De
onde vieram e como chegaram?
Onde se estabeleceram e qual
sua ocupação?
Quantos filhos e netos tiveram?
Onde faleceram?
Estes e tantos outros questionamentos atribuídos a família de
Domingos Ferreira Marques e sua esposa Dona Feliciana Francisca Dias,
permaneceram envoltos num mistério histórico ao longo de quase dois séculos.
Período de quase completo apagão quanto aos desbravadores das terras do que
viria a ser o Curato do Espírito Santo do Mar de Espanha a partir de 1828 e
Vila do Guarará, com a emancipação em 05/12/1890.
Ao longo do tempo muitas perguntas foram surgindo e as respostas
não encontravam embasamento e argumentos sólidos para se concretizarem. A
História do casal de sesmeiros permanecia uma incógnita para historiadores,
pesquisadores e pessoas da comunidade que se interessavam pelos primórdios
desta terra. Por onde se percorria não encontravam documentos relacionados à
presença do casal Domingos e Feliciana nos arredores do Curato do Espírito
Santo do Mar de Espanha e mesmo no entorno da região.
Esse vácuo foi se aprofundando à medida que o tempo passava e as
fontes que poderiam trazer uma luz a vida do casal no arraial não eram
encontradas por aqui (Guarará) e nem mesmo em Barbacena, Ouro Preto, Mariana e
Belo Horizonte. Talvez os caminhos ou as indicações de fontes documentais
estivessem errados, ou embasados em fatos imprecisos. Algo que veio a
comprometer o rumo dos trabalhos ao longo de décadas. É verdade que muito de
nossa história documental se perdeu, ou foi destruída pela ação humana e temporal
em toda região. A cidade de Guarará, por exemplo, perdeu dois imensos arquivos
particulares que poderiam ter estas e outras informações a respeito de seus
fundadores. O Arquivo Municipal e da Paróquia local também sofreram enormes
perdas devido à má conservação de papéis antigos.
A História de nossa colonização oficial a partir da concessão
documentada das cartas de sesmarias em 1818 amargou pesadas derrotas para o
tempo e a ação humana. As tentativas de buscar respostas para as diversas
lacunas que iam surgindo foram muitas. Eu mesmo presenciei diversas ações
infrutíferas nesse sentido a partir do ano 2000, algo que me motivou a entrar
no hall de pesquisadores da História de Guarará e Região, anos depois através
da Graduação em História.
Pesquisar e obter sucesso a algo relacionado à história, fundação
e desenvolvimento desta querida e amada terra não é e, nem foi algo fácil de
ser obtido. O abismo documental foi cruel com essa parte da região das Matas
Mineiras ao longo de séculos. Essa é uma frase que comento com alguns
pesquisadores que estudam a história destas terras de vales e montanhas. Na
verdade, dói muito, mas não adianta chorar pelo que deixou de ser documentado
na forma escrita, oral ou que foi perdido por descuido com o passar de décadas e
de mais de um século.
Recentemente, após o contato com Jarbas Dutra Filho (1984-2021),
via página do Facebook Guarará Patrimônio Histórico no segundo semestre de
2019, as coisas começaram a mudar e bons ventos começaram a trazer uma luz
quanto às perguntas acima levantadas por nós e muitos outros pesquisadores e
cidadãos. Após intensas conversas começamos a compartilhar as informações que
cada um possuía e, este foi o caminho inicial para as buscas se intensificarem
surgindo às primeiras respostas, meio que ainda perdidas e incompletas no
contexto documental existente. Documentos ilegíveis, rasurados, escrita
complexa, faltando partes, etc., foram alguns dos entraves encontrados nas
análises a fim de começarmos a montar o quebra cabeça em torno da família Ferreira
Marques e seus descendentes nestas terras.
A disposição de ambos os pesquisadores em prol de obter uma
resposta para as interrogações existentes propiciaram o avanço de pesquisas
inéditas quanto à família Ferreira Marques. Passando por sua provável origem
entre Barbacena e Guarapiranga (atual Piranga), até chegar ao seu destino nas
terras de sua sesmaria entre São João Nepomuceno e o Espírito Santo do Mar de
Espanha, o caminho foi lento e complexo.
O trabalho inédito permanece em andamento em meio a dificuldades e
contratempos como a perda repentina do colega Jarbas Dutra Filho, que nos
deixou órfãos de muitas informações e caminhos a serem trilhados. Mesmo assim,
conseguimos descobrir que Domingos Ferreira Marques nasceu em 1775 em
Guarapiranga e faleceu em 26/05/1841 na sua fazenda nas proximidades do atual
distrito de Roça Grande e Taruaçu pertencentes a São João Nepomuceno. O local
de seu sepultamento ainda não foi identificado por nós devido à ausência de
documentos. Sua esposa Feliciana Francisca Dias nasceu por volta de 1781
igualmente em Guarapiranga. Sobre ela, não foram encontradas até o momento
informações acerca de sua vida e morte. Domingos e Feliciana casaram-se em
01/07/1795 na mesma localidade na Capela de São Caetano. Conforme apurado até o
momento foi constatado que o casal teve 10 filhos que serão listados noutra
oportunidade.
Abaixo temos um trecho do Inventário do Capitão Domingos Ferreira Marques onde é mencionado seu falecimento sem detalhes extras.
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