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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Biografia do 2º Barão de Catas Altas

 

Neste mês celebramos o 1º centenário de falecimento do 2º Barão de Catas Altas (Antônio José Gomes Bastos). Ele, ao lado de outros correligionários, foi o responsável por conduzir a emancipação do antigo Distrito do Espírito Santo, em 05/12/1890.  Ele se destacou como uma das grandes personalidades de nossa terra a partir da década de 1860 até seu falecimento em 03/11/1924. Em homenagem ao seu legado e à sua memória, transcrevemos a seguir um resumo de sua rica biografia.

Nasceu na fazenda do Campestre, no Arraial do Espírito Santo (atual Guarará), Minas Gerais, em 29 de junho de 1840. Foi um tropeiro, agricultor, militar, político e nobre brasileiro. Recebeu o título de 2º Barão de Catas Altas, em 23 de dezembro de 1887. Foi o primeiro Presidente da Intendência da Vila do Guarará e um dos maiores idealizadores de sua criação. Era proprietário de uma grande fazenda de café no distrito de Bicas. Foi uma das principais figuras, senão a maior em relevância histórica, no período que vai de 1890 a 1920, em Guarará e Bicas, na Zona da Mata Mineira.

Antônio José Gomes Bastos era filho de José Joaquim Gomes (1810-1849) e de Maria Silveria Bastos (1815-1905). Seus pais transferiram-se, em 1833, de Queluz para o então Arraial do Espírito Santo, onde abriram e fundaram, no futuro Arraial das Bicas, a "Fazenda do Campestre" e foi aí que ele nasceu em 29 de junho de 1840. Em 1849, aos 9 anos, morre-lhe o pai e ele, órfão, foi morar com o tio e padrinho, Antônio Alves Barbosa, casado com Ana Joaquina de Jesus, irmã de sua mãe,  que o criou e cuidou de seus estudos até a maioridade.

Os primeiros estudos foram realizados na escola primária que funcionava na Rua Santa Rita, no Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha (hoje Guarará), depois, em 1855, seu tio o matriculou em um internato em Barbacena onde ele se tornaria aluno do padre José Joaquim Corrêa de Almeida, grande poeta e exímio latinista, além de um apreciado músico de sua época.

Ao término dos estudos, Antônio José abandona a vida acadêmica e dedica-se à lavoura e, em pouco, à atividade que mais prosperava na época, o comércio das tropas (mascate), comércio este que crescia e oferecia as melhores possibilidades para o crescimento econômico. Tornou-se assim um grande e respeitado tropeiro, adquiriu animais (algo em torno de 100 muares) e, entre os anos 1860 e 1865 aproximadamente, percorreu as províncias de Minas Gerais ao Rio de Janeiro. Além destas viagens pelo sertão, tinha ele, como o maior centro de suas atividades, a corte, como era então chamada à cidade do Rio de Janeiro. Aos poucos, devido a esta classe específica de negócios, ele estreitou relacionamentos com as mais importantes firmas daquela praça, justamente as que mais careciam dos serviços de tropeiro prestados por ele.

Em 8 de novembro de 1866, aos 26 anos, ele se casa com Clara Rosalina Gomes Baião e o casal passa a residir nas terras que ele possuía no Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha, o assim chamado "Sítio da Experiência", onde ele se fixa definitivamente, abandonando a vida de tropeiro e, em pouco, ele se torna um próspero lavrador.

Em 1867, no início do ano, ele é remanejado e promovido de 3º para 1º suplente do subdelegado do Arraial do Espírito Santo do Mar de Espanha.

Dado o seu temperamento e por força das necessidades do meio e da época, dedicou parte de suas atividades à política. Filiou-se ao Partido Liberal e, quase que de imediato, dada a morte do chefe do partido, tornou-se ele o chefe do mesmo, no distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha.

Alguns anos depois, em 15 de junho de 1881, ele recebe duas comendas: é agraciado com o título honorífico de Cavaleiro da Ordem da Rosa e com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo. Dois anos depois, em 1883, é eleito vereador para representar o Distrito do Espírito Santo na Câmara de Mar de Espanha, com legislatura até 1886. Pouco depois, em 23 de dezembro de 1887, ele é agraciado com o título de 2º Barão de Catas Altas, conforme diz o Annuário Genealógico Brasileiro.

Em 1 de junho de 1884, ele participa da criação, da instalação e torna-se conselheiro do Centro Agrícola do Município do Mar de Espanha. Em 1886, ele participa da criação de uma associação para promover os produtos e os produtores locais nas feiras e exposições Agrícola-industriais, nacionais e regionais.

Em 1889, figura com destaque dentre os grandes fazendeiros e produtores rurais da região. Fora também ele um dos fundadores do Clube Republicano de Mar de Espanha, um dos primeiros da Província, do qual se tornou presidente. Pouco depois, fundou o Partido Republicano no Espírito Santo do Mar de Espanha, algo que viria facilitar os caminhos em prol da emancipação.

