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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Reflexão Histórica

 

Fugindo um pouco ao estilo de nossas matérias, apresentamos uma sequência de fotos produzidas a partir da Torre da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo em 26/09/22. As imagens de uma manhã nublada possibilitam ver as construções da área central de Guarará de outro ângulo.

O destaque fica por conta dos imóveis que possuem cobertura com telha francesa e outra parte que adota telhas cerâmicas em modelos mais recentes como a romana e portuguesa, além da galvanizada. Esta comparação permite observar que as famosas telhas curvas produzidas até parte da segunda metade do século XIX perderam seu espaço por completo nas construções mais antigas de Guarará.

Até o final da década de 1970 alguns imóveis antigos urbanos ainda possuíam as famosas telhas curvas em seus telhados. Com o avanço de novos modelos mais acessíveis e seguros, a mudança foi sendo feita sem que se notasse. Um dos motivos pode ter sido a falta das telhas curvas mesmo que usadas para reposição quando necessário. Atualmente, alguns poucos imóveis na área rural ainda possui as telhas curvas. Ranchos, paióis e moinhos são os grandes detentores deste tipo de telha na zona rural de Guarará.

Aos poucos sem percebermos uma parte do passado foi sendo perdida para sempre sem notarmos. A maioria das pessoas não se lembra de olhar para o telhado dos imóveis. A contemplação fica restrita na maior parte das vezes a parte estética das paredes, portas, janelas e varandas. Desta forma, o telhado passa despercebido por longos tempos e quando as mudanças são feitas, estas são poucos observadas pelas pessoas.

Boa parte dos acontecimentos de nossa cidade e região foram conversados e decididos embaixo dos telhados coloniais de telhas curvas e num tempo mais recente já embaixo das telhas francesas, que também começam a dar seu adeus em muitos lugares sem alarde.

E assim, uma cidade vai sofrendo transformações, às vezes lenta ou rápida, sem que boa parte de seus habitantes possam perceber, a tempo de registrar. No mesmo parâmetro caminha a história nas pequenas cidades. Sem ser notada ela vai passando junto com o tempo e os fatos que não vão sendo registrados. Eles vão ficando perdidos nos caminhos encobertos pela poeira e preocupações da vida moderna, até se apagarem das mentes frias em definitivo.  Daí a necessidade de serem feitos os anotações históricas do momento atual pensando nas gerações futuras de nossa cidade e região.

O comparativo entre telhas foi uma forma de chamar atenção para o ponto crítico e o descaso com que a história documentada em Guarará e boa parte de nossa região imediata é vista em nível geral. Precisamos evoluir na questão de preservação e na realização de registros visando informações acessíveis sobre diversos assuntos para o futuro próximo.






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