Neste
mês celebramos o 1º centenário de falecimento do 2º Barão de Catas Altas (Antônio
José Gomes Bastos). Ele, ao lado de outros correligionários, foi o responsável por
conduzir a emancipação do antigo Distrito do Espírito Santo, em 05/12/1890. Ele se destacou como uma das grandes
personalidades de nossa terra a partir da década de 1860 até seu falecimento em
03/11/1924. Em homenagem ao seu legado e à sua memória, transcrevemos a seguir
um resumo de sua rica biografia.
Nasceu
na fazenda do Campestre, no Arraial do Espírito Santo (atual Guarará), Minas
Gerais, em 29 de junho de 1840. Foi um tropeiro, agricultor, militar, político
e nobre brasileiro. Recebeu o título de 2º Barão de Catas Altas, em 23 de
dezembro de 1887. Foi o primeiro Presidente da Intendência da Vila do Guarará e
um dos maiores idealizadores de sua criação. Era proprietário de uma grande
fazenda de café no distrito de Bicas. Foi uma das principais figuras, senão a
maior em relevância histórica, no período que vai de 1890 a 1920, em Guarará e
Bicas, na Zona da Mata Mineira.
Antônio
José Gomes Bastos era filho de José Joaquim Gomes (1810-1849) e de Maria
Silveria Bastos (1815-1905). Seus pais transferiram-se, em 1833, de Queluz para
o então Arraial do Espírito Santo, onde abriram e fundaram, no futuro Arraial
das Bicas, a "Fazenda do Campestre" e foi aí que ele nasceu em 29 de junho
de 1840. Em 1849, aos 9 anos, morre-lhe o pai e ele, órfão, foi morar com o tio
e padrinho, Antônio Alves Barbosa, casado com Ana Joaquina de Jesus, irmã de
sua mãe, que o criou e cuidou de seus
estudos até a maioridade.
Os
primeiros estudos foram realizados na escola primária que funcionava na Rua
Santa Rita, no Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha (hoje Guarará),
depois, em 1855, seu tio o matriculou em um internato em Barbacena onde ele se
tornaria aluno do padre José Joaquim Corrêa de Almeida, grande poeta e exímio
latinista, além de um apreciado músico de sua época.
Ao
término dos estudos, Antônio José abandona a vida acadêmica e dedica-se à
lavoura e, em pouco, à atividade que mais prosperava na época, o comércio das
tropas (mascate), comércio este que crescia e oferecia as melhores
possibilidades para o crescimento econômico. Tornou-se assim um grande e
respeitado tropeiro, adquiriu animais (algo em torno de 100 muares) e, entre os
anos 1860 e 1865 aproximadamente, percorreu as províncias de Minas Gerais ao
Rio de Janeiro. Além destas viagens pelo sertão, tinha ele, como o maior centro
de suas atividades, a corte, como era então chamada à cidade do Rio de Janeiro.
Aos poucos, devido a esta classe específica de negócios, ele estreitou
relacionamentos com as mais importantes firmas daquela praça, justamente as que
mais careciam dos serviços de tropeiro prestados por ele.
Em
8 de novembro de 1866, aos 26 anos, ele se casa com Clara Rosalina Gomes Baião
e o casal passa a residir nas terras que ele possuía no Arraial do Espírito
Santo do Mar de Espanha, o assim chamado "Sítio da Experiência", onde
ele se fixa definitivamente, abandonando a vida de tropeiro e, em pouco, ele se
torna um próspero lavrador.
Em
1867, no início do ano, ele é remanejado e promovido de 3º para 1º suplente do
subdelegado do Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha.
Dado
o seu temperamento e por força das necessidades do meio e da época, dedicou
parte de suas atividades à política. Filiou-se ao Partido Liberal e, quase que
de imediato, dada a morte do chefe do partido, tornou-se ele o chefe do mesmo,
no distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha.
Alguns
anos depois, em 15 de junho de 1881, ele recebe duas comendas: é agraciado com
o título honorífico de Cavaleiro da Ordem da Rosa e com a Grã-Cruz da Ordem de
Cristo. Dois anos depois, em 1883, é eleito vereador para representar o
Distrito do Espírito Santo na Câmara de Mar de Espanha, com legislatura até
1886. Pouco depois, em 23 de dezembro de 1887, ele é agraciado com o título de
2º Barão de Catas Altas, conforme diz o Annuário Genealógico Brasileiro.
Em
1 de junho de 1884, ele participa da criação, da instalação e torna-se
conselheiro do Centro Agrícola do Município do Mar de Espanha. Em 1886, ele
participa da criação de uma associação para promover os produtos e os
produtores locais nas feiras e exposições Agrícola-industriais, nacionais e
regionais.
Em
1889, figura com destaque dentre os grandes fazendeiros e produtores rurais da
região. Fora também ele um dos fundadores do Clube Republicano de Mar de
Espanha, um dos primeiros da Província, do qual se tornou presidente. Pouco
depois, fundou o Partido Republicano no Espírito Santo do Mar de Espanha, algo
que viria facilitar os caminhos em prol da emancipação.