Em 1890, com a criação da Villa do Guarará, o 2º Barão de Catas Altas foi nomeado Presidente da Intendência, pelo governo provisório. Neste mesmo ano, ele figura entre as lideranças que apoiam a mudança da capital mineira para um ponto mais conveniente dentro do estado, visto que Ouro Preto já não oferecia estrutura urbana que atendesse à expansão em curso.

Pouco depois, em 22 de janeiro de 1891, com o advento do Decreto 343, o Espírito "Santo do Mar do Espanha" passa a denominar-se “Villa do Guarará” e o 2º Barão de Catas Altas assume a Presidência da Intendência Municipal até as eleições de 1892. Com as eleições de 1892, em 7 de março, toma posse a sua 1ª Câmara Municipal e, com isso, o 2º Barão vitorioso no pleito é empossado Agente Executivo e ocupa ao mesmo tempo, a Presidência da Câmara, até o final de 1892. O topônimo "Guarará" surgiu para a definição do município sem qualquer referência aborígene e sim para propor uma homenagem do Barão à esposa Clara Rosalina, que nascera em Santana dos Montes, numa fazenda com esse nome, onde passa o ribeirão Guarará.

Em 13 de maio de 1897, por sua iniciativa, é criado e instalado o Centro Agrícola de Guarará. Esta organização ou associação tinha como princípio promover o progresso e o desenvolvimento da lavoura. O Barão, além de ser o principal idealizador, foi o presidente da associação recém-criada.

Em 1898, ele, além de delegado de Guarará, era também inspetor de ensino municipal. E ainda neste mesmo ano, por sua iniciativa, reorganiza-se do Partido Constitucional do Município de Guarará. Este partido tinha em sua composição as grandes figuras da política guararense. No ano seguinte, nas eleições municipais de novembro de 1900, ele é derrotado pela chapa de oposição liderada pelo Dr. Emílio Luiz Rodrigues Horta.

Ainda chegou a ocupar o cargo de vereador e juiz de paz, além de outros títulos beneméritos, ainda no período distrital, como Tenente Coronel da Guarda Nacional, Suplente do Juiz Municipal e de Órfãos, Secretário do Colégio Eleitoral de Mar de Espanha. Em 1907, recebe do papa Pio X uma benção especial para si e sua família, até a terceira geração.

Em 27 de julho de 1920, morre sua esposa Clara Rosalina Gomes Baião, a baronesa de Catas Altas, aos 76 anos (12 de agosto de 1844 - 27 de julho de 1920). Fora ela sua única e inseparável companheira. Antônio e Clara casaram-se na Fazenda Guarará, em Itaverava, Queluz, em 08 de novembro de 1866.  Como diria de próprio punho o filho de ambos, Sebastião Gomes Baião: “... Tinha ele ainda diretas ligações de parentesco com os da casa e, enamorando-se de uma das primas, com ela se consorciou em 1866.” Clara era filha do Alferes José Francisco Baião e Rosa Angélica Barbosa.

Participou da primeira diretoria do Clube Biquense, que foi eleita em 1924, como membro honorário. Quando ocorreu a visita do Governador Mello Vianna em Bicas, no início de novembro de1924 não houve fogos e nem música, em respeito ao seu frágil estado de saúde.

O 2º Barão faleceu 4 anos após a morte da esposa, no dia 3 de novembro de 1924, em seu palacete no município de Bicas, sendo sepultado no dia seguinte. A sua morte levou consigo o último dos seis barões, que tiveram seus nomes gravados na história da região.

Deixou grande legado na política e na história da Vila do Guarará por suas ações em prol da localidade, desde a época distrital. No seu período à frente da cidade, deu o pontapé para várias obras de infraestrutura na sede e nos distritos, numa época de grandes dificuldades e carências que nossa terra vivenciava.

Foram oito os filhos do casamento entre Antônio José e Clara Rosalina, cuja boa parte viveu em Bicas, além de inúmeros netos. Os filhos foram:

1-         Antônio Alberto Gomes Baião, casado com Ana Guilhermina Monteiro Bastos;

2-         Antônio Carlos Gomes Baião, casado com Nizia Gomes;

3-         Sebastião Gomes Baião, casado com Maria Cândida de Campos Bastos;

4-         Eduardo Gomes Baião, casado com Paulina Barroso Gomes;

5-         Antônio Júlio Gomes Baião, falecido criança;

6-         Maria Gomes Baião, solteira;

7-         Teresa Baião Gomes Marques, casada com Joaquim José Marques;

8-         Deomar Baião Gomes Campos, casada com o Cap. Antônio Cassimiro de Campos.


OBS.: Texto adaptado pelo Pesquisador e Historiador Rodrigo Machado Alves.




terça-feira, 1 de outubro de 2024

Padre Guerra

        

Conforme os escassos documentos consultados, ao que tudo indica, ele foi o primeiro Cura (Padre) residente no Curato do Espírito Santo. Ele aportou nessas terras por volta de 1840 e permaneceu ministrando o sacerdócio até seu falecimento devido a uma grave enfermidade em 1862. Mas nada impede que no futuro possam surgir novos registros acerca de outros sacerdotes que residissem no curato antes do período em questão. O levantamento de dados permanece complexo e cheio de lacunas.

