Páginas

quarta-feira, 22 de dezembro de 2021

Paço Municipal de Guarará - Câmara

 

O terreno do imóvel sede da Câmara Municipal de Guarará foi adquirido de Paulo Roque e sua esposa Zumira Camões Roque (1889-1948), José Vieira Camões (1865-1935) e Maria de Mattos Camões, pela Câmara Municipal de Guarará, em 27/12/1917, por um conto de réis (1:000$000), conforme escritura pública de compra e venda feita em 27/12/1917, pelo tabelião Capitão Antero Soares de Almeida (1869-1959) e registrada no Cartório do 1º Ofício de Notas de Guarará.

A construção do atual imóvel se deu graças à verba destinada por Lei pelo Capitão José Vieira Camões, Presidente da Câmara e Agente Executivo entre 1923-1926.  A obra foi concluída em 1924 e foi solenemente inaugurada em 07/08/1925.

O imponente imóvel construído em área nobre na Praça do Divino possui uma arquitetura inovadora para a época e se destaca na paisagem pitoresca dos arredores da área central de Guarará. Desde a sua inauguração abrigou a sede do poder publico municipal. Com o passar do tempo tornou-se também sede em conjunto do poder executivo e legislativo.

Com o passar de décadas veio a apresentar uma série de problemas e danos estruturais que necessitavam de uma rápida intervenção por parte de seus responsáveis. Na metade da década de 1980, na gestão do Prefeito Antero Dias da Rocha, o imóvel teve de ser desocupado e as atividades transferidas para o prédio do antigo fórum Cel. Affonso Leite, na rua Capitão Gervásio. A partir daí o imóvel ficou fechado servindo de depósito, enquanto seus problemas pioravam com o passar do tempo.

As obras de restauração só iniciaram - se no ano 2000, na gestão do prefeito Antônio Carlos da Rocha, estendendo até 2003 quando o imóvel foi reinaugurado restaurado, em 07/09/2003. A partir daí passou a abrigar a sede do poder legislativo municipal. Posteriormente, passou por pequenas reformas em 2009, 2018 (pintura interna) e 2019 (pintura externa) sem perder as características originais.

O imóvel é um exemplar arquitetônico de uma fase da história do município, de maiores avanços políticos e econômicos. Além de fazer alusão à independência política de Guarará, por ter sediado o município pela primeira vez e por muitas décadas, o imóvel foi construído por grandes nomes da política local, entre eles, o Capitão José Vieira Camões e Affonso Leite.

O salão nobre do imóvel foi também importante centro cultural e social do município nas duas primeiras décadas, quando não contava o município com o Teatro Municipal construído entre 1939 e 1940, quando serviu também então de auditório e cinema. Alguns aspectos de sua história são bastante marcantes na memória da população antiga de nossa cidade.

O prédio do Paço Municipal foi reconhecido como um dos mais imponentes imóveis históricos de Guarará sendo tombado através do Decreto Municipal n° 1300/2003.


Fotografia da inauguração do Paço Municipal em 1925. O cidadão com o chapéu branco na mão no centro da multidão era o Cap. José Vieira Camões responsável pela execução da obra.


Na foto abaixo podemos observar o início das obras de restauração do Paço Municipal em 2000. Foto pertencente a Jânio Ferreira.


Imagem do Paço Municipal em 2019. Neste local funciona a sede do Poder Legislativo de Guarará


OBS: Texto adaptado do Livro Paço Municipal de Guarará organizado pelo Historiador e Pesquisador Rodrigo Machado Alves, em Janeiro de 2021.













quarta-feira, 15 de dezembro de 2021

História de Maripá - III

                               

Com a terceira parte finalizamos o levantamento histórico sobre Maripá.

No dia 04/03/1893, foi criada a primeira escola do Distrito. Durante muitos anos funcionou em casas particulares, até que, em 1915, então sob a administração do Presidente da Câmara, Cel. Joaquim José de Souza, foi inaugurado o atual edifício escolar. Além de outras professoras que exercera a sublime profissão de educadora, encontra-se no registro escolar, as seguintes: D. Luíza Dias Fernandes, Maria Elysia Coelho, Natalina Mynssen de Mendonça, Maria Philomena da Conceição Vianna, sendo que, esta, ocupou a cadeira no período de 1911-1927, quando foi removida e pedido para Sant Ánna de José Pedro, hoje, Ipanema, em Manhuassu. Em seguida, foi a cadeira ocupada por D. Luiza de Carvalho Breyer. Em 1928, foi à escola desdobrada em duas cadeiras mistas, ocupando a primeira D. Luiza de Carvalho Breyer e a segunda, pela senhorita Esbelta Mattos, e com a remoção desta, para o Grupo de Guarará, foi substituída pela efetiva, senhorita Myrthes Ladeira. Atualmente, regem as duas escolas da sede, as professoras, D. Amélia Pereira da Silveira e senhorita, Laura Alvim Tostes.

