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quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Ensino nos séculos XIX e XX

 

Desde os primórdios da ocupação de nosso território após 1828, o ensino público era escasso e restrito a poucas pessoas no Distrito do Espírito Santo. Normalmente, os cidadãos mais afortunados e com prestígio social saiam na frente na hora de educar seus filhos (as).

As numerosas famílias compostas por pessoas simples que na grande maioria viviam no campo no decorrer de muitas décadas seguintes permaneceriam as margens do ensino público básico para seus filhos. Em algumas ocasiões, o máximo que conseguiam era alfabetizar seus filhos para saberem assinar o próprio nome e nada mais. As desigualdades nesse ponto eram chocantes.

 Habitualmente algumas pessoas mais velhas da comunidade ou professores que já não exerciam o ofício se encarregavam de auxiliar os filhos dos vizinhos menos favorecidos no contato com as primeiras letras. Essa era uma forma de mascarar o analfabetismo total existente em nossa terra entre os séculos XIX até as primeiras décadas do século XX.

A barreira do acesso ao ensino público entre os mais e os menos favorecidos prejudicou bastante o desenvolvimento da região por décadas. Quando o ensino público começou a se tornar mais acessível na virada do século XX em Guarará e seus distritos de Maripá e Bicas, as oportunidades de acesso a educação passaram a contribuir para o desenvolvimento desses locais. O território de Guarará chegou a possuir 08 escolas no total, entre as décadas de 1890, até início da década de 1920.

No passado havia distinção com as escolas possuindo cadeiras masculinas em maior número e as femininas em menor escala, tanto na área urbana, quanto no meio rural. A maioria das escolas estava situada na zona rural pelo fato de grande parte da população habitar o meio rural até a década de 1940, quando começou a ocorrer a urbanização acelerada em nossas paragens.

Conciliar o trabalho pesado desde o raiar do dia no campo com os períodos de aula nas escolas rurais em especial, era algo nada fácil para os filhos dos camponeses de nossas terras. A necessidade do cultivo da terra para a sobrevivência das numerosas famílias pobres envolvia todos os membros do grupo familiar desde muito cedo. Sobrava pouco tempo para direcionar os filhos (as) para uma educação básica.

 Para piorar o cenário as escolas rurais não ficavam perto do domicilio.  Esse tipo de situação levou a alfabetização em grande parte dos casos dos meninos que tinham mais facilidade para os deslocamentos. As meninas ficavam em casa e segundo os pais não precisavam saber ler e escrever, pois essa era uma tarefa para os homens da casa. Infelizmente era um pensamento arcaico que vigorou com solidas raízes em nossa sociedade por longas décadas. Do século XX e que causou enormes prejuízos pelo interior de nossos cantos.

Após a década de 1960 as escolas rurais começaram a perder espaço devido ao início do êxodo rural do campo para a cidade. A maioria esmagadora fechou as portas posteriormente devido a falta de alunos na zona rural. As pessoas se dirigiam para as cidades em busca de uma vida melhor para si e principalmente visando obter uma educação descente nas escolas urbanas para seus filhos (as). A evolução da educação mesmo com a superação de enormes entraves em nossas localidades sempre esbarrou na falta de estrutura e boa vontade por parte das elites e do governo para atender aos mais necessitados.

Abaixo temos exemplos de diários de alunos da escola do sexo feminino em 1903 e masculino em 1908. Ambos os recintos estavam localizados na área urbana do Distrito Sede da Vila do Espírito Santo de Guarará.






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