O Cura Manoel Bonifácio de Souza Guerra era natural do Arraial da Glaura, localizado na cidade de Ouro Preto-MG. Ele foi batizado em 14/05/1809 na Paróquia de Santo Antônio da Casa Grande. Seus pais eram Manoel Francisco de Souza Guerra e Maria Leite de Menezes.  Seus irmãos eram Francisca Marciana de Assis e Castro, Manoel de Souza Guerra Filho, Teodora Graciana Leite de Menezes, Violante Sabina Leite de Menezes Guerra (morou no entorno do Distrito de Santo Antônio do Aventureiro) e Joaquim Hilário de Souza Guerra, que foi seu testamenteiro em 1862.

Informação de sua ordenação e nomeação é desconhecida até o momento. Ao que tudo indica, o Cura Guerra, como era conhecido em suas assinaturas, vivenciou momentos importantes na vida social e espiritual do Curato do Espírito Santo. Em 1841, são encontradas passagens como testemunha no inventário de Domingos Ferreira Marques, patrono de nossa terra. Foi durante sua permanência que a Igreja Matriz teve suas obras iniciadas em 1842 e finalizadas, anos depois, em 1852. O altar-mor, sacristia e capela do santíssimo, concluídas em 1857, foram sobre sua regência espiritual.

Segundo as informações acessadas, ele teve uma longa permanência no Curato do Espírito Santo, o mais longevo na função até hoje. Mas não sabemos se, no período compreendido entre 1840 e 1862, ele precisou se ausentar por algum tempo, substituído por outro sacerdote, ou se foi nomeado para outra localidade, tendo retornado depois, em razão de nenhuma documentação disponível.

Em 1849, foram encontradas no Cartório de Notas do Curato do Espírito Santo transações envolvendo aquisição de sítios pelo Cura Guerra. A primeira escritura era a respeito da compra de um sítio na localidade da Extrema. Pouco depois adquiriu outra propriedade no lugar conhecido como Cachoeira, que hoje fica um pouco antes da Ponte do Salomão, sentido Forquilha. Mesmo passando quase dois séculos de grandes transformações no meio rural de Guarará, algumas documentações de terras próximas aos locais citados ainda mencionam “Fazenda do Padre Guerra”.

Na ocasião de seu falecimento, conforme citado no testamento e nos autos do processo de inventário que ocorreu na Comarca de Mar de Espanha, ele residia numa propriedade denominada Sítio do Meio, no Curato do Espírito Santo. O sítio da Cachoeira foi mencionado no seu inventário, mas o da Extrema não foi citado, o que leva a supor que este imóvel tenha sido vendido anteriormente. Boa parte de seus bens foi usada para pagar grandes dívidas no decorrer do inventário.

Um fato curioso é que o Cura Guerra possuía 6 (seis) filhos naturais, vivendo com ele numa casa de sobrado no Sítio do Meio, até a sua morte em 07/05/1862, conforme consta no seu inventário. Eram eles: Samuel Paulino de Souza Guerra, com 22 anos, Benjamim Bonifácio de Souza Guerra, de 20 anos, Gertrudes de Menezes Guerra, com 18 anos, que posteriormente se casou com Francisco de Paula Guerra, Violante de Menezes Guerra, com 16 anos. Maria, de 13 anos, e a caçula Anna, com 8 anos. Um fato que chamou a atenção é que todos os seus filhos e filhas sabiam escrever com elegância, numa época em que a escrita era restrita a alguns homens.

O nome da mãe de seus filhos não está mencionado em momento algum nos documentos. No decorrer do inventário, foi identificada a presença de familiares seus e da sua suposta esposa vivendo no Curato do Espírito Santo e adjacências. O acompanhamento médico nos momentos finais ficou a cargo do Dr. Romualdo César Monteiro de Miranda Ribeiro, que residia em Paraybuna (Juiz de Fora).

Tanto o testamento quanto o inventário não mencionam onde foi o sepultamento do Padre Manoel Bonifácio de Souza Guerra. O testamento faz menção somente aos ritos fúnebres e missas por sua alma. O inventário não complementa nada a respeito do assunto. A assistência espiritual no decorrer de sua enfermidade ficou a cargo do vigário de Mar de Espanha, Joaquim dos Reis Menezes. Após o fim do inventário em 1867, o destino de seus filhos torna-se desconhecido daí em diante, mas a lembrança do Padre Guerra na memória popular permanece até os dias atuais em nossa cidade.


Imagem 01: Assinatura do Cura Guerra numa procuração no Curato do Espírito Santo em 1858.


Imagem 02: Nomes dos 6 filhos legítimos do Cura Guerra em 1862.

 

Imagem 03: Trecho do Inventário do Cura Guerra datado de 03/04/1862 no Curato do Espírito Santo. 

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Projeto Cartas de Memórias

 Buscando formas e meios para se preservar a História e a Memória de nossa terra, foi concebido o Projeto Cartas de Memórias. O objetivo é que as pessoas escrevam suas lembranças e recordações acerca de Guarará ao longo do tempo.