Foram também em 1928, criadas as escolas das Fazendas da Cachoeira, propriedade do Sr. Manoel Raposo Teixeira, e da Serra, de propriedade do Cap. Quintino da Costa Mattos, e estão a cargo das professoras, DD. Maria Rosa Gotelipe e Liberalina Barbosa. O ensino no Distrito de Maripá vem sendo ministrado com muita competência, zelo e dedicação pelas atuais educadoras e tem nos últimos anos apresentando largo desenvolvimento, graças aos novos métodos adotados pelos nossos dirigentes.  Depois de várias transformações políticas na vida do distrito e conseqüentes sucessões dos diretores do P.R.M. de Guarará acham-se confiado os seus destinos políticos aos ilustres senhores: Cel. Affonso Leite, respeitável Chefe de onde irradiam todas as ilustrações precisas para o desenvolvimento progressista coletivo, e o Cel. Bertholdo Garcia Machado, atual Presidente da Câmara, que ao lado de seus companheiros camaristas, Cap. Quintino da Costa Mattos e José Ferreira de Souza, vereadores geral e especial pelo distrito respectivamente, vem pugnando com real proveito e destemido patriotismo pelo progresso visível e sempre crescente do florescente Distrito de Maripá.

Dentre os vários melhoramentos que se tem verificado nos últimos tempos, um se destaca entre eles, que é a instalação de Força e Luz, inaugurada em 03/05/1924, no mandato do então Presidente da Câmara, Cap. José Vieira Camões. Além deste, também digno de nota temos a citar a remodelação da drenagem de água potável que abastece a população da sede distrital de um modo satisfatório. Ainda como útil e indispensável benfeitoria, encontra-se o Cemitério Público, que vem sendo convenientemente zelado pela municipalidade. O Cemitério já existe desde a época pré-distrital, e foi remodelado na gestão Retto Júnior em 1907.

A população do Distrito é calculada, conforme o último recenseamento, em 4.271 habitantes. A religião é Católica Apostólica Romana; é sede de um curato pertencente ao Bispado de Juiz de Fora. Está colocado a 579 metros acima do nível do mar. A produção principal é o café, que constitui a sua principal fonte de rendas.

O solo é geralmente montanhoso, encontrando se nele algumas planícies e vales fertíssimos. A parte montanhosa é ocupada na sua quase totalidade pela lavoura cafeeira, existindo, porém, uma grande parte em matas, capoeiras e algum mato virgem. Existe algum trecho incultivável, que se encontra na parte culminante das montanhas limítrofes e centrais. Em resumo: o solo é bem acidentado, e o clima é excessivamente frio e úmido no inverno, quente na estação chuvosa, temperado e agradável no verão.

Abaixo temos a fotografia da antiga Escola Estadual de Maripá e na continuidade algumas imagens da Fazenda Monte Cristo, ambas publicadas no livro O Município de Guarará, de Roberto Capri em 1916. 






quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

História de Maripá - II


 Na sequência apresentamos a segunda parte acerca dos relatos históricos de Maripá.

O Cartório de Paz de Maripá foi iniciado em 04/09/1890. Os livros primeiros dos registros de nascimento, casamentos e óbitos, tem os seus termos de aberturas, lavrados na mesma data, pelo Juiz de Paz, Cel. Antônio Francisco de Souza e nessa mesma data, foi aberto o primeiro registro de nascimento de uma criança de nome Manoel do Nascimento, filho legítimo de José Alves Ribeiro e D. Idalina Ribeiro Guimarães, sendo escrivão interino, Antônio Theodoro de Mendonça Neto. Por uma fatalidade, o primeiro registro de óbito foi aberto ainda na mesma data e é referente ao mesmo Manoel do Nascimento que faleceu uma hora depois de registrado o seu nascimento.

No dia 11/12/1890, á uma hora da tarde, celebrou o primeiro ato de casamento civil, sob a presidência do Juiz de Paz Cel. Antônio Francisco de Souza e o Escrivão Mendonça; eram nubentes, o Sr Antônio Pacheco Calháu e a Senhorita Adelaide Hermenegildo (esta residente em São João Nepomuceno). Assinaram como testemunhas, os Srs Manoel João Giestal, negociante naquela época, e que hoje exerce a profissão de pedreiro, e Braz Cassela, falecido em 1924. Seguiram-se as assinaturas dos homens em evidência: Martinho de Campos Guimarães, João Furtado de Souza, João Carmo Teixeira, Delphino da Costa carvalho, Lucas Abílio de Souza, Rodolpho Furtado, Archangelo Baesso, (ferreiro), e o padre Antônio de Paula Dias. O livro numero um de notas foi aberto pelo Presidente da Intendência de Mar de Espanha, Pedro R. de Magalhães.

No dia 06/09/1890, foi passada a primeira escritura, que constou do arrendamento de um sítio denominado Cachoeirinha, feito por Antônio Bento Fernandes a João Bolimão, pelo prazo de 6 anos e o valor de Réis 8:400$000. Os talões foram extraídos na Coletoria e São João Nepomuceno, em 20/08/1890. Era coletor A. Bastos e Escrivão Rabello. Na mesma data, foi passada a primeira procuração.

A primeira escritura de Compra e Venda, foi passada, em 13/09/1890; vendedores, o Sr João Furtado de Souza e sua mulher D. Thereza Furtado de Souza, e comprador, o Comendador Domiciano Monteiro de Resende, a venda constava da Fazenda denominada Bom Sucesso, com a área de 103 alqueires de terras, grande quantidade de móveis, semoventes e diversas benfeitorias, pelo preço de Dezenove Contos de Réis (19:000$000), os talões foram extraídos da Coletoria de Mar de Espanha, sendo Coletor Carlos Benício de Mattos e o Escrivão J. P. de Figueiredo. Em 07/12/1890, assumiu interinamente o cargo de Escrivão, o Sr Lino Ribeiro de Magalhães e exerceu até o dia 03/07/1897, data em que, reassumiu o efetivo Cap. Antônio Theodoro de Mendonça Neto, que manteve-se no respectivo cargo até  o dia 07/08/1923, quando foi substituído pelo atual efetivo, José Caetano de Oliveira.



