Francisco Carneiro). O imóvel passaria por reformas/adaptações visando atender as exigências acordadas entre contratante e construtor. Todas as características desejadas na reforma foram transcritas na ata possibilitando uma identificação futura do imóvel através de fotos e relatos escritos em documentos oficiais, jornais e folhetins. O prédio era constituído de 2 andares. Poucos meses depois o sobrado seria entregue totalmente apto para o funcionamento da sede administrativa da Vila do Guarará.

No texto examinado na ata foi possível observar a preocupação de registrar os mínimos detalhes com a obra, algo um pouco incomum para aquela época. Quanto as janelas e portas temos a seguinte descrição: seriam 5 janelas nos fundos e na parte frontal superior do imóvel e 4 janelas e 1 porta na parte térrea frontal e dos fundos. Observa-se inclusive a recomendação para o aproveitamento das partes já existentes em bom estado de conservação num todo, tanto da madeira contida no engradamento do telhado e em outras partes da construção como no assoalho, além de especificar qual madeira poderia ser acrescentada nas partes ruins como garapa, peroba, canela-parda, piuminha, entre outras.

Alguns relatos obtidos oralmente afirmam que o imóvel foi doação do Sr. Francisco Carneiro, que era um conceituado comerciante, além de ser um dos colaboradores da emancipação e vereador nos anos seguintes. Algumas fotografias encontradas no Acervo Histórico Municipal (quadro e jornais) e na Internet mostram de forma nítida as características da faxada externa constante na ata, inclusive uma pequena placa numa das laterais do sobrado, onde é possível ver a inscrição com o nome da rua.

Com o passar dos anos o imóvel ficou pequeno e a Câmara trocou de endereço no início do século XX, tendo funcionando por muito tempo num espaçoso sobrado localizado na Praça do Divino próximo à Igreja Matriz do Divino Espírito Santo. A partir de 1917 esse espaço passou abrigar em conjunto, o recém-criado Termo Judiciário da Vila do Espírito Santo do Guarará. Após a saída da Câmara Municipal da Rua Visconde do Rio Branco, o prédio passou por adaptações, anos depois para receber o Pronto Socorro Sagrado Coração de Jesus em data desconhecida. Este funcionou no local até parte da década de 1940.

Abaixo listamos algumas fotografias de diferentes imóveis que abrigaram a Sede da Câmara Municipal de Guarará ao longo do tempo.

1) Imagem pertencente ao Arquivo Público Mineiro referente a 1ª Sede da Intendência Municipal e posteriormente Câmara Municipal da Vila do Guarará a partir de 1892. Nesse imóvel funcionou O Pronto Socorro Sagrado Coração de Jesus.




2) No registro seguinte temos a 2ª Sede da Câmara Municipal da Vila do Espírito Santo do Guarará a partir do início do século XX.




3) Na fotografia abaixo apresentamos a 3ª Sede da Câmara Municipal da Vila do Espírito Santo do Guarará após 1925. O prédio foi desativado na década de 1980 e após a restauração voltou abrigar o Poder Legislativo de Guarará em 2003.



quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Ruas de Guarará 1935-1944

 

São muitas as transformações que os logradouros de uma cidade podem enfrentar conforme os anos vão passando e a cidade crescendo. Este texto busca analisar um recorte temporal específico presente no Município de Guarará como exemplo. As mudanças as vezes são tão lentas que não são notadas e nem documentadas pela administração municipal para acompanhamentos históricos futuros. Já em outros casos as alterações vem com enorme rapidez mudando a paisagem entorno e não deixando tempo hábil o suficiente para a realização dos registros documentais.

Uma análise minuciosa nos documentos relativos ao setor de arrecadação da Prefeitura de Guarará disponíveis no Arquivo Municipal, entre os anos de 1935 a 1944, vem demonstrar que os logradouros do município sofreram poucas alterações quanto a disposição de nomes e ao surgimento de novos espaços. Mesmo assim, existe uma lacuna enorme quanto aos decretos e projetos de lei que nomeavam os logradouros no período do levantamento e anterior a ele, infelizmente. Desconhece-se a maioria das datas de nomeação e renomeação dos logradouros do município.