Todo tipo de conteúdo será bem-vindo. Uma oportunidade para eternizarmos parte das lembranças que não se apagaram da mente por meio de uma carta que ficará arquivada para consultas no presente e no futuro.

Convidamos a todos (as) para participarem e deixarem seu legado na preservação da memória de nossa terra guararense ao longo dos tempos.  Quem tiver dificuldades em redigir a carta, peça a colaboração de um conhecido ou familiar, e acima de tudo, não deixe de ajudar.


Meios de envio da carta:


*e-mail cartasdememoria@gmail.com

*fotografadas e enviadas no privado através do Facebook Guarará Patrimônio Histórico

*Aos cuidados de Eloíza no WhatsApp (32) 9843-3687




quarta-feira, 10 de julho de 2024

Luz Elétrica em Guarará - Bicas e Maripá

 

Com ênfase ao crescimento e progresso, a Câmara Municipal, através de seu Agente Executivo, o Cel. Joaquim José de Souza, com base na Lei Municipal nº 110 de 08/06/1911, inicia contatos visando contratar o fornecimento de luz e força elétrica para atender inicialmente a Vila do Guarará e o Distrito de Bicas. O responsável por intermediar as conversas foi o Dr. Estevão Leite Magalhães Pinto, um grande advogado e jurista que residia em Belo Horizonte e que tinha fortes vínculos com a região, por ser natural de Mar de Espanha.

De início, as dificuldades foram imensas. Mesmo com contatos na capital e em outras partes, não foi possível encontrar interessados em trazer o fornecimento de energia elétrica até Guarará. Os equipamentos para tal finalidade eram caros e precisavam vir de muito longe. Os valores disponíveis para o investimento se tornavam defasados devido às adversidades de logística. As poucas estradas de rodagem eram precárias para deslocar os maquinários de instalação pelos morros irregulares, sem contar as pontes frágeis que não aguentariam o trânsito pesado e constante de operários e seus equipamentos.

Vencidas as primeiras dificuldades, o serviço é iniciado pelo Dr Estevão, que delegou os trabalhos ao engenheiro Ângelo Baratta, que por sua vez iniciou a empreitada em 09/03/1912. Inicialmente, a ideia era construir uma usina nas proximidades, para que a mesma pudesse fornecer eletricidade a Mar de Espanha e Guarará. Os trabalhos chegaram a ser iniciados, mas devido a obstáculos naturais e de infraestrutura, tal iniciativa não pode ser levada adiante e isso ocasionou atrasos nas demais etapas da obra.

Em comunicado de 19/05/1913 feito pelo Dr. Estevão à Câmara, ele informa que, devido às constantes chuvas que interromperam os serviços e dificultaram a chegada do material necessário ao andamento do empreendimento, o prazo vigente no contrato não será cumprido. Com base nessa e em outras dificuldades naturais e de logística, o contrato precisou ser renovado junto à Câmara Municipal nos anos seguintes por diversas vezes. Os valores iniciais sofreram reajustes em várias ocasiões para atender às constantes despesas.

Com as barreiras cada vez mais constantes em diversos pontos da empreitada para levar a luz elétrica a Guarará e Mar de Espanha, o Dr. Estevão através do advogado Dr. José Maria de Miranda Manso, entra em contato com a Companhia Mineira de Eletricidade, sediada na cidade de Juiz de Fora para que a mesma absolvesse o contrato em andamento e pudesse entregar o serviço de forma ágil as 2 localidades.

A resolução nº 154 de 27/05/1915 aprovou a prorrogação do contrato em vigor e a transferência do mesmo da responsabilidade do Dr. Estevão Leite de Magalhães Pinto para a Cia Mineira de Eletricidade, a partir daquele momento. Mesmo assim, algumas barreiras persistiram durante os anos seguintes e atrasaram mais uma vez a chegada da luz elétrica.

Em correspondência de 12/01/1917, a Cia. Mineira de Eletricidade, através de seu presidente Dr. Henrique Burnier, informa que haverá mais atrasos, desta vez decorrentes da Guerra Mundial em andamento que demandou maior uso de matéria- prima por parte dos EUA para fabricação de armamentos e isso levou a escassez de itens usados na distribuição da energia elétrica em diversas partes do mundo. Inclusive, os fornecedores não conseguiam atender aos pedidos a tempo devido à guerra, que inclusive afetou transporte marítimo.

Em carta de 20/09/1917, o advogado Dr. José Maria de Miranda Manso reclama as autoridades as barreiras encontradas a partir de Sarandy, onde alguns proprietários não deixavam a colocação dos postes e linhas de transmissão em suas terras alegando que as mesmas poderiam incendiar seus pastos e matas.  Visando evitar estes problemas em Guarará, o agente executivo Joaquim José de Souza promulga a lei nº 138 de 15/010/1917, autorizando desapropriações amigáveis ou judiciais no caminho que passarem os postes e linhas de transmissão. Tudo isso visava evitar mais transtornos que pudessem levar a mais atrasos na chegada da luz.