 Apresentamos a fotografia acima da região central de Maripá que foi publicada no livro, O Município de Guarará, de Roberto Capri em 1916.


A imagem acima ilustra parte do centro de Maripá no início da década de 1940.

 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

131 Anos de Emancipação


Em 05/12/2021, Guarará comemora seus 131 anos de Emancipação Política. Deixamos aqui os PARABÉNS a esta terra que sempre foi e é hospitaleira, desde os primórdios acolhendo a todos que aqui se instalaram em busca de uma vida melhor e assim, com o passar do tempo, contribuíram para o crescimento e desenvolvimento de nossa cidade, consagrada ao Divino Espírito Santo. Como homenagem, apresentamos um breve histórico de nossas origens.

 

Domingos Ferreira Marques e sua esposa eram titulares de sesmarias as quais receberam por concessão em 16/10/1818. Os requerimentos de ambas as sesmarias foram feitos em 23/05/1814 e aprovados pelo Governo da Capitania de Minas Gerais em 27/01/1816.

O sesmeiro Domingos Ferreira Marques, inspirado pela esposa Feliciana Francisca Dias, devota ao Divino Espírito Santo, doou 40 alqueires de terra para o Patrimônio de uma Capela de Aplicação, conforme escritura lavrada em 20/07/1828. Formou-se um curato e a construção de uma capela-mor foi iniciada pouco depois. A primeira Capela surgiu por volta de 1830. Posteriormente, essa Capela deu lugar a Igreja Matriz do Divino Espírito Santo, construída a partir de 1842 e finalizada em 1857.

Muitos ranchos para tropas foram levantados na pequena povoação e nas suas imediações. O primeiro rancho que deu abrigo a milhares de tropeiros e viajantes que vinham do campo para o Rio de Janeiro foi o de José Antônio, no lugar onde se denomina Extrema. O segundo foi construído no Largo da Igreja, hoje Praça do Divino. O arraial servia de parada para os deslocamentos entre o Rio e Minas. O local foi denominado Curato do Espírito Santo, que décadas depois receberia o nome de Guarará.

Em 01/01/1868, através da Lei nº 1.466, o Curato do Espírito Santo do Mar de Espanha é elevado à categoria de Paróquia, observando as mesmas divisas. Mais adiante pela Lei nº 2034 de 01/12/1873 é criada a Freguesia do Espírito Santo do Mar de Espanha. O café constituía a principal fonte de riqueza de nossas terras e tempos depois, cedeu espaço a pecuária e cana-de-açúcar.

O Distrito do Espírito Santo do Mar de Espanha foi emancipado através do Decreto nº 278 em 05/12/1890. Sua instalação administrativa ocorreu somente no ano seguinte em 01/02/1891 na casa do 2º Barão de Catas Altas (Antônio José Bastos Gomes) na Praça do Divino. Neste local atualmente funciona a Escola Municipal Ferreira Marques. Em 22/01/1891, pelo Decreto Estadual nº 343, a Vila do Espírito Santo passou a denominar-se, simplesmente, Vila do Guarará. Segundo a Lei nº 84 de 06/06/1894 a Vila do Guarará passou a denominação de Vila do Espírito Santo do Guarará, acatada pelo Estado de Minas por sugestão do Vereador Padre Manoel José Corrêa. Essa denominação permaneceu até o final da década de 1920. A partir daí, passou a adotar novamente o termo Vila do Guarará, até meados da década de 1940, quando usou somente o vocábulo Guarará.

Conta à tradição que, o 2º Barão de Catas Altas, logo após o decreto de emancipação tinha que escolher um nome para a nova Vila. Sem tempo hábil para consultar os moradores e correligionários, veio à ideia de homenagear onde sua esposa nascera na região da Vila de Queluz (atual Conselheiro Lafaiete), porque, em sua terra de origem, havia um riacho com o nome de 'Guarará', na Fazenda Guarará, talvez por saudosismo, resolveu denominar o local recém-emancipado de 'Vila do Guarará', em substituição à Espírito Santo do Mar de Espanha.

 


 Largo do Divino no início da década de 1940

                               

Região Central em 1995




quinta-feira, 25 de novembro de 2021

História de Maripá - I

 

Apresentamos a transcrição da cronologia histórica de Maripá publicada no Jornal O Guarará, em 1929. A matéria figurava como homenagem ao local pelo que é possível identificar na reportagem. Um exemplar do periódico se encontra no Arquivo do Espaço Cultural José Vieira Camões, em Guarará.

O então distrito de Maripá denominava-se antigamente Córrego do Meio. O primitivo povoado teve como seu iniciador principal, o Sr Domingos Antônio de Oliveira, proprietário da Fazenda Córrego do Meio, que fez a doação de um e meio alqueire de terra ao patrimônio, para a ereção de uma capela, que foi construída sobe a influência dos srs Anselmo José Machado, Sebastião Castório de Almeida (construtor), Dona Joana Ferreira e outros.

