A representatividade
comercial do distrito de São José de Bicas começou a ganhar espaço e prestígio
a partir do final do século XIX. A localização da Estrada de Ferro Leopoldina
com uma estação e oficina na sua área urbana aos poucos foi transformando a
localidade num ponto de concentração de atividades comerciais. Aos poucos
várias casas comerciais foram se deslocando da Villa do Guarará para as
proximidades da Estação de Bicas no intuito de obter maiores ganhos financeiros
e rápida liquidez de seu estoque.
O crescimento do
comércio de Bicas em detrimento ao de Guarará, ou até mesmo em relação aos
outros municípios como Mar de Espanha e São João Nepomuceno, está atrelado
tanto a fatores logísticos como geográficos relacionados à Estrada de Ferro
Leopoldina que cortava seu território com duas estações, uma em Santa Helena e
a outra na sede. A localização da oficina ao lado da estação foi um dos grandes
impulsos para o desenvolvimento do comércio de Bicas e da própria vila que se
expandia rápido.
A facilidade para
descarga e embarque de mercadorias facilitava a vida de todos os comerciantes
de Bicas e entorno como Guarará e Maripá. O curto intervalo de tempo entre o
desembarque e a chegada dos produtos nas casas comerciais era fator crucial
para uma rápida liquidez dos estoques adquiridos, ainda mais numa época que não
havia meios modernos de conservar alguns produtos por muito tempo. Todo
transporte era feito por animais ou nos bondes até a proximidade do destino dos
produtos.
Conforme o século XX e
seus anos avançavam o prestígio e sortimento das casas comerciais era cada vez
maior. Muitos comerciantes da região buscavam um espaço no movimentado trecho
próximo à Estação de Bicas para desenvolver suas atividades. Assim, o local aos
poucos foi atraindo atenção de portugueses, espanhóis, franceses, italianos, e
sírio-libaneses. Alguns com o passar do tempo deixavam o lugar em busca de
melhores oportunidades em outros locais da região.
Essa expansão das
atividades comerciais proporcionou um ciclo de riqueza e progresso há muito
tempo não visto nas redondezas, que culminou com a emancipação do distrito de
Bicas em 07/09/1923 da Villa do Guarará. Após 1923 a localidade se manteve como
importante polo comercial da região conservando famílias renomadas no ramo
comercial.
Nomes tradicionais na
história de Bicas como Cel. Álvaro Fernandes Dias, Cel. Joaquim José de Souza,
Francisco Bianco, Adelino Rabelo de Vasconcelos, Francisco Gazineu, Cornélio
Duarte Medina, Elias Lamha, Braz Schettino, Abrahim Mansur, Francisco Baeta
Neves, Ângelo Padula, Achilles Francisco de Paula, Américo Ribeiro Aziz
Gabriel, José Vieira Camões, Miguel Agrelli, Domingos Amadeu, Pedro Miguel e Vicente
Bianco tiveram seus pontos comerciais no entorno da Estação.
Abaixo listamos alguns exemplos de recibos comerciais de Bicas que ilustram o texto acima.
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