Nos primeiros meses de 1918, os postes e linhas de transmissão chegam finalmente a nossas terras. Vários testes são feitos em Guarará e Bicas para corrigir possíveis falhas. A inauguração solene da chegada da luz elétrica ocorre 08/07/1918. A partir daí, foram necessários alguns ajustes no decorrer do ano para sanar eventuais problemas na distribuição da força elétrica. A 1ª conta paga pela Câmara Municipal relativa ao fornecimento da iluminação foi em 09/10/1918. As faturas eram trimestrais.

Após a inauguração da tão sonhada luz elétrica para Guarará e Bicas, que levou muito tempo além do esperado, a Câmara Municipal voltou seus esforços para levar a mesma benfeitoria ao próspero Distrito de Maripá. Esse seria um grande benefício visando trazer progresso e crescimento para aquele Distrito. Foi através da Resolução nº 184 de 28/01/1919 que o sonho tornava-se realidade ao autorizar os procedimentos para viabilizar a instalação da luz elétrica e outros assuntos pertinentes ao tema junto à Cia. Mineira de Eletricidade. Os trâmites eram muito lentos, aliados a uma logística restrita naquela época. Por essa e outras circunstâncias técnicas, a luz chegou de fato à localidade somente em 1924.

Imagem 01: Lei nº 110 de 8/06/1911 a respeito da contratação do serviço de eletricidade para Guarará e Bicas.

Imagem 02: Continuação da Lei nº 110 de 8/06/1911 a respeito da contratação do serviço de eletricidade para Guarará e Bicas.

Imagem 03: Primeira fatura do serviço de eletricidade cobrado da Câmara.

Imagem 04: Inteiro teor da Resolução n°184 de 28/01/1919 sobre a instalação da luz elétrica em Maripá.
Imagem 05: Na letra h é mencionada a instalação da luz elétrica no Distrito de Maripá.



terça-feira, 4 de junho de 2024

Livro O Guarará e Sua Linha do Tempo entre 1814 e 2023

 

    Ao finalizar mais um projeto, torno público e disponível o livro “O Guarará e sua Linha do Tempo ente 1814-2023”. O material foi financiado com recursos da Lei Paulo Gustavo e apoio da Prefeitura de Guarará-MG. Ainda temos exemplares para retirada gratuita no SETOR DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO, no final do corredor da Secretária de Educação.

    O livro aborda fatos importantes da localidade e seus distritos numa linha histórica evolutiva até o período atual. Os levantamentos foram a partir do Blog O Guararense do saudoso Pesquisador Francisco T. Oliveira, falecido em 19/07/2023. O conteúdo consolidado foi revisto e ampliado para proporcionar o máximo de conhecimento sobre essa época pesquisada, já que novas descobertas surgiram nos últimos anos e não estavam contempladas no blog.

    A pesquisa histórica muitas vezes é árdua e a verificação das fontes demanda tempo, dedicação e muita atenção por parte do pesquisador e dos envolvidos no projeto. Nem sempre aquilo que se pesquisou por longo tempo encontra embasamento e apoio para ser publicado. Precisamos estar atentos e vigilantes. Essa é a rotina na vida de um pesquisador, que além dos desafios constantes, precisa lidar com os fatores que fogem ao seu roteiro de trabalho.  A readaptação e novos planos ao longo do caminho são constantes na busca por aquilo ainda considerado obscuro, mas gratificante no final da jornada.

    Com o passar do tempo e conforme forem surgindo novas informações, este pequeno livro poderá receber uma 2ª edição, aliás, esta é a ideia de que ele possa ter uma sequência daqui a alguns anos. A nossa história, assim como a da região, é riquíssima e ainda pouco pesquisada e difundida. Partindo dessa visão, ela precisa ser divulgada para o maior número de pessoas em Guarará e na região. Cabe a nós, como conhecedores de parte da História, levar seus arquivos transcritos ao máximo de lugares, visando estimular outras pessoas a fazerem o mesmo em suas cidades.

    

 






terça-feira, 28 de maio de 2024

Filme O Guarará - Link Acesso

 

Encontra-se disponível no Youtube no canal Foto Vídeo Pallazzo, desde o dia 26/05/24, o filme “O Amanhecer da Villa do Guarará”. Uma produção inédita acerca da historiografia local e regional, que ainda tem muitos caminhos para serem desbravados.

Assistam, comentem e compartilhem para que esse material possa chegar a diversos lugares e pessoas. Observações e críticas são bem-vindas para melhorarmos para os próximos filmes. Esperamos com esse trabalho sensibilizar outras cidades da região a fazer o mesmo resgate de sua história e memória.

A Zona da Mata Mineira é uma área com muito espaço para pesquisa histórica, que precisa ganhar mais visibilidade no meio acadêmico em relação ao seu esplêndido passado, infelizmente ainda pouco conhecido por seus moradores.

 

Link para acesso ao filme:

https://www.youtube.com/watch?v=CaMV60DdYVQ




 

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Jornal do Poste

 

Um dos últimos jornais impressos e com bom conteúdo a circular pela cidade de Guarará. Sua edição inicial foi escrita em dezembro de 1987 e seu encerramento ocorreu em maio de 2001.