A referida capela teve o patrocínio de São Sebastião, e conservou-se até 1912, quando foi demolida para a construção da atual igreja. Por deliberação de uma comissão composta dos senhores Cel. Francisco Retto Júnior, Cap. Avelino Ferreira da Fonseca, Cap. Antônio Ferreira Martins, Cap. José Ricardo Sobrinho, Ricardo José Coelho e José Temponi. Em 1914, com a retirada do Cel. Retto Júnior assumiu a presidência da comissão o então tesoureiro Cap. Avelino Ferreira da Fonseca, que foi substituído na tesouraria pelo Cel. Bertholdo Garcia Machado. Em 1918, foi o suntuoso templo, que embeleza o largo de São Sebastião, inaugurado com a benção solene ministrada pelo saudoso D Silvério Gomes Pimenta. Exemplares mais antigos do mesmo periódico informam que a data da benção foi 30/07/1919. Acredita-se que a data de 1918 tenha sido impressa por equívoco.

Os representantes primitivos eram: o Cap. Silvestre Henriques Furtado, proprietário da Fazenda Pedra Branca, hoje, de propriedade do Cap. Virgílio Machado da Silva, João Furtado de Souza e Antonio Ferreira Martins, proprietários das Fazendas Bom Sucesso e da Serra, respectivamente, hoje, pertencentes ao Cap. Quintino da Costa Mattos; Cel. Antônio Francisco de Souza e o farmacêutico Martinho Guimarães, que muito contribuíram para o progresso do distrito.

Um dos primeiros comerciantes era Ambrósio Bianco, estabelecido em uma pequena casa de varejo, à rua Cap. Avelino, na casa onde reside atualmente, Dona Maria Luzia, e o mais forte negociante de então, era o português Manoel José de Oliveira, vulgo Manoel Pesado.

Também residiram no primitivo distrito, os padres Chaim, que faleceu e foi inhumado no interior da capela antiga; padres Rizzote e Francisco Del Gáudio. A população era servida pelos médicos, Higino e Matheus, e em 1927, residiu por alguns meses, o Dr. Francisco Rocha.

Em 1890, pelo governo do Dr. Bias Fortes, foi criado o Distrito de Maripá, instalado no dia primeiro de fevereiro de 1891. Ao seguir a instalação foi criado o Conselho Distrital, e foi eleito presidente do mesmo, o Sr. Antônio Rodrigues Maia, que em seu mandato obsequiou a população com o grande melhoramento da água potável. Tendo falecido em 1896, foi substituído pelo Cap. Avelino Ferreira da Fonseca, um dos maiores benfeitores do Distrito, pelos relevantes serviços prestados durante sua gestão.

Quando depois foi cassado o direito dos conselhos distritais, ficou a administração a cargo do Presidente da Câmara de Guarará, o Cel. Francisco de Paula Retto Júnior, que também prestou muitos benefícios ao distrito, notadamente no referente às estradas de rodagem. O Cel. Retto Júnior, como chefe local, residiu na sede do distrito até 1914, quando foi eleito deputado estadual e passou a residir em Bicas, onde faleceu em 1925.


Abaixo apresentamos uma fotografia da construção da Igreja Matriz de São Sebastião, que foi publicada no livro, O Município de Guarará, de Roberto Capri em 1916.



sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Biblioteca Rui Barbosa


O Município de Guarará teve sua 1ª Biblioteca Municipal através da Lei nº 03 de 20/05/1898 e essa funcionava nas dependências da Câmara Municipal. Posteriormente, outras bibliotecas vinculadas às escolas existentes na área urbana e rural vieram a possuir suas bibliotecas, mas estas eram reservadas somente ao uso de alunos e poucas pessoas da sociedade. Outra Biblioteca importante foi a que existiu no prédio da Maçonaria por longos anos e era aberta ao público externo. Como podemos identificar a relação existente entre o município e um espaço público destinado a propagação da cultura e do saber através da leitura de bons livros vem de tempos remotos em nossas terras históricas.

A importância de um espaço, mesmo que ele fosse pequeno, era uma preocupação de quase todos os governantes municipais que passaram pela Câmara e Prefeitura. Com a desativação da Biblioteca da Maçonaria e uma demanda que aumentava, a administração municipal viu ser necessária a construção de um imóvel que pudesse alocar uma Biblioteca Pública Municipal que atendesse não só os estudantes, mas toda comunidade também. Nesse sentido na gestão do Prefeito Cel. Affonso Leite e Vice-Prefeito Marcos de Souza Resende iniciaram-se as obras em prol de uma pequena Biblioteca Municipal em 1951, sendo finalizada e inaugurada no ano seguinte em 03/05/1952. O terreno foi doado pelo Sr. Elcenor Leite que era o oficial do Cartório de Registro de Imóveis na ocasião e residia na esquina ao lado da futura Biblioteca.

A denominação da Biblioteca é uma homenagem ao ilustre cidadão brasileiro Rui Barbosa, que foi um grande jurista, diplomata e um defensor da cultura e educação, sendo responsável por diversas publicações de expressão nacional. Até o momento não foram encontradas informações a respeito de quem sugeriu tal homenagem.

Seu projeto arquitetônico foi uma novidade para todos ao trazer para suas fachadas, colunas arredondadas representando os templos do saber da Grécia e Roma antiga. Não foram encontrados registros e nem rascunhos nos arquivos da Prefeitura Municipal acerca da elaboração de seu projeto e do engenheiro responsável.

O cargo de Bibliotecária foi criado através da Lei Municipal nº 50 de 04/11/1952 assinado pelo Prefeito Marcus de Souza Resende para entrar em vigor a partir de 01/01/1953.