Em
1890, com a criação da Villa do Guarará, o 2º Barão de Catas Altas foi nomeado
Presidente da Intendência, pelo governo provisório. Neste mesmo ano, ele figura
entre as lideranças que apoiam a mudança da capital mineira para um ponto mais
conveniente dentro do estado, visto que Ouro Preto já não oferecia estrutura
urbana que atendesse à expansão em curso.
Pouco
depois, em 22 de janeiro de 1891, com o advento do Decreto 343, o Espírito
"Santo do Mar do Espanha" passa a denominar-se “Villa do Guarará” e o
2º Barão de Catas Altas assume a Presidência da Intendência Municipal até as
eleições de 1892. Com as eleições de 1892, em 7 de março, toma posse a sua 1ª
Câmara Municipal e, com isso, o 2º Barão vitorioso no pleito é empossado Agente
Executivo e ocupa ao mesmo tempo, a Presidência da Câmara, até o final de 1892.
O topônimo "Guarará" surgiu para a definição do município sem
qualquer referência aborígene e sim para propor uma homenagem do Barão à esposa
Clara Rosalina, que nascera em Santana dos Montes, numa fazenda com esse nome,
onde passa o ribeirão Guarará.
Em
13 de maio de 1897, por sua iniciativa, é criado e instalado o Centro Agrícola
de Guarará. Esta organização ou associação tinha como princípio promover o
progresso e o desenvolvimento da lavoura. O Barão, além de ser o principal
idealizador, foi o presidente da associação recém-criada.
Em
1898, ele, além de delegado de Guarará, era também inspetor de ensino
municipal. E ainda neste mesmo ano, por sua iniciativa, reorganiza-se do Partido
Constitucional do Município de Guarará. Este partido tinha em sua composição as
grandes figuras da política guararense. No ano seguinte, nas eleições
municipais de novembro de 1900, ele é derrotado pela chapa de oposição liderada
pelo Dr. Emílio Luiz Rodrigues Horta.
Ainda
chegou a ocupar o cargo de vereador e juiz de paz, além de outros títulos
beneméritos, ainda no período distrital, como Tenente Coronel da Guarda
Nacional, Suplente do Juiz Municipal e de Órfãos, Secretário do Colégio
Eleitoral de Mar de Espanha. Em 1907, recebe do papa Pio X uma benção especial
para si e sua família, até a terceira geração.
Em
27 de julho de 1920, morre sua esposa Clara Rosalina Gomes Baião, a baronesa de
Catas Altas, aos 76 anos (12 de agosto de 1844 - 27 de julho de 1920). Fora ela
sua única e inseparável companheira. Antônio e Clara casaram-se na Fazenda
Guarará, em Itaverava, Queluz, em 08 de novembro de 1866. Como diria de próprio punho o filho de ambos,
Sebastião Gomes Baião: “... Tinha ele ainda diretas ligações de parentesco com
os da casa e, enamorando-se de uma das primas, com ela se consorciou em 1866.”
Clara era filha do Alferes José Francisco Baião e Rosa Angélica Barbosa.
Participou
da primeira diretoria do Clube Biquense, que foi eleita em 1924, como membro
honorário. Quando ocorreu a visita do Governador Mello Vianna em Bicas, no
início de novembro de1924 não houve fogos e nem música, em respeito ao seu
frágil estado de saúde.
O
2º Barão faleceu 4 anos após a morte da esposa, no dia 3 de novembro de 1924,
em seu palacete no município de Bicas, sendo sepultado no dia seguinte. A sua
morte levou consigo o último dos seis barões, que tiveram seus nomes gravados
na história da região.
Deixou
grande legado na política e na história da Vila do Guarará por suas ações em
prol da localidade, desde a época distrital. No seu período à frente da cidade,
deu o pontapé para várias obras de infraestrutura na sede e nos distritos, numa
época de grandes dificuldades e carências que nossa terra vivenciava.
Foram
oito os filhos do casamento entre Antônio José e Clara Rosalina, cuja boa parte
viveu em Bicas, além de inúmeros netos. Os filhos foram:
1- Antônio Alberto Gomes Baião, casado com
Ana Guilhermina Monteiro Bastos;
2- Antônio Carlos Gomes Baião, casado com
Nizia Gomes;
3- Sebastião Gomes Baião, casado com Maria
Cândida de Campos Bastos;
4- Eduardo Gomes Baião, casado com Paulina
Barroso Gomes;
5- Antônio Júlio Gomes Baião, falecido
criança;
6- Maria Gomes Baião, solteira;
7- Teresa Baião Gomes Marques, casada com
Joaquim José Marques;
8- Deomar Baião Gomes Campos, casada com o
Cap. Antônio Cassimiro de Campos.
OBS.: Texto adaptado pelo Pesquisador e Historiador Rodrigo Machado Alves.