Era um pequeno periódico do tamanho de uma folha A5 editado e escrito apenas de um lado, inicialmente de próprio punho e depois numa máquina de escrever. Após a produção dos primeiros exemplares e conferência pelo autor, era feita a cópia da edição que seria afixada pelos postes da cidade, daí o nome Jornal do Poste. A edição era mensal. Havia uma pessoa responsável pela afixação dos exemplares com cola nos principais postes de cada rua de Guarará.

Trazia uma abordagem simples com assuntos variados e fáceis de serem assimilados pelo leitor. Os poemas e trovas eram bem elaborados e com uma linguagem sútil e romantizada que levava o leitor mais atento para dentro do fato narrado. Como todo pequeno jornal do interior, não deixava de dar puxões de orelha com descrição e estilo em certas circunstâncias.

Nas datas festivas, havia mensagens e reflexões bem produzidas pelo seu redator-chefe para aquele momento. As festividades religiosas do Divino Espírito Santo e Semana Santa recebiam destaque nas publicações. Em todas as edições, buscou valorizar e incentivar o comércio local.

Era um jornal respeitado e admirado em Guarará e região. Exemplares eram enviados para diversas cidades de Minas Gerais e do país. Muitas pessoas ainda têm guardado na gaveta edições do saudoso periódico como lembrança de época.

Seu escritor era o saudoso Dr. Olivan Abrahim (1924-2020), filho de Iássara e Sayd Abrahim, descendentes de libaneses, que chegaram à nossa cidade no início do século XX e aqui se estabeleceram. Seus pais construíram uma numerosa e benquista descendência ao longo dos tempos, estabelecendo fortes raízes em nossa cidade até o momento atual. Foi casado com a Sra. Rosália Abrantes da Cunha Abrahim. O Sr. Olivan deixou um legado expressivo através do Jornal do Poste e de sua vida social e religiosa em Guarará e Bicas.

A cessão das publicações deixou saudade e boas recordações junto aos seus leitores até hoje. O pequeno jornal foi marcante em sua época. É lamentável que os bons jornais tenham perdido valor e espaço desde o início do século XXI para o mundo virtual, que veio com novos valores e prioridades.

Imagem 01: 1º exemplar do Jornal do Poste em 1987. No início era escrito à mão pelo redator.


Imagem 02:  2º exemplar do Jornal do Poste em 1987.


Imagem 03: Exemplar nº 44 de 1990 editado numa máquina de escrever pelo redator.


Imagem 04: Exemplar nº 120. Esse foi o último a ser editado em maio de 2001. 

Observação: Os exemplares 01,02 e 04 pertencem a família do Sr. Olivan Abrahim.

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Capitão Gervásio

 

O Capitão Gervásio Antônio da Silva Pinto, um dos nomes de maior destaque na vida do Curato/Distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha. A data que aportou em nossas terras é um fato que permanece desconhecido. Logo se destacou, sendo um grande fazendeiro e produtor de café da localidade e entornos. Gozava de imenso prestígio político e social, além de ótima influência, estando presente na solução de situações delicadas do cotidiano.

Acredita-se que tenha chegado por aqui já casado com D. Margarida Eufrásia Monteiro de Castro, que era de uma família de destaque na aristocracia mineira, tendo dois de seus irmãos com o título de barão, Manuel José Monteiro de Castro (1º Barão de Leopoldina) e Lucas Antônio Monteiro de Castro (2º Barão de Congonhas do Campo).

Em 1834 já era casado, conforme informação de um registro de batismo de 21 de maio de 1834, onde Gervásio Antônio da Silva Pinto e D. Margarida Eufrásia Monteiro de Castro batizaram Agostinho (filho do casal Antônio Gonçalves de Moura e D. Gertrudes Joaquina da Silva), na Ermida da Fazenda do Tanque, em Lagoa Dourada/MG (Registro: 93 - Página: 11 - Ano: 1834).

Ele nasceu em 1801 em Lagoa Dourada, Minas Gerais. Seus pais eram o Capitão Elias Antônio da Silva Rezende e Ana de Jesus Góes e Lara. Tinha um irmão gêmeo chamado Protásio Antônio da Silva Pinto, falecido em 07/05/1841. Um de seus irmãos, José Antônio da Silva Pinto, recebeu a honraria de Barão de Bertioga, sendo o fundador da Santa Casa de Juiz de Fora.

Na década de 1850, já residia no Curato do Espírito Santo com sua família. O local exato de sua fazenda não foi identificado, mas sabe-se que possuía uma casa na sede do arraial. Em 20/07/1856, faleceu D. Maria do Carmo Monteiro da Silva, filha do casal, sendo sepultada no cemitério do Curato do Espírito Santo. Essa mesma sepultura, tempos depois, receberia os restos mortais de sua mãe D. Margarida Eufrásia em 30/09/1862.

Pensando no progresso do Distrito e da região, uniu-se a outros fazendeiros produtores de café e autoridades pensando numa forma ágil de escoar a produção cafeeira. Dessa interação surgiu a ideia de financiar uma ferrovia que partisse de Serraria e chegasse a São João Nepomuceno. No caminho haveria várias estações para deixar e receber mercadorias, em especial o café, além de transportar passageiros.