 

****Texto extraído do Dossiê de Tombamento da Biblioteca Municipal Rui Barbosa.







quinta-feira, 11 de novembro de 2021

1ª Sede do Paço Municipal


Assim que a Vila do Espírito Santo foi instalada oficialmente em 01 de fevereiro de 1891, ela passou a funcionar de forma provisória na Casa do 2º Barão de Catas Altas, localizada na Praça do Divino, onde posteriormente funcionou a partir de 30/05/1909 o Grupo Escolar de Guarará, que tempos depois receberia o nome de Ferreira Marques. Inicialmente, a Administração Municipal funcionou como Intendência Provisória de 1891 até a eleição geral para o cargo de Agente Executivo e Vereadores, ocorrida em 1892.

Os registros encontrados acerca do local que abrigaria em definitivo o Paço Municipal da Vila do Guarará constam no 1º Livro de Contratos e Obras Públicas, aberto em 11/04/1891 sobre a chancela do Barão de Catas Altas, seu 1º Intendente (Administrador). As informações sobre os detalhes e características da construção/reforma constam na ata do dia 16/04/1891 escrita nas páginas 01 e 02 lavradas pelo Secretário da Intendência Municipal, Sr. Luiz Pinto. Nela assinam o construtor José Vieira Camões, o contratante Barão de Catas Altas, o fiador José Duarte de Souza Marques e as testemunhas, Marcelino José Dias de Castro e João Luís Alves Vianna.

Segundo informações presentes na referida ata, a localização da sede do Paço Municipal da Vila do Guarará seria na Rua Visconde do Rio Branco (atual Rua Francisco Carneiro). O imóvel passaria por reformas/adaptações visando atender as exigências acordadas entre contratante e construtor. Todas as características desejadas na reforma foram transcritas na ata possibilitando uma identificação futura do imóvel através de fotos e relatos escritos em documentos oficiais, jornais e folhetins. O prédio era constituído de 2 andares. Poucos meses depois o sobrado seria entregue totalmente apto para o funcionamento da sede administrativa da Vila do Guarará.

No texto examinado na ata foi possível observar a preocupação de registrar os mínimos detalhes com a obra, algo um pouco incomum para aquela época. Quanto as janelas e portas temos a seguinte descrição: seriam 5 janelas nos fundos e na parte frontal superior do imóvel e 4 janelas e 1 porta na parte térrea frontal e dos fundos. Observa-se inclusive a recomendação para o aproveitamento das partes já existentes em bom estado de conservação num todo, tanto da madeira contida no engradamento do telhado e em outras partes da construção como no assoalho, além de especificar qual madeira poderia ser acrescentada nas partes ruins como garapa, peroba, canela-parda, piuminha, entre outras.

Alguns relatos obtidos oralmente afirmam que o imóvel foi doação do Sr. Francisco Carneiro, que era um conceituado comerciante, além de ser um dos colaboradores da emancipação e vereador nos anos seguintes. Algumas fotografias encontradas no Acervo Histórico Municipal (quadro e jornais) e na Internet mostram de forma nítida as características da faxada externa constante na ata, inclusive uma pequena placa numa das laterais do sobrado, onde é possível ver a inscrição com o nome da rua.

Com o passar dos anos o imóvel ficou pequeno e a Câmara trocou de endereço no início do século XX, tendo funcionando por muito tempo num espaçoso sobrado localizado na Praça do Divino próximo à Igreja Matriz do Divino Espírito Santo. A partir de 1917 esse espaço passou abrigar em conjunto, o recém-criado Termo Judiciário da Vila do Espírito Santo do Guarará. Após a saída da Câmara Municipal da Rua Visconde do Rio Branco, o prédio passou por adaptações, anos depois para receber o Pronto Socorro Sagrado Coração de Jesus em data desconhecida. Este funcionou no local até parte da década de 1940.

Abaixo listamos algumas fotografias de diferentes imóveis que abrigaram a Sede da Câmara Municipal de Guarará ao longo do tempo.

1) Imagem pertencente ao Arquivo Público Mineiro referente a 1ª Sede da Intendência Municipal e posteriormente Câmara Municipal da Vila do Guarará a partir de 1892. Nesse imóvel funcionou O Pronto Socorro Sagrado Coração de Jesus.




2) No registro seguinte temos a 2ª Sede da Câmara Municipal da Vila do Espírito Santo do Guarará a partir do início do século XX.




3) Na fotografia abaixo apresentamos a 3ª Sede da Câmara Municipal da Vila do Espírito Santo do Guarará após 1925. O prédio foi desativado na década de 1980 e após a restauração voltou abrigar o Poder Legislativo de Guarará em 2003.



quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Ruas de Guarará 1935-1944

 

São muitas as transformações que os logradouros de uma cidade podem enfrentar conforme os anos vão passando e a cidade crescendo. Este texto busca analisar um recorte temporal específico presente no Município de Guarará como exemplo. As mudanças as vezes são tão lentas que não são notadas e nem documentadas pela administração municipal para acompanhamentos históricos futuros. Já em outros casos as alterações vem com enorme rapidez mudando a paisagem entorno e não deixando tempo hábil o suficiente para a realização dos registros documentais.

Uma análise minuciosa nos documentos relativos ao setor de arrecadação da Prefeitura de Guarará disponíveis no Arquivo Municipal, entre os anos de 1935 a 1944, vem demonstrar que os logradouros do município sofreram poucas alterações quanto a disposição de nomes e ao surgimento de novos espaços. Mesmo assim, existe uma lacuna enorme quanto aos decretos e projetos de lei que nomeavam os logradouros no período do levantamento e anterior a ele, infelizmente. Desconhece-se a maioria das datas de nomeação e renomeação dos logradouros do município.

