O conhecimento acerca da existência dessa embarcação na região Sul do País que levava o nome de Guarará já existia há bastante tempo em meus arquivos. Com o passar dos anos foi possível localizar o navio e parte de sua história que será apresentada na sequência. Mantemos o crédito a reportagem de origem listada no final da matéria.
Conheça
a história do navio Guarará que “reapareceu” com a maré baixa no Pântano do Sul
Neste sábado (26), é possível ver a embarcação que afundou no Sul da
Ilha em 1954 e tripulantes foram socorridos pelos manezinhos
Era 1954. Em uma segunda-feira de vento sul a pequena comunidade do
Pântano do Sul se alvoroçou com a chegada de um enorme e iluminado navio no
meio da noite. Aos gritos de socorro, a tripulação foi amparada pela comunidade
manezinha. Cada família com sua pomboca nas mãos se amontoou para ver de perto
o que estava acontecendo. Os resquícios do naufrágio do navio Guarará
permanecem há 63 anos no mar do Sul da Ilha. Mas é só em tempos de maré baixa,
como nesta semana, que é possível ver com clareza o que sobrou do navio
cargueiro.
Resquícios do naufrágio do navio Guarará foram registrados com o fenômeno da maré seca no dia 13 de agosto – Sami Kuball
Memória viva do Pântano do Sul e afeita de boas histórias, Zenaide de
Souza, 73 anos, dona do restaurante Pedacinho de Céu, relembra com detalhes o
“evento” de 1954. Ela era criança quando o grupo de “aproximadamente” 15 homens
apareceu sobre a enorme embarcação preta gritando por socorro. “O navio já
chegou meio de lado, cheio de água e o pessoal gritando. Todo mundo correu pra
acudir. Tinha galinha nadando, geladeira, carne seca por todo lado. Os
manezinhos deram comida, agasalho e também muita cachaça pra esquentar”,
relembra.
De Imbituba, o navio tinha como destino o Rio de Janeiro. Lotada de
carvão, a estrutura não aguentou o peso e, com uma rachadura no fundo, o
comandante foi obrigado a procurar a costa mais próxima para salvar a todos.
“Ninguém ficou ferido e teve uns que até chegaram a morar aqui. Mas a empresa
deu toda assistência a eles depois”, conta Zenaide.
Depois do naufrágio, a empresa tentou tirar o navio do local, mas não
conseguiu. Com o tempo e ação da maré, partes da embarcação se despedaçaram. De
acordo com Zenaide, ele era muito maior na década de 1950. Mas desde então
ninguém conhece o navio como Guarará. “O pessoal aqui só conhece ele como
‘chata’, por que a parte de trás do navio era cortada. Agora ali tem um recife,
com muito peixe, marisco… O navio sempre aparece com a maré baixa, mas não
lembro de ficar assim completamente descoberto”, diz.
Zenaide de Souza, dona do restaurante Pedacinho de Céu, relembra o “evento” de 1954 – Marco Santiago/ ND
Acidente nos jornais
O naufrágio do navio Guarará virou notícia nos jornais da época. De
acordo com pesquisa feita pelo especialista em arqueologia subaquática Ticiano
Alves para o Instituto Larus, os jornais da época mostram que o navio pertencia
à Companhia Internacional de Transportes e que ele quase havia naufragado em
1940 também em Florianópolis.
Na edição de 16 de junho de 1954 do Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro,
a matéria “Naufragou à altura do Farol dos Náufragos, em Florianópolis”
mostrava que o navio Guarará deslocava 650 toneladas e que, segundo os
tripulantes, “somente quando o navio singrava as águas fronteiras ao porto de
Florianópolis que se notaram o rompimento dos porões”. As medidas do comandante
de mudar de rota para que o navio pudesse chegar à capital catarinense não
surtiram o resultado esperado e a embarcação afundou próximo ao “Farol dos
Náufragos”.
Maré baixa até sábado
Durante esta semana e nos últimos dias 12 e 13 a maré seca (ou baixa)
atingiu o litoral brasileiro e catarinense, rebaixando o nível do mar e
relevando uma faixa de areia maior. Com o fenômeno, que envolve a influência da
lua nova e do vento, navios que estavam submersos acabam “reaparecendo”, como
também ocorreu na última quarta-feira em Santos (SP).
Em Florianópolis, o fenômeno da maré baixa
deve permanecer até este sábado. A 100 metros da praia e a 600
metros do costão do Pântano do Sul, o navio Guarará deve reaparecer neste fim
de semana. De acordo com a Epagri/Ciram, por volta das 9h e das 21h30 de
sábado, o nível dos mares deverá estar baixo novamente, mas sem provocar
estragos.
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