Foi um dos maiores acionistas ao lado dos idealizadores da Estrada de Ferro União Mineira (EFUM). Tinha uma participação com 500 ações no projeto, sendo o maior acionista em contribuição no Distrito do Espírito Santo.

Por imposição do destino, não chegou a ver as obras da EFUM chegar ao distrito, pois faleceu em 03/01/1878, sendo sepultado no cemitério local. Após sua morte, o destino dos filhos Manoel José Monteiro da Silva e Francisca de Paula Monteiro da Silva tornou-se desconhecido. Não temos informações se eles ainda permaneceram ou foram para outros lugares depois. Inclusive, a partilha de seus bens ainda é incógnita.

Como homenagem, uma das principais ruas da área central de Guarará leva o seu nome desde o período distrital até hoje.  Seu túmulo permanece preservado com o de sua esposa e filha, no interior da capela de São Sebastião, ao lado do cemitério municipal. Na época de seu falecimento e dos familiares, essa capela era pequena e limitava-se ao fundo do cemitério. Após sua expansão em 1889, os túmulos existentes onde ela passou a abranger continuaram em seu interior, sendo identificados por uma placa de mármore amarelada pelo tempo.

Imagem 01: Caricatura atribuída ao Cap. Gervásio. Data ignorada.


Imagem 02: Assinatura do Cap. Gervásio em 1862, numa procuração do Cartório do Curato do Espírito Santo.

domingo, 10 de março de 2024

"O Amanhecer da Villa do Guarará"

No início desta semana será lançado na Escola M. Ferreira Marques, em Guarará, o filme intitulado "O Amanhecer da Villa do Guarará".

Um material produzido por Ricardo Rossi. A produção vem contar a História do povoamento da nossa região, com foco na cidade de Guarará e adjacências, que é Cidade Mãe de Bicas e Maripá de Minas. Nossa terra possui uma história rica com muitos acontecimentos e revelações inéditas que serão exibidos para o público, através da sétima arte.

Feito para todas as famílias, esta é uma ótima oportunidade para conhecer um pouco mais sobre o surgimento de Guarará e Região.

O projeto é financiado com recursos da Lei Paulo Gustavo e teve a participação atuante do Historiador Rodrigo Machado Alves, do Setor de Patrimônio Cultural de Guarará.

Um projeto histórico único e revelador para ficar na História de Guarará e Região. Foi produzido com base em pesquisas e análises históricas, até então desconhecidas pela grande maioria das pessoas.

O filme começa no final do ciclo do ouro e mostra diversos fatos relevantes que levaram ao surgimento do Curato do Espírito Santo como a necessidade de desbravamento de novas áreas para povoamento e cultivo de culturas, a fundação da primeira igreja na região, o crescimento populacional decorrente da produção de café e açúcar, o transporte do café por tropeiros até a chegada do trem nos arredores, a revolução cultural provocada pelos imigrantes, além dos variados fatores que levaram a Emancipação de Guarará, em 1890.

Em breve, o filme estará disponível nas plataformas digitais para toda a região assistir e compreender um pouco mais sobre os caminhos que levaram à nossa origem.


Obs.Texto adaptado.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Ponte São Joaquim

 

Outra ponte de suma importância na zona rural de Guarará é a de São Joaquim, na comunidade de mesmo nome, a pouco mais de 3 km do centro da cidade. Ela faz a ligação com o entorno da localidade da Volta Grande e é um dos acessos rápidos ao Distrito de Engenho Novo, em Mar de Espanha.

Assim como sua conterrânea, a Ponte do Salomão era construída com sustentação a base de madeira sobre o Ribeirão Espírito Santo desde o tempo distrital. Sofria muito com a correnteza do trecho e as fortes enchentes que passavam pelo vale e danificavam suas cabeceiras na época das fortes chuvas de verão.

No passado, a Comunidade de São Joaquim onde está localizada a ponte era densamente povoada, possuindo Igreja e Cemitério, que foi desativado no final da década de 1920. Para atender à circulação de pessoas e o transporte de mercadorias como café, arroz, feijão e milho, a Prefeitura Municipal, através de seu prefeito, o Cel. Bertholdo Garcia Machado e seu vice, Cel. Affonso Leite implementou importantes melhorias na segurança e conservação da mesma.

A partir de 1933, foi construída, com recursos municipais, nova estrutura para a Ponte São Joaquim. As cabeceiras foram refeitas com base de pedra e concreto para resistir à forte correnteza e foi colocada no meio do rio uma grande pilastra de concreto armado para sustentar as vigas e os pranchões de madeira. Essa medida ajudava a evitar o balanço da ponte em ocasiões de tráfego pesado.

A estrutura inaugurada em 1933 permaneceu a mesma por várias décadas, mas recebendo retoques para garantir o trânsito de animais e veículos maiores com segurança. Em 1987, o então prefeito Antero Dias da Rocha inicia estudos visando substituir a ponte de madeira por uma de concreto, trazendo mais segurança para os moradores da região.