O baixo crescimento do núcleo urbano do município inibiu o surgimento de novas áreas habitáveis na cidade que levariam a abertura de novas ruas com a expansão do perímetro urbano. Para se ter uma ideia da importância do meio rural neste período de 1935 a 1944 havia um número muito maior de escolas rurais do que urbanas em Guarará. A área urbana ainda tinha poucos atrativos para as numerosas famílias. A maior parte da população de Guarará ainda residia no meio rural nestas décadas analisadas. Algo que passou a mudar somente a partir da década de 1950.

Da relação dos nomes de logradouros existentes em 2019, podemos citar as seguintes ruas que já existiam no período compreendido na pesquisa: Rua Bias Fortes, Rua Getúlio Vargas, Rua Francisco Carneiro, Rua Comendador Noronha, Travessa Gilson Mendonça, Rua Capitão Gervásio, Travessa Antero Dutra, Rua Barão de Catas Altas, Rua Sete de Setembro, Rua José Pinto Soares, Rua Tiradentes, Praça Cel. Afonso Leite, Chácara, Rua Joaquim José de Souza, Rua Dom Silvério, Rua Vieira Camões e Travessa Fausto Gonzaga, Praça Raul Soares e Ponte Seca (Areal).

 A partir de 1936 acrescenta a Rua do Rosário e um lugar denominado Pereiras (sem referência) nos arquivos de arrecadação da prefeitura. Em 1940 aparece um local denominado de Suburbano com muitos imóveis nos anos seguintes. Infelizmente não é possível identificar em que setor da cidade esse lugar se encontrava, pois permanece até o ano de 1944 com esta denominação vaga.

Estes logradouros cresceram pouco no período estudado. Havia poucas alterações no espaço urbano destas ruas. De vez em quando algum imóvel era demolido e o local ficava vago. A construção de novos imóveis em algumas ruas era lenta. Saindo do eixo central do centro o movimento de novas construções era maior. A partir de 1943 e 44 passa a haver um aumento de imóveis nas ruas centrais e na periferia que ganha novas denominações, mas sem contar como rua.

Algumas ruas existentes entre 1935 e 1944 não existem atualmente ou foram renomeadas. Dentre elas citamos: Rua do Maribondo, Rua Cartucha, Alto da Porteira, Praça Mello Vianna. São logradouros que podem ter tido um tempo muito curto de vida, algo que no momento é impossível saber. Outras ruas como Capitão João Bastos, Santa Rita e Visconde do Rio Branco que eram mais antigas, já não existem no período em questão estudado.

O decreto n°12 de 10/11/1938 assinado pelo Prefeito Bertoldo Garcia Machado vem oficializar a dedicação do nome dado a Rua Getúlio Vargas, que já existia com esta nomenclatura anteriormente. Voltando no início da década tem o decreto nº 03 de 31/05/1931 que restabelece o nome da Rua Capitão Gervásio, Bias Fortes e Praça Cel. Afonso Leite. Podemos perceber que as disputas e querelas políticas presentes em todos os níveis acabavam influenciando até na renomeação dos nomes de logradouros.

Como observamos as evoluções existem e existirão. Em determinados momentos elas poderiam ser bem mais documentadas, visando às perguntas que surgirão no futuro, mas no passado os governantes municipais não dispunham dessa noção e de pessoal que pensasse nos questionamentos futuros do porque daquele nome da rua tal, por exemplo. Daí um dos motivos da carência documental ao lado da falta da existência de arquivos organizados e duradouros no passado.


 Abaixo temos um belo registro fotográfico da tradicional Rua Capitão Gervásio em 1932.


Texto editado por: Rodrigo Machado Alves em 26. Set. 2019.


quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Ensino nos séculos XIX e XX

 

Desde os primórdios da ocupação de nosso território após 1828, o ensino público era escasso e restrito a poucas pessoas no Distrito do Espírito Santo. Normalmente, os cidadãos mais afortunados e com prestígio social saiam na frente na hora de educar seus filhos (as).

As numerosas famílias compostas por pessoas simples que na grande maioria viviam no campo no decorrer de muitas décadas seguintes permaneceriam as margens do ensino público básico para seus filhos. Em algumas ocasiões, o máximo que conseguiam era alfabetizar seus filhos para saberem assinar o próprio nome e nada mais. As desigualdades nesse ponto eram chocantes.

 Habitualmente algumas pessoas mais velhas da comunidade ou professores que já não exerciam o ofício se encarregavam de auxiliar os filhos dos vizinhos menos favorecidos no contato com as primeiras letras. Essa era uma forma de mascarar o analfabetismo total existente em nossa terra entre os séculos XIX até as primeiras décadas do século XX.

A barreira do acesso ao ensino público entre os mais e os menos favorecidos prejudicou bastante o desenvolvimento da região por décadas. Quando o ensino público começou a se tornar mais acessível na virada do século XX em Guarará e seus distritos de Maripá e Bicas, as oportunidades de acesso a educação passaram a contribuir para o desenvolvimento desses locais. O território de Guarará chegou a possuir 08 escolas no total, entre as décadas de 1890, até início da década de 1920.

No passado havia distinção com as escolas possuindo cadeiras masculinas em maior número e as femininas em menor escala, tanto na área urbana, quanto no meio rural. A maioria das escolas estava situada na zona rural pelo fato de grande parte da população habitar o meio rural até a década de 1940, quando começou a ocorrer a urbanização acelerada em nossas paragens.