O baixo crescimento do núcleo urbano do município inibiu o surgimento de novas áreas habitáveis na cidade que levariam a abertura de novas ruas com a expansão do perímetro urbano. Para se ter uma ideia da importância do meio rural neste período de 1935 a 1944 havia um número muito maior de escolas rurais do que urbanas em Guarará. A área urbana ainda tinha poucos atrativos para as numerosas famílias. A maior parte da população de Guarará ainda residia no meio rural nestas décadas analisadas. Algo que passou a mudar somente a partir da década de 1950.

Da relação dos nomes de logradouros existentes em 2019, podemos citar as seguintes ruas que já existiam no período compreendido na pesquisa: Rua Bias Fortes, Rua Getúlio Vargas, Rua Francisco Carneiro, Rua Comendador Noronha, Travessa Gilson Mendonça, Rua Capitão Gervásio, Travessa Antero Dutra, Rua Barão de Catas Altas, Rua Sete de Setembro, Rua José Pinto Soares, Rua Tiradentes, Praça Cel. Afonso Leite, Chácara, Rua Joaquim José de Souza, Rua Dom Silvério, Rua Vieira Camões e Travessa Fausto Gonzaga, Praça Raul Soares e Ponte Seca (Areal).

 A partir de 1936 acrescenta a Rua do Rosário e um lugar denominado Pereiras (sem referência) nos arquivos de arrecadação da prefeitura. Em 1940 aparece um local denominado de Suburbano com muitos imóveis nos anos seguintes. Infelizmente não é possível identificar em que setor da cidade esse lugar se encontrava, pois permanece até o ano de 1944 com esta denominação vaga.

Estes logradouros cresceram pouco no período estudado. Havia poucas alterações no espaço urbano destas ruas. De vez em quando algum imóvel era demolido e o local ficava vago. A construção de novos imóveis em algumas ruas era lenta. Saindo do eixo central do centro o movimento de novas construções era maior. A partir de 1943 e 44 passa a haver um aumento de imóveis nas ruas centrais e na periferia que ganha novas denominações, mas sem contar como rua.

Algumas ruas existentes entre 1935 e 1944 não existem atualmente ou foram renomeadas. Dentre elas citamos: Rua do Maribondo, Rua Cartucha, Alto da Porteira, Praça Mello Vianna. São logradouros que podem ter tido um tempo muito curto de vida, algo que no momento é impossível saber. Outras ruas como Capitão João Bastos, Santa Rita e Visconde do Rio Branco que eram mais antigas, já não existem no período em questão estudado.

O decreto n°12 de 10/11/1938 assinado pelo Prefeito Bertoldo Garcia Machado vem oficializar a dedicação do nome dado a Rua Getúlio Vargas, que já existia com esta nomenclatura anteriormente. Voltando no início da década tem o decreto nº 03 de 31/05/1931 que restabelece o nome da Rua Capitão Gervásio, Bias Fortes e Praça Cel. Afonso Leite. Podemos perceber que as disputas e querelas políticas presentes em todos os níveis acabavam influenciando até na renomeação dos nomes de logradouros.

Como observamos as evoluções existem e existirão. Em determinados momentos elas poderiam ser bem mais documentadas, visando às perguntas que surgirão no futuro, mas no passado os governantes municipais não dispunham dessa noção e de pessoal que pensasse nos questionamentos futuros do porque daquele nome da rua tal, por exemplo. Daí um dos motivos da carência documental ao lado da falta da existência de arquivos organizados e duradouros no passado.


 Abaixo temos um belo registro fotográfico da tradicional Rua Capitão Gervásio em 1932.


Texto editado por: Rodrigo Machado Alves em 26. Set. 2019.