As obras iniciam em 1988, mesmo ano em que ocorre a solenidade de inauguração, com grande acompanhamento popular. A nova ponte entregue à comunidade tinha seu vão em concreto armado. As cabeceiras foram reforçadas com pedra e concreto e a pilastra foi fortalecida para segurar o peso da nova ponte.

Atualmente, permanece com as mesmas características do período em que foi inaugurada em 1988. Algumas melhorias foram realizadas, mas conservam-se os traços originais. A exceção é a paisagem, que modificou um pouco ao longo desses 36 anos de bons serviços prestados aos moradores da redondeza.

A importância de conhecer a história das construções que compõem o meio rural é crucial para entender a evolução da cidade com o passar do tempo. A recordação  histórica está presente em todos os cantos e ao lado da memória, que deve ser constantemente fortalecida através da inserção de novos recortes do passado de nossa cidade e região.


Imagem 01: Ponte São Joaquim construída em 1933.


Imagem 02: Solenidade de inauguração em 1988.


Imagem 03: Uma visão panorâmica da ponte recém-construída e sua inauguração.


Imagem 04: Grande presença popular na inauguração da Ponte São Joaquim.


Imagem 05: Vice-Prefeito Alpheu José Machado e o pedreiro Sebastião Meneguelli inaugurando a obra.


Imagem 06: Muitas pessoas  de nossa cidade estavam presentes naquele dia. Nestas fotos podemos fazer uma volta ao passado.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Ponte do Salomão

 

Uma das vias mais importantes de ligação no meio rural, que possibilita e encurta o acesso à Comunidade da Forquilha e à cidade de Senador Cortes, a tradicional ponte de concreto sobre o Ribeirão Espírito Santo, denominada Ponte do Salomão, permanece com suas ruínas bem conservadas após 95 anos.

Caracteriza-se como uma importante rota de comunicação entre partes da cidade de Guarará e outros lugares em volta desde o período distrital. No passado, a ponte era pequena e construída a base de pranchões e tábuas. Havia esteios fincados nas laterais que recebiam o peso das vigas de madeira. Constantemente sofria os impactos do período chuvoso que danificava e descalçava sua estrutura. Muitas vezes o trânsito de pessoas, e animais com mercadorias ficava interrompido devido às avarias sofridas com as fortes enchentes que passavam pelos seus pilares.

Pensando em melhorias para a localidade e entorno, a gestão do Prefeito Cel. Bertholdo Garcia Machado e Cel. Affonso Leite iniciou estudos para construção de uma ponte de concreto armado em substituição à estrutura de madeira nas imediações da anterior em 1929. Uma ponte de concreto naquela ocasião era uma novidade na cidade e na região, devido às dificuldades e desafios de sua construção, numa época de pouco acesso à tecnologia e mão de obra qualificada.

A construção iniciou no segundo semestre de 1929 e finalizou no início de 1930. Os recursos foram provenientes de convênio com o Governo Estadual. Sua inauguração ocorrida no dia 2 daquele mês foi destaque na edição n° 541 do Jornal O Guarará em 6/4/1930 em matéria estampada na capa da publicação.

A popular Ponte do Salomão tornou-se uma via de extrema importância na vida social e econômica de Guarará e localidades próximas por várias décadas, promovendo a integração e encurtando caminhos para o povo sofrido do meio rural. A partir da década de 1980, a ponte começou a apresentar problemas estruturais próximos a uma das cabeceiras, o que dificultou o trânsito de veículos pesados.

Com o passar dos anos, mesmo com os concertos emergenciais, a estrutura estava se deteriorando e tornando o trânsito automotivo perigoso. Na ocasião, o Prefeito Antônio Carlos da Rocha iniciou, alguns metros abaixo da antiga estrutura, as obras de uma nova ponte de concreto, em 1990. A nova ponte foi construída com vigas metálicas reforçadas para suportar grandes pesos e paredões laterais capazes de enfrentar as fortes enchentes de verão.

Com a circulação de veículos e pedestres desviada para a nova ponte, que cumpre os mesmos requisitos da sua antecessora, a antiga estrutura ficou em desuso e pode ser avistada até os dias atuais, poucos metros acima da atual ponte sentido Guarará a Forquilha.

Um pouco da nossa história recente permanece preservada nas ruínas da antiga Ponte do Salomão, que por mais de 50 anos desempenhou a integração local e regional bravamente, num período em que o meio rural ainda era muito povoado. O conhecimento do passado exposto no presente ajuda a preservar a memória histórica de nosso povo.

Abaixo apresentamos algumas imagens que ilustram o contexto histórico.

Imagem 01: Capa do Jornal O Guarará de 6/4/1930 retratando a inauguração da Ponte do Salomão. 

Imagem 02: Prefeito Antero Dias da Rocha (1983-1988) inspecionando a estrutura da Ponte São Joaquim. Nesta foto é possível ver uma rampa de madeira construída numa das cabeceiras da ponte.

Imagem 03: Operários e máquinas erguendo as vigas de sustentação da nova Ponte do Salomão em 1990 na gestão do Prefeito Antônio Carlos da Rocha.

Imagem 04: Vigas erguidas e prontas para receber o piso de concreto em 1990.