Conciliar o trabalho pesado desde o raiar do dia no campo com os períodos de aula nas escolas rurais em especial, era algo nada fácil para os filhos dos camponeses de nossas terras. A necessidade do cultivo da terra para a sobrevivência das numerosas famílias pobres envolvia todos os membros do grupo familiar desde muito cedo. Sobrava pouco tempo para direcionar os filhos (as) para uma educação básica.

 Para piorar o cenário as escolas rurais não ficavam perto do domicilio.  Esse tipo de situação levou a alfabetização em grande parte dos casos dos meninos que tinham mais facilidade para os deslocamentos. As meninas ficavam em casa e segundo os pais não precisavam saber ler e escrever, pois essa era uma tarefa para os homens da casa. Infelizmente era um pensamento arcaico que vigorou com solidas raízes em nossa sociedade por longas décadas. Do século XX e que causou enormes prejuízos pelo interior de nossos cantos.

Após a década de 1960 as escolas rurais começaram a perder espaço devido ao início do êxodo rural do campo para a cidade. A maioria esmagadora fechou as portas posteriormente devido a falta de alunos na zona rural. As pessoas se dirigiam para as cidades em busca de uma vida melhor para si e principalmente visando obter uma educação descente nas escolas urbanas para seus filhos (as). A evolução da educação mesmo com a superação de enormes entraves em nossas localidades sempre esbarrou na falta de estrutura e boa vontade por parte das elites e do governo para atender aos mais necessitados.

Abaixo temos exemplos de diários de alunos da escola do sexo feminino em 1903 e masculino em 1908. Ambos os recintos estavam localizados na área urbana do Distrito Sede da Vila do Espírito Santo de Guarará.






quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Matriz do Divino Espírito Santo

 

De suas origens quase nada sabemos até o momento, a não ser a data histórica de 1842, que marca o início da construção do suntuoso templo que permanece de pé na pitoresca Praça do Divino Espírito Santo na região central de Guarará, conhecida carinhosamente como Largo do Divino pelos moradores mais antigos. Importante destacar que até agora não foi encontrado qualquer documento que ateste a data do início da construção do templo atual. A informação do ano de 1842 como princípio de partida consta de relatos orais que foram sendo transmitidos ao longo dos tempos e em jornais locais (O Guarará e a Gazeta) que nunca citaram as fontes originais.

Segundo a tradição passada ao longo de quase dois séculos, havia por volta de 1830 uma pequena Capela primitiva em honra do Divino Espírito Santo nas proximidades da atual Igreja. Nesse pequeno templo eram realizadas as celebrações e sacramentos para os moradores de uma vasta região ainda pouco povoada ligada por muitos trilhos e com raras estradas de difícil acesso.

Os livros de registros paroquiais existentes que estão na Cúria datam de 1841 para frente, mas não é possível prever que as anotações de sacramentos e outros registros tenham sido iniciados a partir desse ano. Alguns estudos recentes sugerem que havia livros de sacramentos (batismo) a partir de 1833 no Arraial do Espírito Santo, embora eles não tenham sido localizados. Algumas transcrições que resistiram ao tempo apontam para essa possibilidade conforme apurado em anotações realizadas pelo Pe José Juvêncio de Andrade, datadas de 19/03/05.

É lamentável não só para a História, mas como para os registros históricos da Paróquia que esse preciso material tenha tido um fim não conhecido por nós. Se ele foi destruído por descuido, desgaste natural, ou se ainda permanece de forma anônima em alguma estante empoeirada de arquivo da região ainda não sabemos, mas torcemos pela última opção!

Nossa igreja perdeu muito de sua história contida em documentos que talvez nunca possa ser recuperado e ser repassado para nossos munícipes e pesquisadores. Infelizmente, muitas lacunas permanecerão sem respostas pelos próximos anos apesar de já termos encontrado um apequena luz no fim do túnel, que são os arquivos ainda não acessados da Cúria Metropolitana de São Sebastião na cidade do Rio de Janeiro.

Até 1897 a Matriz do Divino Espírito Santo era subordinada ao Bispado do Rio de Janeiro. Somente depois que passou a jurisdição da Diocese de Mariana em 1924 para a recém criada Diocese de Juiz de Fora. Há pouco tempo recebemos a informação que lá no Rio de Janeiro existem documentos relativos à Paróquia do Divino Espírito Santo que podem trazer uma luz a história de nossa igreja. Com o tempo iremos atrás desse precioso material histórico a fim de encontrar respostas que levem a um cronograma histórico do surgimento de nossa Igreja Matriz do Divino Espírito Santo que caminha em rumo de seus 200 anos de existência.

Quanto à construção da atual Matriz iniciada em 1842 podemos dizer que essa obra não teve a participação direta de Domingos Ferreira Marques seu patrono, já que ele falecera em 26/05/1841. Por outro lado, a participação e apoio na edificação da atual Matriz pode ter ficado a cargo da esposa Dona Feliciana Francisca Dias que era devota do Espírito Santo, seus filhos (as) e demais familiares. Essas são indagações que esperamos conseguir responder brevemente, assim que for possível acessar os arquivos da Cúria Metropolitana de São Sebastião no Rio de Janeiro.

