São
muitas as transformações que os logradouros de uma cidade podem enfrentar
conforme os anos vão passando e a cidade crescendo. Este texto busca analisar
um recorte temporal específico presente no Município de Guarará como exemplo. As
mudanças as vezes são tão lentas que não são notadas e nem documentadas pela
administração municipal para acompanhamentos históricos futuros. Já em outros
casos as alterações vem com enorme rapidez mudando a paisagem entorno e não
deixando tempo hábil o suficiente para a realização dos registros documentais.
Uma
análise minuciosa nos documentos relativos ao setor de arrecadação da
Prefeitura de Guarará disponíveis no Arquivo Municipal, entre os anos de 1935 a
1944, vem demonstrar que os logradouros do município sofreram poucas alterações
quanto a disposição de nomes e ao surgimento de novos espaços. Mesmo assim,
existe uma lacuna enorme quanto aos decretos e projetos de lei que nomeavam os
logradouros no período do levantamento e anterior a ele, infelizmente.
Desconhece-se a maioria das datas de nomeação e renomeação dos logradouros do
município.
O
baixo crescimento do núcleo urbano do município inibiu o surgimento de novas
áreas habitáveis na cidade que levariam a abertura de novas ruas com a expansão
do perímetro urbano. Para se ter uma ideia da importância do meio rural neste
período de 1935 a 1944 havia um número muito maior de escolas rurais do que urbanas
em Guarará. A área urbana ainda tinha poucos atrativos para as numerosas
famílias. A maior parte da população de Guarará ainda residia no meio rural
nestas décadas analisadas. Algo que passou a mudar somente a partir da década
de 1950.
Da
relação dos nomes de logradouros existentes em 2019, podemos citar as seguintes
ruas que já existiam no período compreendido na pesquisa: Rua Bias Fortes, Rua
Getúlio Vargas, Rua Francisco Carneiro, Rua Comendador Noronha, Travessa Gilson
Mendonça, Rua Capitão Gervásio, Travessa Antero Dutra, Rua Barão de Catas
Altas, Rua Sete de Setembro, Rua José Pinto Soares, Rua Tiradentes, Praça Cel.
Afonso Leite, Chácara, Rua Joaquim José de Souza, Rua Dom Silvério, Rua Vieira
Camões e Travessa Fausto Gonzaga, Praça Raul Soares e Ponte Seca (Areal).
A partir de 1936 acrescenta a Rua do Rosário e
um lugar denominado Pereiras (sem referência) nos arquivos de arrecadação da
prefeitura. Em 1940 aparece um local denominado de
Suburbano com muitos imóveis nos anos seguintes. Infelizmente não é possível
identificar em que setor da cidade esse lugar se encontrava, pois permanece até
o ano de 1944 com esta denominação vaga.
Estes
logradouros cresceram pouco no período estudado. Havia poucas alterações no
espaço urbano destas ruas. De vez em quando algum imóvel era demolido e o local
ficava vago. A construção de novos imóveis em algumas ruas era lenta. Saindo do
eixo central do centro o movimento de novas construções era maior. A partir de
1943 e 44 passa a haver um aumento de imóveis nas ruas centrais e na periferia
que ganha novas denominações, mas sem contar como rua.
Algumas
ruas existentes entre 1935 e 1944 não existem atualmente ou foram renomeadas.
Dentre elas citamos: Rua do Maribondo, Rua Cartucha, Alto da Porteira, Praça
Mello Vianna. São logradouros que podem ter tido um tempo muito curto de vida,
algo que no momento é impossível saber. Outras ruas como Capitão João Bastos,
Santa Rita e Visconde do Rio Branco que eram mais antigas, já não existem no
período em questão estudado.
O
decreto n°12 de 10/11/1938 assinado pelo Prefeito Bertoldo Garcia Machado vem
oficializar a dedicação do nome dado a Rua Getúlio Vargas, que já existia com
esta nomenclatura anteriormente. Voltando no início da década tem o decreto
nº 03 de 31/05/1931 que restabelece o nome da Rua Capitão Gervásio, Bias Fortes
e Praça Cel. Afonso Leite. Podemos perceber que as disputas e querelas políticas
presentes em todos os níveis acabavam influenciando até na renomeação dos nomes
de logradouros.
Como
observamos as evoluções existem e existirão. Em determinados momentos elas
poderiam ser bem mais documentadas, visando às perguntas que surgirão no
futuro, mas no passado os governantes municipais não dispunham dessa noção e de
pessoal que pensasse nos questionamentos futuros do porque daquele nome da rua
tal, por exemplo. Daí um dos motivos da carência documental ao lado da falta da
existência de arquivos organizados e duradouros no passado.
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