No século XIX as
eleições ocorridas no Distrito do Espírito Santo, pertencente a Mar de Espanha
eram realizadas no interior da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo desde a
década de 1860 até a emancipação política em 05/12/1890. Naquela ocasião o
número de eleitores inscritos era muito reduzido. Somente alguns cidadãos livres
do sexo masculino tinham direito ao voto. Em geral, eles precisavam saber ler e
escrever o mínimo e ter uma condição de prestígio junto à sociedade local, além
de certa condição financeira para fazer jus à condição de eleitor.
Devido às condições
precárias de deslocamento até a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo para
exercer o direito ao voto, muitos eleitores não compareciam à seção eleitoral.
As distâncias por menores que fossem eram feitas a cavalo, carroças ou até
mesmo através de carro de boi. Alguns deslocavam quase o dia todo a pé de sua
residência até o local de votação. Em algumas ocasiões as chuvas, enchentes
junto à precariedade de estradas e pontes dificultavam ou até mesmo impedia a
chegada dos eleitores na seção eleitoral em tempo hábil. O desinteresse pelo
pleito em diversas ocasiões motivava grande abstenção de eleitores em razão de
questões políticas, ou até mesmo desconhecimento do dia do pleito e dos candidatos
a cada cargo em disputa.
As eleições geralmente
eram para Juiz de Paz, Deputado Provincial, Senador, Governador, Vereador
Distrital, Delegado de Polícia. O pleito não ocorria durante todo o dia. Em
algumas ocasiões começavam no final da manhã e ia até por volta das 15 ou 16
horas, ou até antes. A votação era por cédulas previamente conferidas que
depois de preenchidas pelo eleitor eram depositadas numa urna em frente aos
mesários. Antes de iniciar a votação a urna era inspecionada pelo presidente da
seção perante aos mesários e alguns eleitores para que atestassem a
elegibilidade do ato. Mesmo se tratando de um tempo distante e de recursos
precários, as semelhanças entre as eleições atuais são grandes.
Em 30/11/1885 na
eleição para deputado provincial somente 59, eleitores inscritos votaram no
Distrito do Espírito Santo englobando a sede, São José de Bicas e Arraial do
Córrego do Meio. Houve uma grande abstenção por parte de pessoas mais
esclarecidas segundo conseguimos apurar. O motivo de tanta ausência não foi
identificado, mas anos depois muitos desses nomes ausentes nesta eleição figuravam
no abaixo-assinado 30/06/1890 em prol da emancipação do Distrito do Espírito
Santo. Ao todo 61 eleitores deixaram de comparecer à eleição. Dentre os
ausentes podem citar: Francisco Ignácio de Andrade Goulart, o futuro Barão de
Mar de Espanha que perderia a honraria, Altivo José da Cunha, bisneto de
Domingos Ferreira Marques, Marcelino Dias Tostes, fundador de Pequeri, Dr. José
Joaquim Monteiro de Castro e Carlos Dutra de Moraes.
A entrega do título de eleitor ocorria somente ao seu titular na
presença do Juiz de Paz do Distrito do Espírito Santo. Os eleitores iam
assinando uma folha um após o outro registrando o número de seu título de
eleitor, conforme exemplo abaixo. Posteriormente, essa listagem era remetida
para ser arquivada na Comarca de Mar de Espanha.
Abaixo temos a relação de alguns eleitores do Distrito do Espírito Santo em 1890.
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