Ainda estamos com a expectativa de que algum cidadão ou pesquisador tenha em seus arquivos pessoais documentos que venham a trazer esclarecimentos e respostas, quanto aos primórdios de construção da Matriz do Divino Espírito Santo do Guarará ou outros assuntos pertinentes a questão que ainda permanece oculto na história.

  Fotografia da Igreja Matriz do Divino Espírito Santo na 2ª metade da década de 1920.


segunda-feira, 11 de outubro de 2021

História do Navio Guarará

O conhecimento acerca da existência dessa embarcação na região Sul do País que levava o nome de Guarará já existia há bastante tempo em meus arquivos. Com o passar dos anos foi possível localizar o navio e parte de sua história que será apresentada na sequência. Mantemos o crédito a reportagem de origem listada no final da matéria.


Conheça a história do navio Guarará que “reapareceu” com a maré baixa no Pântano do Sul

Neste sábado (26), é possível ver a embarcação que afundou no Sul da Ilha em 1954 e tripulantes foram socorridos pelos manezinhos

 

Era 1954. Em uma segunda-feira de vento sul a pequena comunidade do Pântano do Sul se alvoroçou com a chegada de um enorme e iluminado navio no meio da noite. Aos gritos de socorro, a tripulação foi amparada pela comunidade manezinha. Cada família com sua pomboca nas mãos se amontoou para ver de perto o que estava acontecendo. Os resquícios do naufrágio do navio Guarará permanecem há 63 anos no mar do Sul da Ilha. Mas é só em tempos de maré baixa, como nesta semana, que é possível ver com clareza o que sobrou do navio cargueiro.

Resquícios do naufrágio do navio Guarará foram registrados com o fenômeno da maré seca no dia 13 de agosto – Sami Kuball

Memória viva do Pântano do Sul e afeita de boas histórias, Zenaide de Souza, 73 anos, dona do restaurante Pedacinho de Céu, relembra com detalhes o “evento” de 1954. Ela era criança quando o grupo de “aproximadamente” 15 homens apareceu sobre a enorme embarcação preta gritando por socorro. “O navio já chegou meio de lado, cheio de água e o pessoal gritando. Todo mundo correu pra acudir. Tinha galinha nadando, geladeira, carne seca por todo lado. Os manezinhos deram comida, agasalho e também muita cachaça pra esquentar”, relembra.

De Imbituba, o navio tinha como destino o Rio de Janeiro. Lotada de carvão, a estrutura não aguentou o peso e, com uma rachadura no fundo, o comandante foi obrigado a procurar a costa mais próxima para salvar a todos. “Ninguém ficou ferido e teve uns que até chegaram a morar aqui. Mas a empresa deu toda assistência a eles depois”, conta Zenaide.

Depois do naufrágio, a empresa tentou tirar o navio do local, mas não conseguiu. Com o tempo e ação da maré, partes da embarcação se despedaçaram. De acordo com Zenaide, ele era muito maior na década de 1950. Mas desde então ninguém conhece o navio como Guarará. “O pessoal aqui só conhece ele como ‘chata’, por que a parte de trás do navio era cortada. Agora ali tem um recife, com muito peixe, marisco… O navio sempre aparece com a maré baixa, mas não lembro de ficar assim completamente descoberto”, diz.

Zenaide de Souza, dona do restaurante Pedacinho de Céu, relembra o “evento” de 1954 – Marco Santiago/ ND

Acidente nos jornais

O naufrágio do navio Guarará virou notícia nos jornais da época. De acordo com pesquisa feita pelo especialista em arqueologia subaquática Ticiano Alves para o Instituto Larus, os jornais da época mostram que o navio pertencia à Companhia Internacional de Transportes e que ele quase havia naufragado em 1940 também em Florianópolis.

Na edição de 16 de junho de 1954 do Jornal do Brasil, do Rio de Janeiro, a matéria “Naufragou à altura do Farol dos Náufragos, em Florianópolis” mostrava que o navio Guarará deslocava 650 toneladas e que, segundo os tripulantes, “somente quando o navio singrava as águas fronteiras ao porto de Florianópolis que se notaram o rompimento dos porões”. As medidas do comandante de mudar de rota para que o navio pudesse chegar à capital catarinense não surtiram o resultado esperado e a embarcação afundou próximo ao “Farol dos Náufragos”.

Maré baixa até sábado

Durante esta semana e nos últimos dias 12 e 13 a maré seca (ou baixa) atingiu o litoral brasileiro e catarinense, rebaixando o nível do mar e relevando uma faixa de areia maior. Com o fenômeno, que envolve a influência da lua nova e do vento, navios que estavam submersos acabam “reaparecendo”, como também ocorreu na última quarta-feira em Santos (SP).

Em Florianópolis, o fenômeno da maré baixa deve permanecer até este sábado. A 100 metros da praia e a 600 metros do costão do Pântano do Sul, o navio Guarará deve reaparecer neste fim de semana. De acordo com a Epagri/Ciram, por volta das 9h e das 21h30 de sábado, o nível dos mares deverá estar baixo novamente, mas sem provocar estragos.

Na manhã deste sábado era possível enxergar parte do navio – Flávio Tin/ND

 

Crédito a fonte original:

 https://ndmais.com.br/noticias/conheca-a-historia-do-navio-guarara-que-reapareceu-com-a-mare-baixa-no-pantano-do-sul/#:~:text=Era%201954.,navio%20no%20meio%20da%20noite.&text=Os%20resqu%C3%ADcios%20do%20naufr%C3%A1gio%20do,mar%20do%20Sul%20da%20Ilha.